10 armadilhas que sabotam o crescimento espiritual
O crescimento espiritual é uma missão de vida para todos nós. Quando despertamos para o caminho espiritual, criamos uma conexão com nossa essência verdadeira, com a nossa natureza elevada, com nossa alma. Enquanto evoluímos neste caminho, nossa essência espiritual floresce no fundo do coração. Ao cuidarmos de nosso jardim interior, sentimos cada dia mais sabedoria, amor, paz e plenitude, revelando nossa natureza lentamente.
Porém, como em qualquer jardim, as flores internas também podem ser afetadas por ervas daninhas, pragas ou poluição, que estragam coisas bonitas que estávamos nutrindo. Por vezes, nós mesmos sabotamos o crescimento espiritual que ocorre em nosso interior, sem saber. Neste artigo, vamos falar um pouco mais sobre o crescimento espiritual e as 10 armadilhas que nos sabotam.
“Exercer o equilíbrio, controlar atitudes e as emoções são os propósitos da evolução espiritual”
Afinal, o que é o crescimento espiritual?
O crescimento espiritual pode ser definido com o processo de despertar para sua natureza verdadeira, potencial e propósito. Ao vivenciar o crescimento espiritual, temos uma expansão de consciência e insights, também chamados de consciência superior. Este crescimento possui um objetivo: ajuda-lo a incorporar sua Alma, seu Eu Superior. Ao ser capaz de se unir à sua alma, vai experimentar o que é visto como uma iluminação ou auto realização.
Armadilhas que sabotam o crescimento espiritual
O grande problema da jornada espiritual é que podem aparecer diversas armadilhas, de diferentes formas. Elas não são armadilhas físicas, mas mentais, que podem ser chamadas de forças anti-despertar.
Da mesma forma que processamos a vida pela mente, também costumamos abordar a espiritualidade por ela. A grande questão é que a espiritualidade não deve ser limitada pelos pensamentos. Quando ela se prende a um pensamento, deixa sua verdadeira essência e se torna um dogma ou uma crença. Ou seja, a espiritualidade perde sua essência viva e fluente, uma vez que se limita a seu raciocínio.
Faça a seguinte análise: você já vivenciou um espanto ou admiração ao observar algo bonito como um nascer do sol? Quando você interrompe sua imersão naquela sensação do nascer do sol para tirar uma foto ou descrevê-lo em uma mensagem de texto, você não está mais presente naquela experiência. Em vez disso, você está filtrando aquele sentimento através do seu pensamento ou da lente da sua câmera. O mesmo vale quando falamos de espiritualidade.
Ao abandonar os pensamentos e nos permitir sentir essencialmente nossa alma, nos sentimos em casa. Vamos fazer uma analogia. Quando você persegue o sol em um horizonte acreditando que vai alcançá-lo, nunca vai conseguir, porque isso é uma ilusão. Porém, ao parar e sentir a presença do sol já brilhando em sua pele, não vai precisar perseguir mais nada.
Trata-se de um desafio para nós, que somos orientados pela mente, nos tornar conscientes de nossos pensamentos. Fomos condicionados a nos identificar com eles. Mas, quando passamos a observar como nossos pensamentos tendem a sabotar nossa felicidade, chegamos perto do verdadeiro crescimento espiritual.
A seguir, vamos compartilhar com vocês as dez armadilhas mais comuns que sabotam o crescimento espiritual. Veja com quais delas você se identifica.
As 10 armadilhas que sabotam o crescimento espiritual
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O desvio espiritual
Esta é uma prática comum do uso da espiritualidade para evitar, escapar ou suprimir algumas emoções e situações da vida. Os tipos mais comuns de desvio espiritual são:
- Entorpecimento de emoções através de fugas e repressões espiritualizadas;
- Obsessão ou apego ao positivo (por exemplo, em manter pensamentos positivos) e uso de uma máscara passivo-agressiva;
- Julgamento de sua própria sombra e negatividade;
- Fobia de raiva;
- Limites pessoais sensíveis;
- Compaixão e tolerância excessivas (a respeito de si ou do outro);
- Ataque ao próprio ego, se julgando como mau;
- Desapego excessivo;
- Fanatismo em crenças dogmáticas;
- Negação da sua responsabilidade por si mesmo, depositando-a em um ser superior como um guia espiritual ou anjo;
- Acreditar que chegou a um nível mais elevado de ser;
- Uso de práticas espirituais para fugir de emoções desagradáveis. Como usar a meditação para se dissociar de emoções, em vez de transmutá-las.
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A superioridade
Muitas pessoas espiritualizadas têm a tendência de menosprezar aqueles que não são conscientemente evoluídos ou despertados. A armadilha da superioridade pode ser um sentimento sutil de ser melhor do que aqueles que não são espiritualizados. Em alguns casos mais extremos, essa armadilha pode aparecer como uma tendência a atacar aqueles que ainda estão adormecidos. Esse comportamento é comum em pessoas que acabaram de despertar, mas que tiveram um crescimento espiritual pequeno. É importante lembrar que todos buscam o seu melhor no nível de consciência. Quando for o momento, também vão acordar.
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Tentar forçar o despertar do outro
Uma vez que temos o nosso despertar, é normal querermos que nossos entes queridos e colegas também o tenham. Passamos a enxergar quanta dor e ilusão vivem as outras pessoas e isso nos traz o desejo de mostrar a verdade. Porém, muitas vezes nossa tentativa de despertar as pessoas falha. Apesar de termos boas intenções, nosso desejo de salvar os outros pode chatear a nós e a eles.
Quanto menos eles respondem às nossas tentativas de acordá-los, mais alienados e frustrados nos tornamos. Tentar forçar os outros a despertar acaba prejudicando a todos. Além disso, pode gerar muita raiva e mal-entendidos, o que apreende nosso ego e pode sabotar nosso próprio crescimento espiritual. Deixe que as pessoas despertem quando estiverem prontas.
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Ajuda em excesso
Essa armadilha está muito próxima à anterior, porém é mais voltada para os conselhos dados às outras pessoas. Não tem nada de errado em querer ajudar as pessoas, desde que você respeite os limites delas. Muitas vezes, o crescimento espiritual faz com que o ego se sinta mais entendedor do que os outros que ainda estão presos a ilusões. Quando os conselhos que não foram solicitados são dados ao outro, os resultados podem ser desastrosos (gerando raiva, ofensa, aborrecimento etc).
O desejo de ajudar os outros também pode ser uma forma de expressar nossa necessidade de ajudar a nós mesmos. Usando o pretexto de ser espiritual e compassivo, ajudar os outros pode ser uma maneira de desvio espiritual.
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A tentativa de revolucionar o mundo
Quando nos incomodamos com as mentiras e injustiças que ocorrem em nossa sociedade, queremos desesperadamente mudar o mundo. É aí que caímos na armadilha de pensar que honestidade, justiça e liberdade podem vir com a mudança do sistema. Assim, formamos a mentalidade do “nós versus eles”. Não notamos que, na realidade, estamos alimentando um movimento de ódio, que depende do caos para prosperar e sobreviver. Em vez de compreender que a mudança verdadeira começa com uma revolução interna, buscamos uma revolução externa que é frágil e inconstante.
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A falta de sentido
Quando experimentamos estados transcendentes e divinos de ser, podemos cair em um niilismo espiritual. Ou seja, uma vez que percebemos, a partir de uma perspectiva do Universo, que nada do que fazemos é essencial porque tudo está passando, podemos ficar um pouco depressivos. Dizendo frases como “tudo é uma ilusão”, a pessoa que cai na armadilha passa a filtrar a vida com esse conceito. Quando se apegam a essas verdades mentalmente, usam essas crenças como desculpa para se sentir separados da existência.
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Fuga de responsabilidades cotidianas
Alguns ficam tão encantados pelo caminho espiritual, que evitam lidar com seus assuntos cotidianos. Esse escapismo pode trazer problemas, aborrecendo os outros, deixando de ficar em dia com as contas, tudo isso gerado pela obsessão de estar fora de rede. As pessoas evitam as responsabilidades cotidianas com o pretexto de estarem conscientemente elevadas ou mais espirituais. Essa é uma forma de egoísmo disfarçado e também uma maneira de distração que o ego usa para limitar o crescimento espiritual. Quanto mais obcecado você estiver em viver uma vida fora do eixo, mais distanciado de seu trabalho interior estará.
Lembre-se de um velho ditado que diz: “Antes da iluminação: corte madeira, leve água; depois da iluminação: corte madeira, leve água. ” Precisamos manter a humildade e reconhecer que avida cotidiana é o lugar ideal para crescer e amadurecer espiritualmente.
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A vitimização
Depois do despertar espiritual, acordamos para a loucura do mundo e é normal ficarmos presos à vitimização. Podemos começar a enxergar a vida como uma prisão e as outras pessoas como enganadas. O choque de despertar muitas vezes nos leva à ansiedade e paranoia. É inevitável começarmos a nos sentir vítimas, culpando outras pessoas e os poderes superiores pela forma que nos sentimos. A vitimização pode ser vista nas mídias sociais, que tendem a se tornar um local para piedade de iniciantes espirituais. No fim, precisamos avaliar os pensamentos que nos fazem sofrer, não as outras pessoas e situações. Quando assumimos a responsabilidade por nossas perspectivas e crenças, nos fortalecemos novamente.
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O apego
Após vivenciar experiências místicas expansivas e profundas, nas quais normalmente ocorre um crescimento espiritual significativo, é normal nos apegarmos a isso. Pode ser muito doloroso sair dessas experiências e voltar à realidade não iluminada. Também nos apegamos às nossas crenças e histórias sobre espiritualidade. Com o entendimento da mente sobre essa vivência transcendente, nos apegamos a diversas ideias como uma forma de controle. Porém, quanto mais nos restringimos às crenças, desejos, histórias e interpretações mentais, mais sofremos. Esquecemos que as coisas passam, até mesmo o despertar inicial. A iluminação não é o destino final, é uma rendição, uma mudança na forma que encaramos a vida.
O apego talvez seja a armadilha mais comum que atrapalha nosso crescimento espiritual. De certa forma, o apego às ideias nos ajuda a crescer, porém, ficar preso a uma experiência que não queremos que acabe nos torna estagnado. Ao se tornarem cobertores de proteção em vez de catalisadores para o crescimento, tais ideias se tornam um problema. É preciso perceber que a liberdade não pode ser vivenciada apenas através da mente. Ela é sentida quando nos libertamos do apego aos nossos pensamentos.
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A confiança em respostas externas
Ao progredir em nossos caminhos espirituais, é comum e benéfico procurarmos apoio. Participar de workshops, ler livros, ir a seminários e retiros e ter um grupo nos ajuda no crescimento espiritual. Porém, depois de um tempo, ficamos dependentes deste apoio para nossa realização e felicidade. Projetar a nossa fé em algo externo é uma armadilha.
Quando nos acostumamos a procurar fora de nós mesmos por respostas, esquecemos da presença de nossa própria alma. Não lembramos que nossa principal fonte de orientação e sabedoria vem de dentro e continuamos seguindo coisas de fora que acreditamos que vão nos iluminar.
É preciso parar e refletir sobre nossas jornadas espirituais. Devemos buscar nossas próprias respostas, pois ao nos conectar com nossa alma vamos finalmente experimentar a liberdade.
Se livrando das armadilhas
Para nos livrarmos dessas armadilhas precisamos ser muito honestos com nós mesmos. É necessário estar disposto a enxergar quando nos desviamos e alimentamos o ego. Também nos beneficiamos ao explorar nosso Eu sombrio e crenças equivocadas.
Não se preocupe caso tenha caído em alguma dessas armadilhas. Todos nós somos levados pelo ego. Pode ser difícil enxergar claramente quando o ego domina algumas ideias e crenças. Quanto mais humildes, honestos e sinceros formos, mais poderemos ver esses desvios e nos libertar.
Nunca tenha medo do escuro ou de estar errado. Por mais doloroso que seja, sempre será uma oportunidade de aprendizado. No fim, sua alma possui tudo o que você busca.
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