Salmo 46 — Devoção, proteção e confiança
A devoção aos textos dos Salmos trazem inúmeros benefícios e resultados positivos para quem faz uso de seus poderes ritmados. Em resumo, um Salmo consiste em uma oração em formato cantado e que deve preferencialmente ser recitada de maneira poética e musical; dessa maneira, tais palavras teriam propriedades semelhantes aos mantras, proporcionando a sintonia e a conexão mais íntima com as forças divinas, bem como a imersão em energias positivas.
Conhecidos pela versatilidade, os Salmos atendem a praticamente todas as situações da existência humana, tendo sido criados ao longo da história para suprir as necessidades do homem em momentos de tristeza, angústia, baixa autoestima e até mesmo em momentos de grandes alegrias. Mesmo escritos há tanto tempo, eles se adaptam quase com perfeição às aflições e ao desejo de proteção dos dias modernos.
Devoção e segurança, palavras do Salmo 46
O Salmo de número 46 é uma oração de devoção e de atração para a força de espírito. Também é conhecido por alguns como “o Salmo de Lutero”, já que Martinho Lutero entoava a oração em seus momentos de grande aflição, tendo até mesmo servido de inspiração para um hino de nome “Castelo Forte é Nosso Deus”, no qual a oração foi citada.
O Salmo 46 é dedicado a agradecer toda a conquista e bênçãos recebidas pelas mãos de Deus, mostrando que o povo deve desfrutar de segurança mesmo em meio a todo o caos que se espalha pelo mundo, pois está sob sua proteção. Inclusive, os Salmos de número 47 e 48 provavelmente compartilham do mesmo plano de fundo e contextos semelhantes.
A temática utilizada em sua construção é tão icônica quanto a métrica escolhida, já que era muito incomum na época a utilização de uma regularidade na poesia hebraica. É possível notar contraste marcantes como as figuras de águas turbulentas, montanhas que se abalam junto à um rio tranquilo, terras desoladas, nações agitadas e Deus com uma voz calma e tranquila de comando sobre todas elas. Tudo isso presente em três estrofes de tamanhos quase idênticos, refrão e a palavra “Selá” devidamente posicionadas.
Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.
Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares.
Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. (Selá.)
Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela; não se abalará. Deus a ajudará, já ao romper da manhã.
Os gentios se embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a sua voz e a terra se derreteu.
O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. (Selá.)
Vinde, contemplai as obras do Senhor; que desolações tem feito na terra!
Ele faz cessar as guerras até ao fim da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo.
Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra.
O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. (Selá.)
Interpretação do Salmo 46
Tudo em um Salmo acontece como forma de agradecimento em diversas formas e por muitos motivos como pela alegria alcançada através do amor verdadeiro. Atendendo também ao propósito de atrair inspiração musical, o texto propõe a devoção do povo em Deus e o afastamento de toda a discórdia e a falta de credibilidade.
Versículo 1
“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”.
Começamos o Salmo 46 com uma conotação de proteção e defesa, além do fato desse livro bíblico se referir inúmeras vezes a “fortaleza” para descrever a Deus. Na Antiguidade, era muito comum que cidades fossem erguidas em meio a lugares de grande altitude, cercadas por altas muralhas para sua defesa — ainda assim, esses locais não eram impenetráveis.
No entanto, aqui nos referimos a refúgio e fortaleza como um porto completamente seguro, capaz de defender e amparar quem quer esteja disposto a se entregar a Ele.
Versículos 2 e 3
“Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza”.
Em ambos os versículos, temos um conceito de conflito, de batalha que excede o plano físico. Uma guerra sem armas. Ainda que tenhamos catástrofes naturais ou eventos fora da nossa compreensão, estaremos protegidos nos braços do Senhor.
Versículos 4 e 5
“Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; não se abalará. Deus a ajudará, já ao romper da manhã”.
Deus está no meio de nós, não importa o que aconteça — ou que algumas pessoas imaginem que seu Redentor se ausentou. O Senho habita em meio ao seu povo, e merece a nossa fé e confiança.
Versículos 6 e 7
“Os gentios se embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a sua voz e a terra se derreteu. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”.
Tanto estes versículos quanto o versículo 11 formam um refrão, uma vez que é notável o emparelhamento dos trechos “Senhor dos Exércitos” com “Deus de Jacó”. Aqui, entretanto, temos um evidente louvor ao Todo Poderoso, pois escolheu habitar em meio aos descendentes de Jacó, fazendo deste o Seu povo — e protegendo-o à altura.
Versículos 8 a 11
“Vinde, contemplai as obras do Senhor; que desolações tem feito na terra! Ele faz cessar as guerras até ao fim da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo. Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”.
Por fim, temos uma relação com o juízo final, onde há uma ordem para que nos aquietemos ante o Senhor; não para louvá-lo, mas para que possamos nos preparar para o juízo. A partir do momento em que Deus for exaltado, toda a humanidade se curvará perante a Ele.
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