Ayurveda e meditação: o equilíbrio é a causa da felicidade
Você provavelmente já ouviu falar em meditação, e talvez até tenha se arriscado com alguns minutos de introspecção. Mas seja iniciante ou experiente na técnica, a meditação é uma poderosa ferramenta de equilíbrio e autoconhecimento. Quando aliada ao Ayurveda, pode trazer ainda mais benefícios e descobertas sobre si e o mundo à sua volta.
A relação entre Ayurveda e meditação
Apesar de a meditação atuar de forma independente em seus próprios parâmetros, ela integra inúmeras ciências e práticas mundo afora, sendo incorporada inclusive dentro dos preceitos do Ayurveda. Essa enorme flexibilidade provavelmente é o que a torna tão popular, mas ao mesmo tempo a popularidade não garante que todos saibam de que se trata ou como realmente funciona.
Segundo o Ayurveda, o ser humano funciona como uma árvore invertida. A raiz se encontra no sistema nervoso e, para acessá-lo, é preciso abordar a mente. A partir daí, atingimos uma dimensão mental capaz de atuar no diretamente no cérebro.
Diante dessa constatação, percebe-se que de nada adianta recomendar medicamentos para uma doença física sem que a mente invariavelmente esteja associada. Segundo o Charaka Samhita, principal texto da medicina ayurvédica, “o corpo e a mente constituem o substrato das doenças e da saúde e é a sua utilização equilibrada que se torna a causa da felicidade”.
Segundo a tradição indiana, a mente possui 3 qualidades, ou Gunas: Sattva é o equilíbrio, a paz de espírito, o autoconhecimento e a introspecção; Rajas traz à tona os desejos, as paixões, a ação e o movimento; por fim, Tamas é aquele que gera inércia, preguiça e escuridão.
Ainda que umas sejam mais desejáveis que outras, é evidente a necessidades das 3 qualidades em nossas vidas. No entanto, o Ayurveda recomenda sempre o aumento de Sattva e a redução de Rajas e Tamas. Novamente segundo Charaka Samhita: “os fatores patogênicos do corpo são os doshas Vata, Pitta e Kapha, enquanto as causas do adoecimento da mente são Rajas e Tamas”. Um pouco mais adiante, o texto refere “… os fatores patogênicos da mente são apaziguados por sabedoria espiritual, estudo das escrituras, paciência, memória e meditação”. Sim, meditação!
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O funcionamento da meditação no Ayurveda
Recomendada por diversas ciências, crenças e práticas, a meditação é indicada sempre com o intuito de equilibrar o indivíduo por meio da introspecção e do autoconhecimento. No caso do Ayurveda, vemos que esse sistema trabalha em comunhão com ciências irmãs como o Yoga e o Vedanta — todos abordando métodos semelhantes para atingir a paz interior.
A arte milenar da meditação teve grande parte de seu desenvolvimento dentro das práticas do Hinduísmo, o que de fato ajudou a criar laços bem estreitos com as ciências orientais citadas anteriormente. Tal conexão também permitiu que se utilizassem uma série de ferramentas voltadas a objetivos específicos, como mantras, mudras e pranayamas, por exemplo.
- Mantras: consistem numa espécie de hino do hinduísmo e budismo. Quando dito de forma repetida, tem como objetivo relaxar e induzir um estado de meditação em quem canta ou escuta;
- Mudras: baseados nas posições das mãos e dedos, os mudras são utilizados com a finalidade de influenciar a energia presente no corpo de cada um dos indivíduos praticantes, possibilitando curar o corpo, a alma e a mente quando realizadas nas medidas corretas;
- Pranayamas: técnicas de controle da respiração utilizada pelos yogues para promover a concentração e melhorar a vitalidade.
Essas são apenas algumas das ferramentas básicas de uso na meditação dentro do Ayurveda, mas o grande diferencial não está em suas técnicas. O que diferencia o uso da meditação dentro da medicina indiana é justamente aquilo que a faz ganhar destaque frente aos demais sistemas: a maneira muito individual com que cuida de todos os seus pacientes.
Se você deseja iniciar práticas de meditação ayurvédica, o terapeuta responsável deverá avaliar com cuidado qual a técnica que melhor se adequa às suas necessidades e “problemas”. Cada desequilíbrio no corpo de um paciente, cada dosha e/ou qualidade deficiente ou excessivo, irá se beneficiar mais de um tipo de meditação.
Não podemos afirmar que existe uma forma de meditação universal 100% eficiente para todos os problemas. É por isso que o Ayurveda procura adequar a forma meditativa que melhor atua sobre você, e mais ninguém.
Veja, por exemplo, alguém sob um forte estresse e ansiedade, sendo prejudicado por problemas de concentração e produtividade. Muitas vezes, essa condição está associada a descompressão do dosha Vata ou uma mente com excesso de Rajas.
Pessoas nesse estado têm grande dificuldade em se manter no lugar. A ansiedade gera uma forte necessidade de se manter em constante movimento. Toda tentativa de se manter parado acaba levando a mais irritabilidade e ansiedade, elevando assim também os níveis de estresse. Como lidar com isso? Visto especialmente que a base da meditação é permanecer parado, em silêncio e com a mente vazia.
Para essas pessoas é preciso introduzir um tipo diferente de meditação; uma forma meditativa que inclua movimentos, mesmo que de maneira lenta e muito suave, como os que encontramos no yoga, por exemplo. Isso permitirá ao paciente trabalhar seu estado meditativos sem entrar em uma verdadeira batalha interna (e sem resultado).
Outra opção é experimentar práticas de meditação curtas, com duração de até três minutos e que trabalhem com o controle da respiração. Conforme o paciente se adaptar é possível introduzir alguns mantras ou mudras, tudo irá depender de como ele é avaliado dentro do Ayurveda.
Esse é um sistema que acredita na evolução progressiva e no poder que temos sobre nossos corpos, mas individualidade é uma das grandes chaves para o sucesso. Tal como o Ayurveda é muito mais complexo e profundo do que um simples programa de dieta, a meditação esconde muito mais peculiaridades do que nossa simplória visão de um ser humano pensante.
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Formas de meditação
Aqui no Ocidente, por exemplo, o tipo de meditação mais popular é aquele de base respiratória. E através do controle consciente da respiração que o praticante gradualmente controla igualmente seus pensamentos e se aprofunda em sua mente.
Outra prática muito popular e que em geral é adicionada à versão respiratória, é o uso de mantras. Os mantras costumam estar presentes quando a meditação está integrada a práticas religiosas. Mesmo que existam mantras específicos dentro da meditação, é comum que sejam adaptados para alguma crença em específico.
O som, inclusive, é uma ferramenta presente em diversos locais destinados a meditação em grupo. Músicas, instrumentos antigos e estímulos sonoros mais simples como um gongo, tudo pode ser aplicado para auxiliar a induzir o estado meditativo profundo.
Algumas práticas como Yoga e o Tai Chi Chuan incluem uma forma meditativa em movimento em suas próprias bases. Também é possível elaborar rotinas de meditação utilizando mudras — que pode ou não estar associado ao Yoga. Basta ter em mente aquilo que deseja trabalhar internamente e utilizar o posicionamento correto das mãos para obter o fluxo energético necessário. Você pode começar com mudras mais simples e abrangentes, evoluindo quando se sentir confortável na posição.
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