A Cabala e seus mistérios na Magia Hermética
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Antes de mais nada, eu quero começar esse texto já com um disclaimer: Eu não sou nenhum mestre cabalista. Eu comecei a estudar sobre cabala muito tempo atrás, mas naquela época eu não me interessei muito pelo assunto, principalmente porque eu não conseguia compreender o processo do estudo de uma mítica bastante própria de um povo, que tinha, de uma forma ou de outra, ligação direta com a formação e cultura deste povo.
É diferente você estudar a filosofia de Platão, por exemplo, que, mesmo que tenha traços óbvios do cenário cultural onde Platão estava, ainda não contava com a própria cultura da sociedade intrinsecamente ligada à forma de pensar a coisa. A cabala é uma espécie de forma de pensar místico que tem em si ensinamentos relacionados a deus, o universo, o homem, a criação do mundo, vida e a morte, segundo o que teria explicado diretamente deus, a Moisés. Ou seja, a cabala seria uma conversa direta de deus com seus seguidores, explicando de forma mística o que a Torá não explica da forma dela.
Como é uma forma mística de ver a vida e o mundo e esse “ver” está diretamente ligado a forma como a própria identidade cultural do judeus evoluiu, eu achei que nunca iria compreender direito a situação, só porque eu não consigo pensar como um judeu.
Bom, desculpem… sei que foi um disclaimer bem grande, mas achei que era necessário, porque assuntos que são muito antigos sempre são muito chatos de se tocar. Geralmente, quanto mais pra trás na linha do tempo, mais nós vamos criando novas teorias e interpretações para aquela coisa e como hoje tá tudo indo pra um lado de confirmar as próprias opiniões em vez se buscar a verdade, é certeza que vai aparecer um monte de gente aqui falando que a cabala original é isso ou aquilo e que eu to fazendo uma profanação da coisa. Então sim: é exatamente isso que estou fazendo.
Disclaimers feitos, vamos pra história do que eu gosto de chamar de Cabala Prática.
A cabala e seus mistérios na Magia Hermética
O grande problema das várias teses místicas que temos nos dias de hoje é exatamente a falta de praticidade. Tipo, você vai lá, lê os sete axiomas hermetistas e, no final fica se perguntando: tá… e agora, o que faço com isso?
A cabala vai pra esse lado também. Você vê lá o desenho típico da árvore da vida, decora as sephirot com todos os nomes e pronúncias corretas de acordo com o hebraico e, no final… faz o que com isso? Saber que cada sephira é uma espécie de pote onde deus derrama sua essência e é aparada até transbordar, caindo em outras sephirot abaixo diz o que pra minha vida?
Não sei se vocês já pensaram sobre isso, mas eu comecei a me incomodar desde sempre com essa situação nas mais diversas formas. Por exemplo: saber da hierarquia infernal resolve o que no meu problema de dinheiro? Tá… nesse caso você até pode pensar que evocar um rei é mais efetivo que evocar um duque, mas ai eu te pergunto: então pra que saber dos duques se eu posso evocar os reis? Saca?
Enfim… no meio desse caminho todo, depois de quase dez anos que comecei a ler sobre cabala e desisti logo em seguida, comecei a ter alguns judeus dentro do meu círculo de amizades. A dona Márcia Reicher, por exemplo, o Eron Falbo e alguns outros, foram amigos que se juntaram e começaram a compartilhar um pouco de suas vidas comigo e, então, resolvi novamente encarar o estudo, mas desta vez, colocando prática à teoria. E foi aí que descobri, ou desenvolvi, um mapa mental muito eficiente que testei alguns anos atrás e que foi a forma que me fez chegar de onde estava, até onde estou. É isso que vou tentar trazer a você neste momento. Bóra?
A Cabala na Magia Hermética: explicação da Árvore da Vida
O desenho da árvore da vida é uma conjunção de dez esferas visíveis e uma invisível, unidas por caminhos entrelaçados. Cada uma dessas esferas, também conhecidas como frutos, carregam significados ambíguos, porque você pode ver a árvore tanto para interpretar o microcosmo, quanto para interpretar o macrocosmo e é importante que você se atente a isso.
O macrocosmo é visto de cima pra baixo, o microcosmo, de baixo pra cima, o que basicamente quer dizer que, você quanto pessoa vai ver a árvore de Malkut a Kether, enquanto você como parte do mundo, vai ver a árvore de Kether a Malkut.
Aliás, uma coisa importante: eu vou falar os nomes em portugues, beleza? No fundo não faz diferença alguma, porque o nome não faz a coisa.
Essa relação de ver a si ou de ver a si como parte do mundo é importante e tem tudo a ver com uma coisa que falaremos mais à frente na semana da Magia, que é o caminho alquímico do Mago, mas cada coisa a seu tempo.
O que nós vamos fazer por hoje é um caminho de cima para baixo na árvore, ou seja, vamos usar essa antiga filosofia judaica para percorrermos um caminho de mudança completa da nossa vida, beleza?
A Cabala começando pelo começo…
Imagine que você sente um incômodo, você está em algum lugar da sua vida, não está satisfeito e, por conta disso, quer chegar a outro lugar, certo? Quando esse incômodo começa, nós podemos traçar um paralelo muito interessante com o que os judeus chamariam, na cabala, de Ain, que seria algo como o deus ainda não manifestado pela na sua criação, ou seja, você sente que não está no lugar que deveria estar, que algo está errado e precisa ser arrumado, mas não sabe ainda que algo é esse.
As coisas parecem muito nebulosas em sua vida. Essa situação, nós podemos definir como algo antes do problema que precisará ser resolvido acontecer. Ele está lá, você está sentindo que isso precisará ser mudado, mas como ainda não sabe o que é, não tem o que ser feito.
Nesse instante, você pode começar a parar a vida e se perguntar como você está. É isso, é a manifestação antes dela se manifestar, é aquela vontade de comer que ainda não é fome, saca?
Excelente, então sabemos que algo está para mudar e, em nosso mapa, essa questão vai se derramar, ou seja, ela vai se tornar tão intensa, que você sentirá vontade de ir para frente e, então, você finalmente chega na primeira sephira superior: Kether, a coroa.
Kether, a coroa
Como coroa, ou seja, como a cabeça da situação, Kether exige de você a manifestação primária da solução do problema e, para isso, claro, você precisa saber qual é o problema exatamente. Lembra aquela coisa: às vezes não é a falta de dinheiro o problema, às vezes é matar a fome, o que quer dizer que você precisa ser muito honesto com você mesmo aqui. Cada uma dessas esferas vai pedir esse tipo de comprometimento de você e é bom que você realmente tenha. Aqui, nós entraremos na gênese da solução, que será construída através do caminho por todas as outras esferas.
Então… qual o problema? E qual a solução para ele?
Quando chegamos a essa compreensão do problema e a nossa pretensa solução, passamos então a construção do nosso caminho mental para alcançarmos o que queremos. A partir de agora, já teremos o problema em Kether e também a solução, que deverá ser colocada em Malkuth, a esfera mais inferior.
Chokmah e Binah: Rumo às demais esferas
Enfim, continuamos nosso caminho para baixo e encontramos duas outras esferas: Chokmah na coluna da direita e Binah, na coluna da esquerda, respectivamente Sabedoria e Entendimento. Aliás… se você quiser saber minha opinião; precisa decorar os nomes não… só os significados já tá ótimo. Então, colocando o problema em sua cabeça, passamos pelo filtro da sabedoria e do entendimento, ou conhecimento.
Sabedoria é aquilo que já sabemos dentro de nós sobre a solução que nós vamos alcançar, ou seja, a forma que nós esperamos chegar no lugar que nós queremos chegar, está de alguma forma contemplada pelas nossas experiências pessoais? Você já fez algo parecido com o que pretende fazer, você tem essas informações dentro de você de forma dinâmica?
Ao mesmo tempo que você busca sua compreensão interior sobre isso, você também tem que contar com uma forma mais externa e técnica, ou seja, quais aprendizados eu vou ter que ter para realizar isso? A diferença entre sabedoria e conhecimento é que a sabedoria já é algo tatuado nos seus giros cerebrais, enquanto o conhecimento talvez seja algo que você precise buscar e estudar para saber. Compreende?
Excelente… então já estamos com nosso plano de ação tomando forma, certo? Agora chega um ponto muito importante, que é a Misericórdia de Chesed.
A Cabala – Misericórdia de Chesed
Misericórdia aqui tem um significado mais abrangente, ela leva você a perguntar a si sobre seu objetivo: ele vai ajudar alguém? Ele vai fazer sentido para alguém? Digamos que você vai vender um produto, é aqui que você se pergunta se isso realmente faz sentido para alguém, se resolve um problema ou se é só uma bugiganga que alguém não vai querer de jeito nenhum, entende?
Então… seu plano atrapalha, interfere… como ele interage com outras pessoas? Ao mesmo tempo que a misericórdia aparece, você também precisa fazer um julgamento sobre isso, em Geburah. Esse julgamento vem fazer com que você se pergunte se existe energia para superar os obstáculos que vêm a seguir. Você deve parar aqui e colocar o que veio vendo até então em uma ótica um pouco mais técnica e ver se tudo o que você viu até o momento faz sentido ou não e, principalmente, quando você vai fazer cada coisa que você está planejando.
Tiphareth: Conectando macro e micro
A beleza de Tiphareth é a conexão entre o macro e o micro, no nosso caso, entre o plano e a execução. Até aqui, tudo o que fizemos pode ser chamado de “mundo mental”, afinal, tudo o que fizemos foi pensar sobre o ato de pensar no que fazer. Nossos planos ainda estão em um lugar muito mental e, a partir de agora, vamos continuar pensando, mas vamos mais para a materialidade do plano, para uma coisa mais de execução. Tipharet está no meio pra sugerir que você pare um pouco e dê uma outra olhada no que fez até então.
Netzach: Colocando a mão na massa
Netzach é onde começa sua vitória, ou seja, os primeiros atos que você vai fazer para conquistar o que quer que seja que você quer conquistar. A ideia aqui é você ter certeza que vai executar o que precisa ser executado, então os planos até então construídos tem que ser colocados em linha para você saber o que fazer depois do que e o que você vai precisar para isso.
Hod: O esplendor
Hod é o pensamento concreto e é uma parte importante do processo, pois ele é o que vai retroalimentar o seu plano. Hod é o aprimoramento interno, o reconhecimento, é o olhar para si e ver o que você aprendeu com todo esse desafio para ver se você vai continuar com ele ou não, se vai mudar algo ou não. O que você fez até aqui neste seu plano… está de acordo? Te trouxe aprendizado? Te deu um caminho?
Yesod: O fundamento
Yesod é a revisão do seu plano de forma ativa, vendo se as coisas estão em seus pontos devidos e se precisam se alterar. Aqui, nesta hora, é quando você se pergunta se está pronto para finalmente fazer tudo o que precisa ser feito para chegar a Malkut, seu objetivo final.
Acho que ficou claro a minha forma de uso da cabala, certo? Se não ficou, vou dizer uma coisa a vocês:
Eu ensino para vocês sobre esse mapa mental e a utilização dele de três formas diferentes:
A primeira e mais prática é no workshop Metas Herméticas. Nele, eu não só contextualizo todo o uso da cabala como fiz aqui, como também vou além, fazendo você começar bem lá do iniciozinho, com vários exercícios práticos, com o fundamento de mudar sua vida, de te ajudar a encontrar o verdadeiro caminho, ou como chamamos na magia, sua verdadeira vontade e, depois, pego na mão de dois ou três alunos para fazer a cabala com eles.
A segunda é em um curso chamado Hermética, que é um curso de desenvolvimento pessoal com bases no hermetismo, sem magia no sentido de ritos e tudo o mais. É pura psicologia e neurociência em um curso com linguagem fácil e objetiva para você conseguir se melhorar. Aliás… no Hermética tem um módulo inteiro só pra te ajudar a combater a procrastinação. Aqui, o mapa mental da cabala é explicado sob a ótica do mercado, para você se reposicionar na vida.
A terceira forma e mais completa é no Teoria da Magia, que é o curso de magia mais completo do Brasil na atualidade. Aqui a gente pega as duas formas anteriores e joga a magia no meio pra potencializar ainda mais a coisa.
Excelente, mas só para ficar mais claro, vamos reforçar uma coisa; Eu não estou com esse tipo de colocação aqui, dizendo que esta foi a forma que os judeus pensaram sobre cabala ou que pensam hoje em dia.
Não estou dizendo que eu melhorei e não tenho problema algum se você pensar que eu piorei a cabala e que seu uso é mais sagrado ou qualquer coisa que você possa usar como desculpas, eu sinceramente não me importo nem um pouco com isso. Estou só demonstrando o método que eu usei, da forma que eu faço.
Precisamos lembrar algumas coisas a respeito disso, como o fato do Mago ser livre e fazer as coisas do jeito que ele quiser, que ele acha que faz sentido e essa foi exatamente a forma que eu fiz para chegar onde estou, o que não quer dizer, necessariamente, que você precisa fazer, mas acho que seria bom se você, pelo menos, pensasse a respeito.
E, claro… eu não acredito em deus ou qualquer coisa assim, então pra mim, nos dias de hoje, não faria nenhum sentido acreditar que cada uma das esferas são manifestações divinas e não vou aqui forçar alguma explicação pra fazer com que o pensamento hebraico caiba no meu cabedal de crenças, como geralmente fazemos.
Só estou dizendo que, ao estudar o mapa da árvore da vida cabalística, consegui ver bastante sentido na colocação destas perspectivas com relação ao andamento de nossas vidas. Mas posso ser completamente sincero com vocês?
O que nós precisamos quanto seres que vivem neste planeta, em busca da evolução pessoal, seja o que isso quer dizer para você, é somente de um mapa mesmo. Uma coisa que esteja aqui e que nos leve até lá. Não é tão difícil quanto você pensa, embora não seja lá tão fácil também e isso acontece por um único fator; Nós somos indivíduos.
E aqui tem uma contradição muito interessante nos cercando, pois no mesmo momento que nos achamos únicos e especiais, temos uma espécie de consciência de que não somos tão diferentes assim da manada. Temos essa percepção tão funda em nossos inconscientes que vivemos nossas vidas buscando essa individualização e, incrivelmente, fazemos isso buscando adentrar a um grupo. Não é estranho?
Digo isso porque mapas mentais como o que eu acabei de mostrar para você com a cabala existem aos montes e você não precisa utilizar-se exatamente deste; desde que você se organize e aqui, possivelmente, está o principal problema com a gente e é um problema que eu vou te contar, é bem fácil de compreender o motivo pelo qual estamos nele.
É hora de começar a pensar sobre A Cabala de outra forma
Grande parte da nossa vida a gente passa só reagindo às coisas que acontecem conosco. Principalmente se você nasceu nas gerações pós 80, você foi treinado para fazer isso e, vou te contar, isso não é culpa de ninguém, é como as coisas estão indo e vão piorar ainda mais.
Você foi “construído” para ir à escola, e não ia para aprender a ser um cidadão, aprender a ver a vida de forma crítica ou coisa que o valha; a gente vai para a escola para aprender a ser um operário. Claro que quando falo “a gente”, estou me referindo a você e eu, que possivelmente não frequentamos escolas classe AAA.
Nós vamos para o prezinho para irmos para o fundamental. Fazemos o fundamental focando no ensino médio, que nos cria para fazermos uma faculdade, porque precisamos adentrar ao mercado de trabalho. Queremos adentrar ao mercado de trabalho porque precisamos comprar um carro, uma casa, nos casar e ter filhos, aí nos aposentamos e morremos.
Não estou dizendo que você tem que, necessariamente, fazer algo diferente disso e digo mais; a gente precisa levar que é assim que o mundo segue, o que estou dizendo é que a gente pode fugir disso de vez em quando. A sociedade, o mundo, vai bater na gente, mas a gente tem o poder de não levar isso a sério, só que, como o mundo estará contra nós, a gente precisa de planejamento e é aqui que entra a cabala como mapa mental. E é nesse contexto que a gente pode pensar a cabala de uma outra forma, não de cima pra baixo, de Malkut a Kether, mas de Kether a Malkut, como disse antes, no microcosmo.
Malkut, o Reino
Então, desta vez comecemos de Malkut que é você do jeito que você está, sendo quem você é e vivendo como você vive. Para compreender o que é Malkut, você precisa de um tempo de meditação, ou melhor… de concentração. Eu geralmente não gosto de usar essas palavras que, de alguma forma, evocam coisas místicas porque geralmente vocês fazem uma confusão danada.
Então, para compreender malkut, você vai precisar fazer um esforço ativo e se perguntar quem você é, mas fazer isso de verdade. Aqui existem várias situações profundas a adentrarmos, como por exemplo:
- O que é a felicidade para mim?
- O que é família, isso é importante?
- Quem são essas pessoas que chamo de família?
- O que é estar em um relacionamento, isso é importante ou é só uma muleta?
Enfim… você vai ter que se entender aqui e acho que esse é um dos processos mais complicados do Mago e, por isso mesmo, é tão cheio de mistérios. E o principal problema, claro, é que sempre que você se achar, o fato de se achar já te muda, o que faz com que você se perca novamente.
Mas vamos deixar isso pra uma outra hora e compreender que fizemos o exercício e entendemos quem somos. Agora a pergunta que é mais difícil ainda de responder:
Quem eu quero ser?
Será que você já tem um plano?
A resposta a essa questão estará lá em Kether e toda a subida da árvore será em rumo a isso. A grande questão aqui é que, geralmente, o que fazemos é nos colocar como objetivo, como Kether, algo que não é tangível, não é mensurável, porque sempre vemos isso pelo lado religioso e isso quer dizer que o objetivo se manifesta depois que morrermos o que, para mim, não faz sentido nenhum.
Então a pergunta tem que ser “quem queremos ser” em 5 anos, por exemplo. E a resposta, tem que ser objetiva. Eu tenho plano, só pra dar um exemplo, de quem eu quero ser aos 60 e, por isso, geralmente falo por aí que é com essa idade que eu vou morrer. Essa morte não é literal, é que depois disso, eu posso ser outra coisa, entende?
Enfim… quem você é e quem você quer ser? Quando você chegar a essa conclusão, nós vamos para Yesod, o fundamento, ou seja, agora que temos onde estamos e onde queremos chegar, é hora de programar como isso vai acontecer.
Yesod é um pedido para que você se sente e olhe para as outras esferas a frente, é o chamado à contemplação que antecede a mudança, o chamado a contemplação do Mago. Afinal, toda evolução exige mudança e você precisa se preparar para morrer aqui.
É como se sentar na beira de um abismo e olhar pra baixo, com suas pernas balançando, porque é aqui que se finda quem você foi. Dá medo, não é? É, pois é exatamente por isso que a próxima esfera é Netzach, a vitória que você precisa ter sobre você para poder dar o próximo passo.
Netzach: a Vitória
Quando a vitória é sentida, você começa a se preencher com as energias dos sentimentos, por assim dizer, com as sensações boas que isso nos traz, o que te dá a força para superar seus próprios limites daqui para diante.
Netzach te convida a se preencher com esse sentimento para que você consiga, além do abismo onde está sentado, observar o esplendor de Hod, ou seja, o pensamento concreto sobre o aprimoramento interno. É hora de se levantar da beira do abismo e olhar adiante, pensar em formas de sair desta situação que você se encontra e ir além.
Agora é a parte prática, o pensamento sobre o como fazer, sobre como construir a ponte sobre o abismo. Só que uma ponte não é só uma questão de robustez… ela precisa levar alguém de algum lugar, para outro lugar, o que quer dizer que a ponte liga um lado a outro, ou seja, agora precisaremos alterar a forma de pensar sobre as coisas. Nesse momento, você se encontra em Tipareth.
Ao olhar para o outro lado do abismo você vê o que seu futuro reserva: Chesed e Geburah, Misericórdia e Julgamento. Você vai colocar seus planos em prática agora e precisa se perguntar: isso realmente vai ser bom para mim e para os que me cercam? Pois se a resposta para uma dessas perguntas for não, você não vai conseguir se concentrar em ir em frente, porque pensamentos de sabotagem e destruição irão aparecer.
Você irá se questionar e esse questionamento não será bom para o plano em si, então é bom que você coloque tudo em perspectiva. Imagine você trabalhando em um lugar que não gosta, fazendo algo que não quer, mas isso é tão intenso que o fato de você ir para esse lugar te machuca.
Não importa se esse trabalho te fará dar comida aos seus filhos, se você se mantiver assim, não vai conseguir ir para lugar nenhum, entende o paralelo?
A mesma coisa é você tentar fazer algo para si que vai tirar o alimento da boca de seus filhos… você também não irá para lugar algum. Coloque essas coisas em ordem antes de prosseguir, porque agora é hora de você atravessar o abismo e é uma hora muito importante.
E aí, está preparado para o desafio?
Lembra lá no começo quando falei que existe uma sephira invisível? É aqui, no abismo que ela se encontra e é chamada de DAAT, a sephira não sephira, o caos.
A ideia aqui é que, quando o Mago está subindo a árvore da vida, ele possa se lançar contra seus problemas, defeitos e sair daqui vitorioso. Essa esfera é para você, no entanto, irrelevante, a não ser que você queira olhar para seu plano de novo, para toda a subida que você fez e rever seus conceitos, aprender com ele e ver onde você errou e onde acertou.
Passando do abismo, você encontra as três últimas sephiroth: Bina, compreensão. Chockmah, sabedoria e Kether, a coroa.
Acredito que aqui as coisas são bem auto explicativas. O Mago está em subida, ou seja, a coisa é no microcosmo, é do Mago para o Mago e ele está onde queria estar. Agora é hora de ver o que, nesta caminhada, foi aprendido: quais conhecimentos absorvemos e quais conhecimentos evoluíram pra sabedoria.
Quando mediamos isso e vencemos nosso Choronzon lá em Daat, podemos nos sentar em Kether e possuir a coroa de alguém melhor, mas como hermetistas, sabemos que Kether é só mais uma Malkut e o processo todo terá que se reiniciar.
Agora eu pergunto a vocês:
Aceitam o desafio desta jornada?
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