Saiba o que é a carga mental das mulheres e como melhorar
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Lembrar onde estão as coisas em casa, a que horas as crianças têm as suas atividades e se a geladeira está sem leite: essas coisas representam uma pequena amostra das informações que as mulheres são responsáveis por armazenar em seus cérebros para o bem de toda uma família. A carga mental das mulheres é, normalmente, muito mais pesada do que a de um homem.
Pesquisas apontam que 76% das mulheres são responsáveis pelos horários e compromissos de seus filhos, em comparação com apenas 22% dos homens. 63% das vezes, as mulheres faltam ao trabalho para cuidar dos filhos doentes, enquanto os homens faltam ao trabalho apenas 29%. As mulheres lidam com 59% das responsabilidades domésticas, enquanto os homens lidam com 32%. Tudo isso, enquanto 70% de todas as mães com filhos com menos de 18 anos estão no mercado de trabalho e uma em cada 4 mães trabalha mais horas, em média, do que o cônjuge em uma semana.
Por que a carga mental das mulheres é mais pesada?
Com as mulheres ocupando uma parcela maior do mercado de trabalho, é crucial abrir o diálogo sobre a carga mental e como é desproporcionalmente responsabilidade das mulheres. Nossas construções sociais há muito ditam que as mulheres são responsáveis pelo lar, o que significa que elas aprendem desde cedo a cuidar de outras pessoas.
Muitas vezes, é “mais fácil” para as mulheres assumir o papel de “conhecedor das coisas em casa e no trabalho”, porque quebrar todos os processos usados para qualquer tarefa executada predominantemente por mulheres é uma tarefa torturante por si só. Muitas vezes as mulheres se veem fazendo as tarefas sozinhas, porque sabem que a farão melhor e com mais eficiência, por já ter completado a tarefa milhares de vezes e com compreensão completa do que precisa ser feito.
Este argumento coloca toda ou a maior parte da carga mental nas mulheres, devido às construções sociais que ditam que as mulheres são detentoras de certos conhecimentos e realizadores de tarefas domésticas. Reconhecer a carga mental e seu efeito desproporcional sobre as mulheres é o primeiro passo para abrir um diálogo e criar um mundo em que a carga mental seja compartilhada.
Cenários simples que contribuem para a carga mental
É uma pergunta inofensiva, mas que talvez o seu parceiro faça uma ou duas vezes por semana a você: “Ei, querida? O que temos planejado para o dia tal?”
Na maioria das vezes, as mulheres respondem a essa pergunta sem qualquer indício de aborrecimento, feliz em revisar a programação da semana. Mas todas as mulheres estariam mentindo se dissessem que não é irritante, de vez em quando, elas são responsáveis pelo calendário social de duas pessoas ou de toda uma família.
Essa anomalia invisível é o resultado de ser o “conhecedor” em sua casa; percebendo quando é preciso ir às compras, quando as contas estão prestes a ficar em atraso, quando é hora de conversar com a avó, quando seu amigo tem um show para o qual você precisa comprar ingressos. Não é à toa que as mulheres estão sempre cansadas.
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E as crianças? Como contribuem para a carga mental das mulheres?
Quando envolvemos crianças na família, estamos falando sobre o planejamento das refeições, consultas médicas, obrigações escolares, práticas esportivas e mais um milhão de outras pequenas petições que normalmente recaem sobre a mãe para lembrar e delegar.
Mesmo que o pai faça metade das tarefas e leve as crianças para a uma atividade toda semana, é provável que a mulher lhe tenha dito que ele tem que fazer isso, até que eventualmente, isso se tornasse um hábito para ele (na maioria das vezes).
A socióloga Susan Walzer publicou um artigo de pesquisa chamado “Pensando no bebê” em 1998, onde entrevistou 23 casais (todos novos pais) para descobrir se a lacuna de gênero estava presente em suas rotinas parentais / domésticas.
Walzer descobriu que as mulheres realizam mais o trabalho intelectual, mental e emocional de cuidar de crianças e manter a casa. Eles fazem mais pesquisa, preocupando-se, organizando e delegando, mesmo quando seus parceiros masculinos “ajudaram”, fazendo uma boa parte das tarefas.
Para ser justo, essa pesquisa tem quase duas décadas – mas isso não significa que a “carga mental das mulheres” que Walzer descobriu ainda não exista.
Mesmo no mundo mais progressista de hoje, onde a quantidade de trabalho remunerado e não remunerado dividido entre parceiros masculinos e femininos é quase igual, a carga de trabalho mental das mulheres ainda atua como o “segundo emprego” para o público feminino. Há o trabalho que paga as contas, em que as mulheres se concentram durante o dia, e o trabalho de garantir que tudo esteja bem em casa depois do trabalho.
Como conscientizar o seu parceiro sobre a carga mental
Se você está lendo isso e lentamente percebendo que também sofre com essa carga mental cansativa, saiba que existem maneiras de conscientizar seu parceiro sobre o tema. E não apenas o “incomodando” para fazerem mais em casa ou com as crianças, mas, na verdade, falando com eles sobre o assunto.
Você pode começar dizendo ao seu companheiro que a partir de agora vocês vão compartilhar um calendário social. Quando um amigo ou familiar marca um jantar, você deve colocar o evento no calendário conjunto. Quando ele quiser ir a um show, em vez de lhe dizer para que você lembre do evento, ele deve inserir o mesmo no calendário social.
Dessa forma, não há mais estresse para apenas uma pessoa ficar atenta aos próximos planos, o ônus é compartilhado.
Para as mulheres que estão lidando com uma carga de trabalho mental mais complicada, como qualquer mãe ou esposa por aí, o melhor que você pode fazer é se abrir com seu parceiro. Se você simplesmente desistir da carga de trabalho mental, sua família poderá desmoronar facilmente.
Pode levar algum tempo para que eles treinem suas mentes para perceber todas as pequenas coisas que você percebe agora, mas essa transição começa com uma conversa honesta e respeitosa. Libere algum espaço na mente agitada, que é a mente feminina, e comece a separar a carga de trabalho das mulheres da carga de trabalho de uma família.
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