Como desmascarar canalizações enganosas e charlatanismo espiritual
No mundo, há sempre o bem e o mal. O joio e o trigo. E na espiritualidade não é diferente! Há quem use a espiritualidade para enganar, explorar e manipular, quase sempre com objetivos financeiros. Isso acontece já há muitos anos, com todas as religiões. E, como a espiritualidade é um tema subjetivo e abstrato, fica ainda mais fácil se aproveitar da fé e do sofrimento das pessoas e ganhar um bom dinheiro com isso. Infelizmente, o charlatanismo espiritual é muito mais comum do que imaginamos.
Nem sempre é fácil desmascarar esse tipo de discurso, mas existem algumas dicas que tornam mais fácil perceber quando as intenções desses “líderes espirituais” não servem à luz.
O foco deve ser sempre a evolução espiritual
Para começar, vamos falar do elemento principal quando se trata da espiritualidade: a evolução espiritual. Ela é a chave para desmascarar o charlatanismo espiritual. Qualquer coisa que fuja desse objetivo, em termos de teoria e ensinamentos, já deve ser encarado com desconfiança. Até mesmo dentro das principais religiões, é sempre bom lembrar que elas servem para REligar o humano com Deus. A palavra religião vem do latim “religare”, que significa “ligar de novo o humano com o divino. Só essa informação histórica acerca da origem dessa palavra já serve para colocar de cabeça para baixo muitas práticas religiosas. E não é preciso nem dizer o porquê…
Pois bem. Quando decidimos ir um pouco mais a fundo nessa compreensão, vemos que a ligação do humano com o divino se dá através do aprendizado, da evolução espiritual. Esta, por sua vez, é individual e não está condicionada a nenhum tipo de pensamento religioso específico. Ligar o humano com o divino tem uma dimensão muito profunda com o nosso eu e os aprendizados de cada um, já que viemos aqui com missões de vida diferentes, em estágios evolutivos diferentes. Ou seja, qualquer que seja a prática religiosa ou espiritual, deve levar essas diferenças em consideração, e dar ferramentas e conhecimento para que o indivíduo supere seus traumas e trabalhe em cima de suas dificuldades, aperfeiçoando sua personalidade e maneira de se relacionar com o mundo. E há muitos lugares que cumprem essa função de forma exemplar, dentro e fora das religiões. Deve haver acolhimento, estímulo ao pensamento espiritual e liberdade de escolha no caminho a ser seguido. Dessa forma, a evolução acontece. Quando não, quando as obrigações e a imposição superam as liberdades individuais (independente da história metafísica que está sendo contada), o interesse do líder e da instituição não é bem religar você com Deus.
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A questão do dinheiro
A cobrança financeira é um grande indicativo sobre as reais intenções de qualquer que seja o discurso religioso ou espiritual. É verdade que algumas religiões foram criadas em torno de escrituras que garantem o pagamento do dízimo, por exemplo, e não há nada errado nisso. De fato, a instituição precisa se sustentar. Há aluguéis e contas a serem pagas, que não se pagam sozinhas, e a ajuda da comunidade é bem-vinda. Porém, quando a contribuição financeira vira uma condição para a participação em determinado círculo, serve de caminho para a salvação ou a pessoa ou local oferece ajuda, cursos ou o que quer que seja em troca de grandes quantias de dinheiro, provavelmente essa organização não é da luz e sim apenas mais uma empresa que visa lucros e ascendência financeira.
“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”
Se existe a pregação da teoria da prosperidade, fuja. Não que a riqueza seja ruim ou qualquer coisa assim, mas esse tipo de assunto não deveria ser uma preocupação daqueles que se propõe a ligar você com o divino. O dinheiro, aliás, é uma convenção humana, social, e não divina. E, quando ele é usado para sedução mental, ou seja, embutido no tamanho da sua fé em troca da promessa do seu enriquecimento e prosperidade, a coisa fica ainda pior. Usar o nome de Jesus para esse fim então é a maior heresia que pode ser cometida contra esse grande mestre e contra a fé, espiritualidade e religiosidade. E não foi mesmo Jesus, em pessoa, que disse que “era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico ganhar o reino dos céus”? Então. É preciso separar as coisas. Se você tem uma conta bancária recheada ou não, isso não é do interesse de Deus e em nada vai ajudar sua evolução espiritual. Em alguns casos, é até capaz de atrapalhar.
Quando olhamos para a espiritualidade, ou seja, quando extrapolamos os limites da religião e adentramos caminhos mais metafísicos e espirituais, também vamos nos deparar com esse mesmo problema. Grandes gurus ou mestres que alegam possuir algum tipo de poder mediúnico ou contato com seres mais elevados, que constroem um discurso voltado para a prosperidade financeira (pessoal e do cliente) e vendem essas informações em forma de workshop por quantias absurdas, também podem ser encarados com descrença. Novamente, a evolução moral e espiritual de cada pessoa em nada tem a ver com a conta bancária. E basta analisar a vida de grandes espíritos como Chico Xavier, por exemplo, para perceber que a assistência espiritual não custa dinheiro e é feita através do amor e da caridade. Então, se a sua evolução está lhe custando muito dinheiro, é hora de rever quem você está ouvindo e que locais está frequentando.
Desdém por outras crenças
Esse também é um ponto sensível quando a proposta é avaliar as intenções daqueles que estamos seguindo. Se o guru que você gosta diz que só ele pode te ajudar, só ele tem um determinado conhecimento, algo não está certo. É ainda pior quando algumas correntes religiosas usam o nome de Jesus para oprimir outras crenças e demonizar outras religiões. Se não usassem Jesus como arauto já seria bem ruim, mas distorcer os sábios ensinamentos desse mestre tão incrível é de fazer chorar.
“Todos os caminhos levam a Deus”
Deus jamais teria enviado um único salvador, especialmente quando ele não é acessível para todos. Caso contrário, pouco importa o caráter de um muçulmano ou indiano, pois eles já nasceram condenados à danação eterna, pois, nasceram em um país onde a crença religiosa é forte e não gira em torno de Jesus. Não há certo e errado. O que existe é maturidade espiritual e amor no coração. Há muçulmanos incríveis, e outros nem tanto. Assim como existem evangélicos maravilhosos e outros que curtem um lixamento e gostam de sair pelas ruas jogando pedras em pessoas que seguem religiões de influência africana. Não há certo e errado. O que existe são as ações de cada um, e elas não têm muito a ver com a fé professada. E basta olhar para o mundo para comprovar isso: a esmagadora maioria das pessoas que aqui vivem possuem algum tipo de crença, e, ainda assim, o mundo é o que é. Se o local que você frequenta tem esse tipo de mentalidade, cuidado.
Opressão de qualquer minoria
A espiritualidade e religião devem ser acolhedoras, e não opressoras. É complicado, tendo em vista que as religiões usam a opressão para se manter, mas a modernidade está conseguindo lutar contra isso. No catolicismo, por exemplo, o Papa Francisco já falou inúmeras vezes em favor das minorias, repreendendo qualquer violência (física, verbal ou moral) contra negros, homossexuais e outros grupos vulneráveis. Julgamento e opressão são totalmente contrários a força divina da luz.
Quem rejeita o outro em função de etnia ou orientação sexual está, com certeza absoluta, cometendo o terrível pecado da discriminação. E Deus também não está preocupado com isso, e sim com as suas ações e como você se relaciona com as pessoas e com o mundo, sua capacidade de perdão, generosidade, caridade. E isso começa dentro de casa, com a nossa família. É isso que conta e é esse caminho que realmente leva a alguma ligação com o divino e a evolução da sua consciência.
“O mundo está farto de ódio”
Qualquer outra coisa é charlatanismo. Se você está pagando caro pela sua evolução, e de quebra ainda está alimentando discursos de ódio e segregação, está na hora de repensar os valores.
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