Como o jogo de Ouija é visto pela religião
Até os dias atuais, muitas pessoas conhecem apenas de forma básica e repetitiva a história do tabuleiro Ouija. Muitos acham que se trata de um jogo em que espíritos demoníacos se comunicam, e às vezes possuem, crianças indefesas.
Esta ideia for inclusive tema de um filme “Ouija: Origem do Mal”, uma narrativa que se passa em 1967 na qual uma viúva e suas filhas ganham a vida engando seus clientes que buscam contato com seus entes queridos que já morreram. Isso era inofensivo até que a mais nova encontra um tabuleiro de Ouija e tenta então se comunicar com o pai morto, mas acaba sendo possuída.
Como Ouija é visto
Não foi sempre que o tabuleiro teve uma má reputação. Ele foi criado pelo espiritualismo, um movimento que aconteceu no século 19 que tinha visão otimista sobre o futuro e sobre a vida após a morte.
Acredita-se que o movimento surgiu em Nova York, Estados Unidos, em 1848, quando duas irmãs disseram ter ouvido uma série de batidas em sua casa. Não foi possível definir a origem deste barulho, que também se manifestou em outras casas que elas manifestaram, então as batidas foram atribuídas a espíritos que estariam respondendo perguntas feitas por elas.
No auge desta religião, os seguidores criaram diversas técnicas e ferramentas para se comunicarem com os mortos. Entre elas estava a “chamada do alfabeto”, em que se anunciava todas as letras em voz alta, até que por meio de uma batida o espírito indicasse a letra escolhida.
Em 1853, segundo um relato do espírita Allan Kardec, durante uma sessão os espíritos sugeriram que se segurasse um lápis para que ele fosse guiado no papel. Por meio desta técnica, em 1886 surgiu o tabuleiro de Ouija. O modelo mais conhecido foi patenteado pela Companhia Novelty Kennard, em 1891.
No século 20, a popularidade do espiritualismo começou a diminuir, ema alguns casos por fraudes. Havia “médiuns” que passaram a fazer “shows sobrenaturais” para convencer o público e para isso usavam até mesmo crianças em armários para que sons fossem ouvidos.
Jogo demoníaco
O Ouija era considerado um jogo com pouca relação a temas ocultos, em geral. Contudo, durante a Primeira Guerra Mundial sua popularidade cresceu, principalmente nas universidades. Neste mesmo período, muitos católicos americanos acabaram sendo atraídos para a nova religião, o que fez com que autoridades da Igreja Católica agissem rapidamente para evitar tal mudança.
Em 1919, o Papa Pio X escolheu Raupert para advertir os católicos a respeito de Ouija. Foi então publicado o livro “A Nova Magia Negra e a Verdade Sobre o Tabuleiro Ouija”. Na publicação dizia-se que o tabuleiro não poderia ser tolerado em nenhuma casa cristã ou perto de qualquer jovem.
Mesmo com os avisos, a fama e as vendas cresceram, sendo o maior sucesso durante os anos 1960.
Contudo, em 1971, em “O Exorcista”, de William Peter Blatty, o tabuleiro de Ouija ganhou a reputação sinistra. O autor se inspirou em um caso real de um garoto que foi supostamente possuído em Maryland, no ano de 1949. De acordo um diário, visto por padres jesuítas da Universidade Georgetown, o menino teria tido contato com o Ouija por intermédio de uma tia que tinha interesse em espiritualismo. Os primeiros sinais da possessão do garoto começaram pouco depois que a tia morreu.
Ainda assim, com a reputação demoníaca, o interesse dos adolescentes pelo jogo aumentou e essa passou a ser mais uma forma de se falar com entes queridos que morreram e também se tornou um modo de conjurar forças ocultas.
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