Como tornar a realidade profissional espiritualizada
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Quando decidi falar sobre empreendedorismo, espiritualidade e exoconsciência de forma conjunta, já imaginava o tamanho do desafio que vinha pela frente. Mais do que nunca, precisamos repensar o trabalho, principalmente nossas empresas e corporações. E entendo que o desafio será insuperável se tentarmos pensá-las eliminando a dimensão espiritual.
Vejo muita gente traumatizada com religião, e não é por menos. Os problemas costumam começar quando a religião se institucionaliza, ou seja, a instituição se torna mais importante que as pessoas, e ainda se alinha com objetivos políticos, econômicos, etc… Há uma subversão e até ruptura do ensino espiritual.
Precisamos libertar a espiritualidade do domínio religioso
E como fazer isso? Através de uma nova consciência de que a espiritualidade não é um efeito, um rito, um costume ou um hábito da religião. Entretanto, é fundamental dizer que as religiões tiveram uma função histórica importantíssima no processo evolutivo da humanidade.
As religiões, organizadas em forma de instituição, tiveram e têm um papel importante no sentido de organizar os elementos do transcendental que permeiam a cultura da nossa humanidade. Estamos em plena era do autoconhecimento e é quase inevitável recorrer aos conhecimentos religiosos ao olhar para dentro. Temos que honrar as religiões e tudo que nos trouxe até aqui.
Convido a olhar para a espiritualidade como um dimensão orgânica, psíquica, natural e essencial do ser humano:
- Orgânica – porque o nosso corpo está equipado com a sensopercepção de realidades multidimensionais;
- Psíquica – porque esta sensopercepção faz o download na nossa mente de ideias que estão sendo extraídas do campo, de egrégora, de espíritos e seres multidimensionais;
- Natural – porque o limite entre natural e sobrenatural são os que a nossa consciência alcança, mas não significa que para além deste limite, o que haja seja sobrenatural, significa apenas que é um natural que não conhecemos ainda.
Fazendo uma breve passagem pela nossa história recente – especialmente após a Segunda Guerra Mundial e, depois, com o movimento Hippie –, a busca pelo autoconhecimento no mundo globalizado chegou forte, e avançamos muito em qualidade de vida, devido à tecnologia e à ciência. Também começamos a perceber a importância da saúde mental, e que talvez tenhamos nos tornado muito racionais e cartesianos. Não foi fácil organizar a bagunça que o acelerado século XX fez na nossa mente.
Porém, ainda estamos vivendo um cenário de massificação devido à internet e à expansão do acesso às informações. Se antes estávamos em agonia dentro das nossas mentes apenas, agora estamos numa agonia online também.
A própria ciência cartesiana percebeu que a prática de algum tipo de espiritualidade tem efeitos objetivos na vida e desejáveis ao coletivo humano. Pesquisas com meditação, por exemplo, trazem efeitos mensuráveis. Chegaram as pesquisas científicas voltadas para tratamentos complementares de saúde e terapias holísticas como reiki, imposição de mãos, toques terapêuticos, e muitas outras.
A questão foi trazida também pela Organização Mundial de Saúde, por meio da Carta de Ottawa, na década de 1980, com os pilares da qualidade de vida. O documento já previa o entendimento de que profissionais de saúde não podem tratar apenas as doenças, mas tratar humanos e sua história de vida para a promoção da saúde.
Promover saúde é diferente de tratar a doença. A promoção de saúde está relacionada com um conjunto de dimensões integradas do ser humano nos seus aspectos físico, biológico, psicológico, emocional, ambiental, funcional e espiritual. E, então, a partir daí, entendemos a espiritualidade como um aspecto orgânico, psíquico, físico e essencial.
Quando compreendo o ser humano nessa integralidade como Gestor, começo a entender que não estou reunindo profissionais ao acaso na minha empresa, mas que estamos juntos dividindo momento de aprendizados e de vida. Começo a perceber que não dá para impor uma uniformidade, quando tenho individualidades. Preciso trabalhar pela unidade e através da lente da promoção de saúde.
Claro que na gestão de uma organização precisamos de modelos e processos. Mas quando integramos a espiritualidade na gestão, precisamos prever que estamos lidando com indivíduos únicos, que têm seus talentos naturais, vantagens e desvantagens e nem sempre vamos conseguir impor um padrão.
Quando orientamos a gestão para observar o que cada indivíduo tem de melhor, estamos criando unidade, com o respeito às diferenças. A unidade é a soma colaborativa das individualidades. Do contrário, nossas diferenças nos levam a conflitos que viram confronto.
Ao criar unidade, paramos de aguardar pelo consenso e começamos a trabalhar com a ideia de comprometimento. Por isso, entendo que é possível trazer a espiritualidade para dentro das empresas, sobretudo a partir de uma postura gerencial, praticando espiritualidade de um jeito moderno e bacana. Mas, o essencial, é o respeito e a valorização da individualidade. Curtir o que o outro tem de único. É uma mudança de postura gerencial que sai do confronto e vai para o encontro e para a complementaridade.
Juliano Pozati
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