Confesse: você está se enganando neste momento!

Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.

Antes de prosseguirmos com o texto, gostaria de propor a você uma reflexão: Quantas mentiras você conta para si mesmo todos os dias? Pense sobre isso por um momento você mesmo, olhe-se com sinceridade.

Tenta avaliar as coisas do micro para o macro, ou seja, tente avaliar as coisas das menores partes de sua vida, até as mais amplas. Olhe-se agora; quais mentiras você está contando para você neste momento? E quais você conta ao longo do dia? E ao longo de um ano? E quais mentiras baseiam a sua vida?

Um exercício desesperador

Este exercício é comparado ao que um Mago faz em determinado ponto de sua “Jornada do Iniciado”, quando olhamos para o nosso demônio interno, que chamamos de “Choronzon” e o enfrentamos: quais são as sombras que nos cercam?
Isso é muito importante para nós porque só o caminho da verdade (segundo nossa concepção de vida) é que pode ser um caminho próspero, qualquer coisa que nos afaste de nossa “Verdadeira Vontade”, daquilo para o que somos feitos para fazer; nos faz mal. Descobrir, então, as mentiras que contamos para nós mesmos é um passo importante para a jornada.

Mentiras nos desviam deste caminho, nos fazem seguir por uma estrada cheia de curvas e reviravoltas, em vez de trilharmos um caminho reto.

Aprendizado duro

Claro que nós sabemos também que este exercício não é algo tão simples de se fazer, somos treinados por anos até chegarmos lá sozinhos, mas chegamos. Agora… e você? Como foi sua primeira avaliação?
Quero te contar algumas coisas que poderão te ajudar com isso e, quem sabe, te fazer olhar o mundo por lentes muito mais atraentes:

Não existem atalhos

Sim, nós queremos muito isso, desejamos isso com franqueza e até sonhamos com a possibilidade de encontrarmos atalhos para nossos problemas, mas a verdade é que esses atalhos não existem. Você pode acreditar que o universo vai te trazer algo, vai mudar sua vida, que o que você desejar com força o universo vai trazer.

Não vai.

O universo se importa tanto com você quanto você se importa com uma formiga que leva um pedaço enorme de folha para seu formigueiro. Esta “força de atração” que o senso comum costuma falar não passa de uma compreensão errada da lei do mentalismo hermetista: O todo é mente, o universo é mental, que um dia explicarei para vocês.
Deus não vai agir na sua vida se você ficar parado esperando que ele faça tudo, assim como um Exu não fará o trabalho pesado para você. Se você quiser algo, você vai ter que lutar por isso e esta luta é sua e somente sua.

Isso parece cruel? Sim, parece. Vou te dar, entretanto, um conselho oriundo da Neurociência: quando você controla as situações que pode controlar, você tem menos propensão ao desenvolvimento de males como ansiedade e depressão. Controle então tudo o que você pode e pare de dar este controle a outras coisas. Prefira ser sempre você o dono de sua vida.

Deus não resolve problemas

Como disse no título anterior, mesmo que você acredite nesta mitologia (e tudo bem se assim você faz), ele não resolve seus problemas. Um grande criador cósmico que tem todo o universo em expansão para observar não estaria muito preocupado com sua falta de emprego ou prova do ensino médio. Ele te deu um cérebro, então use-o.

Todos nós sabemos que certas situações são complicadas e difíceis de se passar e por isso vou te dar uma dica de Mago: quanto mais você passar por essas situações, mais seu cérebro estará treinado para não chegar a elas no futuro. Se deus resolver essas situações para você, não demorará muito até que você caia em uma delas novamente. Isso não é o universo se vingando ou deus querendo te treinar, é simples questão de lógica: o nosso cérebro é programado para repetir padrões (aliás, este é o motivo dos oráculos parecerem fazer tanto sentido), o que quer dizer que você é treinado para repetir situações até que você “entenda”, ou seu cérebro reprograme, situações novas e isso só acontece quando você consegue antever tais situações.

Se você gosta de rezar, continue rezando, mas não esqueça de viver sua vida também.

Energias ruins só acertam pessoas ruins

Uma coisa muito comum neste nosso meio é pensarmos que somos vítimas de energias ruins, energias negativas ou qualquer coisa que o valha. Usamos cristais, incensos, velas… tudo isso para nos livrar de energias ruins.
Acontece que as energias que estão à nossa volta são reflexo das energias que estão em nós e você só se conecta a elas porque você as tem dentro de si.

Pense assim: nós somos um grande imã que atraímos nosso semelhante. Se alguém te manda algum “feitiço”, ele só encontrará campo se você deixar esse campo acontecer, o que basicamente quer dizer que um feitiço, uma macumba ou seja lá o nome que você dá pra isso, só acontece porque você tem isso dentro de si e dá mais voz a isso, que a outra coisa. Uma pessoa só está em meio a invejosos porque é invejoso também, entende?
Aquela pergunta feita no início, que mentira você está contando para você, ajuda a perceber isso de forma mais fácil, desde que você seja honesto o suficiente, se pegue mentindo e arrume a situação.

O outro lado da moeda

Nem tudo está perdido no final das contas. Nós, Magos Hermetistas, costumamos falar que o pêndulo da vida sempre bate para os dois lados e não seria diferente aqui: a mentira também pode ser uma ótima ferramenta para a sua evolução, seja em qual aspecto for. Ela só precisa ser consciente e você saber controlá-la.

Uma das coisas que nós aprendemos nos primeiros anos de estudo mágicko é a “feitiçaria”, ou seja, o controle da narrativa em que estamos envolvidos. A narrativa é a história de nossas vidas, das diversas vidas que vivemos a cada momento e esta narrativa, geralmente, é ato passivo nosso: nós só a vivemos. Entretanto… existem formas de controlar nossas narrativas e criar novas narrativas mais interessantes e pulsantes, coisas que queiramos viver.
As narrativas não deixam de ser mentiras que contamos para nós mesmos, como por exemplo, eu conto a mentira para mim de que sou diferente da maioria das pessoas, afinal de contas, sou Mago, pertenço a uma escola iniciática de Magia, a OGOM, que me ensinou a descortinar grande parte destes segredos.

Esta “mentira” (afinal, não sou diferente de ninguém), me dá a oportunidade de viver disso que eu tanto amo, de palestrar pelo Brasil todo, de ser alguém que segue o caminho. Você pode contar a história para você de que, por exemplo, existe uma energia universal que pode ser manipulada por você e que isso pode mudar sua vida. Tudo bem, pode usar isso. “Isso não é a mesma coisa que você disse lá em cima que era mentira?”

Sim, completamente. Você não consegue ver a diferença?

No primeiro caso, você usa a mentira sem saber que é mentira. No segundo, você usa a mentira PORQUE ELA É mentira.
A diferença entre os dois casos é o conhecimento. Magia é conhecimento e é o conhecimento que muda a vida.

Boa mentira a todos.

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