O Poder Espiritual da Menstruação: abrace o poder feminino
Normalmente, ela se inicia entre os 9 e 16 anos. Com ela, vem um turbilhão de sentimentos, sensações e dúvidas. Certas mulheres, comemoram sua chegada, outras se desesperam. A família costuma se empolgar com esse novo ciclo. Pois ela marca uma nova etapa da vida e com certeza é uma importante transição de menina para mulher. Neste momento, você já sabe que estamos falando da menstruação. Todos os meses as mulheres são afetadas tanto física quanto emocionalmente por esse processo natural. Porém, o assunto é um tabu na sociedade atual. Nossos ancestrais enxergavam a menstruação como um fenômeno natural poderoso. Os termos que se referiam à ela eram ligados à sacralidade, ao sobrenatural, louvado e misterioso. Antigas tribos da Índia, Dogons da África e tribos da América do Sul acreditavam que não há momento melhor para a mulher manifestar sua feminilidade divina do que no período menstrual. Eram feitos cuidados e preparações especiais para garantir conforto nesta ocasião.
No decorrer da história, diversas atitudes culturais existiram em relação à menstruação e ao sangue menstrual. Isso vai desde considerar o sangue menstrual sagrado, poderoso e curativo, até ser receado como impuro e perigoso. Na Bíblia, por exemplo, está o seguinte trecho:
“E se uma mulher tem um problema, e sua questão é a sua carne, sangue, ela será sepultada por sete dias; e qualquer que a tocar, será imunda até a eternidade …” [Levítico 15: 19-30].
Por essa base, a tradição judaica julga as mulheres ritualmente impuras e sujas quando estão menstruadas. Os conceitos menstruais na cultura greco-romana receavam que o sangue da menstruação azedasse o vinho, fizesse os frutos caírem das árvores, as colheitas murcharem, entre outras crenças.
Atualmente, na sociedade ocidental, a linguagem e atitude em torno do período menstrual são negativas, chegando até a referir à menstruação como uma maldição. A maior parte das mulheres consideram esse período algo penoso e inconveniente. Em grande parte, a cultura ocidental nega e reprime a fertilidade, a feminilidade e o ciclo menstrual. Em antigas culturas tribais, a iniciação da menina em condição de mulher, simbolizada por seu primeiro período, era honrada e celebrada. Leia a entrevista com Carol Witz, yoni-egg mother e curandeira, que aborda o tema da Jornada Uterina e sua relação com a feminilidade.
Neste artigo, conheça um pouco mais sobre o poder espiritual da menstruação.
“A essência de ser mulher já é por si só uma coisa poderosa”
O poder sagrado da menstruação em tribos tradicionais
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Tribo Indígena Apache
As meninas indianas apachinas são polvilhadas com pólen de estame das flores, como parte de um ritual que simboliza que sua fertilidade vai florescer. Isso acontece durante uma cerimônia com duração de quatro dias. Com certeza, é diferente do ato de receber um pacote de absorventes e ser alertada que a melhor forma de evitar uma gravidez é dizer não.
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Tribo Dogon
Na África, a tribo Dogon possui uma cabana menstrual específica para as meninas que estão nesse período. Isto não ocorre porque elas são vistas como impuras, mas muito pelo contrário. Acredita-se que precisam de um espaço para colocar em prática seus poderes xamânicos especiais, que se intensificam no período menstrual.
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Nativos Americanos
Chamada de “hospedaria lunar”, o local tinha um propósito semelhante para os ameríndios. A menstruação era considerada um período poderoso por eles, em que a visão e obtenção de orientação para a tribo estaria favorável. Por isso, os nativos americanos acreditavam que “o caminho mais rápido para destruir uma tribo é primeiro destruir a cabana da lua”.
Os rituais de mulheres aborígenes acerca da menarca e menstruação eram baseados em jejuns e desenvolvimento de suas práticas espirituais. Porém, este antigo conhecimento e compreensão do poder espiritual do ciclo menstrual não foi passado pelas gerações para a mulher moderna.
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O costume da Hospedagem na Lua
Em determinadas culturas, é encontrado o costume em comum dos “alojamentos lunares”, ou cabanas menstruais. Eram chamadas de alojamentos lunares como uma referência aos ciclos das mulheres, que são sincronizados com as fases da lua. Eles acreditavam que as mulheres no período menstrual possuíam o poder de prever o futuro e precisavam ficar um tempo longe da tribo para potencializar seus poderes sobrenaturais. Por isso, as mulheres tinham a escolha de passar os primeiros dias em reclusão no alojamento.
Por que as mulheres eram excluídas dos templos no período menstrual?
Os antigos oráculos védicos descreviam o Prana como a fonte da vida, dando direção e vitalidade a tudo. O Prana é formado por três doshas, sendo um chamado de Vata. Eles acreditavam que a energia de Apana Vata (fluxo descendente) que predomina nas mulheres menstruadas as torna muito suscetíveis a absorver a energia do exterior. Por isso, as cabanas menstruais são normais em muitas aldeias indianas ainda hoje.
Porém, isso também gerou uma prática que atualmente é causa de ultraje. Mulheres hindus são proibidas de entrar em templos no período menstrual. Julga-se como inauspicioso e impuro, mas nem sempre foi assim. Acredita-se que justamente essa energia descendente e absorvente que causou desconforto nos templos onde o fluxo energético costuma ser ascendente em direção à “fonte”.
Clique aqui: A TPM e a mediunidade da mulher
O ciclo menstrual e suas quatro estações
Segundo o folclore tribal, uma mulher possui um amplo ecossistema dentro de si. Não se trata apenas de quatro dias de emotividade, mas sim de um ciclo. Por isso, não ocorre uma mudança apenas por esses dias, mas sim de semana a semana. Nos conceitos pagãos, o ciclo pode ser dividido em quatro estações:
– Pré-ovulação: é como a primavera, um período de motivação para novos começos.
– Ovulação: é como o verão, momento propício para comunicação, criação e relacionamentos. Também é o período mais fértil.
– Pré-menstruação: é como o outono, tempo de colheita e retirada. É um período difícil para a maior parte das mulheres, porque as energias as atraem para dentro e inicia a introspecção.
– Menstruação: é como o inverno. A mulher inicia a aceitação da dor ao ser confrontada por ela. É uma fase importante para honrar e praticar seus desejos, sentimentos e limites. Para se recuperar e se nutrir.
Obtendo este conhecimento, podemos planejar mudanças em nossos planos, metas e relacionamentos, gerando equilíbrio em nossas vidas. No tempo em que o divino feminino era exaltado e respeitado, a reclusão era uma escolha. A partir de quando a sociedade passou a se apegar ao ritualismo voltado para a familiaridade ou ego, perdeu sua essência.
A intensão determina a premissa de todos os resultados ou reações. Na mesma luz, existem outros estigmas contra o que em certo tempo, era reverenciado como algo sagrado e poderoso.
A vergonha da menstruação
Já virou uma piada recorrente entre as pessoas dizer que uma mulher sensível deve estar em seu período menstrual. Ao mesmo tempo, o mundo da publicidade usa do sentimento de constrangimento para vender os produtos que prometem destruir qualquer sinal de que você está “naqueles dias”. Cresce cada vez mais o número de jovens de diferentes origens que usam o controle de natalidade como um meio para adiar a menstruação ou não menstruar. A ideia que a sociedade passa é de vergonha, não-compaixão e supressão. Com todos esses fatores em torno da feminilidade, é comum que muitos praticantes de cura defendam que essa é a fonte da temida tensão pré-menstrual (TPM).
Mas, por que a TPM se tornou sinônimo de menstruar? A TPM gera dores abdominais, dores no corpo (principalmente nas costas), cãibras, inchaço, acne, humor alterado e até surtos de depressão.
Uma ginecologista curandeira, Lissa Rankin, escreveu em seu artigo: “Alguns teorizam que a TPM é a maneira natural de fazer com que você diminua a velocidade e faça um balanço de sua vida. Você não pode ser a Supermulher o tempo todo, e talvez seu corpo esteja lhe dizendo que é uma noite de diversão, e você precisa de um tempo pessoal e tranquilo. Em geral, as questões ginecológicas decorrem do segundo chakra. Quando nossos corpos lutam com questões do segundo chakra, é um convite para explorar o que pode estar por trás dos sintomas externos da TPM. A energia no segundo chakra nos permite sair da tribo (representada pelo primeiro chakra), desenvolver um senso de identidade pessoal e estabelecer limites. Em nosso segundo chakra, também lidamos com questões como sexo, dinheiro, poder, relacionamentos e substâncias que causam dependência. É também o centro da criação. A energia do segundo chakra nos dá o poder de escolha. Quando sentimos que nossas escolhas são tiradas de nós, podemos manifestar isso na forma de problemas ginecológicos”.
Acredita-se que a maior parte das mulheres sofrem no mínimo de três a quatro sintomas da TPM. Esse pode ser um chamado de seus corpos para questionarem os significados atribuídos à feminilidade.
Clique aqui: A mulher tem um poder natural de abundância, boa sorte e prosperidade: descubra o seu
Um período para explorar a fertilidade, o poder feminino e a criatividade
A menstruação é de fato um momento sagrado para as mulheres explorarem seu poder feminino, a criatividade, a fertilidade, estimulando o seu espírito. O ciclo menstrual está ligado ao poder e energia das mulheres, o poder de restaurar, de ser, criar e receber.
Através da própria experiência pessoal, descobrimos que é importante separar um tempo para respeitar os dois primeiros dias de sangramento. É preciso descansar e permitir que a consciência seja atraída para o interior, deixando que a riqueza da conexão profunda torne mais forte a intuição, criatividade, inspiração, sabedoria feminina, despertar espiritual e orientação interna.
O valor do tempo na Lua (sangramento)
Durante o período da lua, a energia física fica menor, mas a sensibilidade e a intuição serão intensificadas. Então, deve ser um momento de reflexão, para explorar seus conhecimentos internos. Por isso, precisamos enxergar a menstruação como um presente. As tribos nativas reconheciam isso e criaram o tempo e espaço para praticar o ritual espiritual.
Se você não se voltar para si no tempo da lua, vai drenar as reservas de energia celular que estão em seus ovários e glândulas suprarrenais. Isso pode afetar a fertilidade, equilíbrio emocional e também definir o quão fácil ou difícil será a transição da menopausa. Apesar dos sintomas como a TPM e dor no período menstrual estarem associados à menstruação, eles não são a mesma coisa. Qualquer problema menstrual que você tenha será seu corpo dizendo que as coisas estão desequilibradas.
7 formas de se cuidar no período menstrual
Conheça algumas sugestões de cuidados como formas de homenagear-se quando estiver menstruando:
- Fique bem quentinha, principalmente no abdômen, costas dos pés e parte inferior das costas;
- Durma cedo, especialmente nos dois primeiros dias de sangramento;
- Se permita gastar um pouco do tempo do seu dia para expressar seus sentimentos, escrever mensagens, anotar insights e sonhos;
- Passe um tempo na natureza e meditando;
- Perceba como está pensando e se sentindo em seu fluxo lunar;
- Reflita e se pergunte se tem algo que precisa deixar ir em sua vida;
- Aceite e se relacione com seu ciclo. Descubra suas necessidades, como uma mudança de ritmo ou um pedido de ajuda.
A importância de abraçar o poder feminino
A sensibilidade deve ser vista como um presente. Ela permite reconhecer de forma imediata as áreas que causam dor, resistência e nos impulsiona para entender a origem dessa dor. Quando nos acolhemos neste momento, o espírito fica mais leve e mais sábio que antes. Não é por acaso que os primeiros xamãs eram mulheres. Devemos deixar que a sabedoria de nossos antepassados nos inspire. Assim, podemos ver as mulheres como casas de forças repletas de potencial. É preciso respeitar as forças criativas e usá-las para viver de forma plena e saudável.
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