Conto de fadas: o que eles escondem?
O conto de fadas é um gênero literário que conta uma história fantasiosa e é geralmente destinado às crianças. Entretanto, depois de muitas pesquisas literárias e psicanalíticas, foi constatado que na verdade essas histórias, escritas por adultos, carregam lições e ensinamentos para todas as faixas etárias, mas – sobretudo – para os alunos.
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Conto de fadas: para crianças?
Inicialmente, as histórias dos contos de fadas eram direcionadas para as crianças devido aos aspectos fantasiosos e fictícios do enredo. A aparição de bruxas, duendes, magos, animais que falam, feitiços e magia eram características que obviamente deveriam ser para atrair as crianças.
Entretanto, os pesquisadores descobriram que na verdade todos esses personagens e até mesmo suas relações possuem uma simbologia oculta que poucas pessoas entenderiam. Essas pesquisas vêm à tona tardiamente, pois as lições que decorrem do conto de fadas não são tão explícitas como as deixadas pelas fábulas.
“Troque uma fantasia pela realidade, e pode se sentir como Alice no País das Maravilhas. O mundo pode não piscar e brilhar, mas o chão será sólido sob seus pés, e seus olhos estarão abertos para todas as aventuras que esperam por você aqui mesmo, no mundo real.”
O herói e o vilão
Todo conto de fadas sempre terá esses dois personagens. Estas figuras fazem parte até mesmo dos trajetos semióticos do estudo dos contos.
O herói geralmente será pobre, de aparência regular, com algum tipo de tristeza ou com a falta de algo. Ele pode ser meio desajeitado e confuso. Já o vilão, por sua vez, é o extremo contrário. Ele geralmente é bem afeiçoado, é rico, possui bons empregados e tem algum tipo de poder que o faz enlouquecer e querer muito mais.
Justamente por isso, já começamos a perceber que os vilões possuem um egoísmo e mesquinhez que revelam o mais podre do ser humano, toda a negatividade que uma criança pode vir a conhecer em vida. É neste ponto que o conto de fadas começa a tocar o subconsciente da criança para que ela consiga separar, diferenciar e reconhecer bem os vilões e heróis que passarão pela sua vida.
Sentimento e ético
Um outro ponto que também precisamos ressaltar é o da ética e o dos sentimentos. O amor e o ódio aparecem sempre nas histórias como duas entidades que não podem se misturar. Se o amor ataca o ódio, ele se iguala em negatividade e, se o ódio ataca o amor, o amor padece em traição.
Nessa ficção, podemos entender o mundo do subconsciente como o adotado pelas nossas crianças e por nós quando éramos pequenos.
- O mundo do Subconsciente vai priorizar a fantasia, tudo aquilo que não nos parece real a olho nu. As cores, os comportamentos e os poderes, todos os elementos deste mundo servirá como um farol que chama a atenção daquele que os assiste. Quando a atenção do telespectador é ganhada, todo o conto de fadas começa a se inserir enquanto história para a criança.
- O mundo do Consciente, por sua vez, é a realidade que explode quando conseguimos decifrar o ocultismo por detrás da história. É quando percebemos que, na verdade, aquela princesa que tanto sofreu na torre poderia ser nós, que aquele cavaleiro esnobe e metido a ignorante é alguém que conhecemos. Aprendemos assim, que não devemos lutar contra o mal com o mal. O bem vence no conto de fadas justamente por se manter íntegro e nunca “pagar com a mesma moeda”. Esse talvez é o grande segredo.
Chapeuzinho vermelho: análise profunda de um conto de fadas
O conto da Chapeuzinho vermelho, muito conhecido no Brasil, conta a história de uma menina que, desobedecendo a sua mãe, caiu na lábia de um lobo e sofreu consequências gravíssimas, como a morte de sua avó. Uma história tão simples e tão popular carrega excelentes lições de vida.
Em primeiro lugar, ela foca disfarçadamente sobre o fato de que a conversa com estranhos, sobretudo partindo de uma criança, pode ser muito perigosa. Aí já aprendemos sobre confiança e de como devemos sempre estar desconfiados. Em segundo lugar, de maneira extremamente implícita, temos a questão da culpa. Como uma menina da idade de Chapeuzinho vermelho pôde gerar consigo a culpa de ter confiado em um lobo e, consequentemente, tê-lo levado para a casa de sua avó, para que este a comesse.
Mesmo que a questão da culpa não fora posta, implicitamente uma criança já começa a percebê-la e se atenta ao fato de que às vezes as consequências são muito mais amplas do que aquilo que imaginamos.
E, por fim, é também interessante observarmos as crianças que não se veem como os personagens principais de um conto de fadas. Por exemplo, um menino que prefere se ver como o lobo pode ter tendências futuras a sentir prazer em enganar o próximo. Na figura do lobo, ele vê alguém de inteligente e pronto a qualquer coisa para ter o que quer. Esse menino, futuramente, pode vir a importunar moças e, até mesmo, a ser um criminoso.
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