A Regra de Ouro que muda a sua vida: você realmente a aplica?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
“O que é odioso para si mesmo, não faça ao seu próximo”
Crescemos ouvindo de nossos pais e especialmente nossas vovós que só devemos fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fosse feito para nós. Essa frase é de uma sabedoria profunda, que esconde em si um conhecimento muito antigo e universal sobre a evolução humana e a maneira como deveríamos nos relacionar com o outro. Mas será que esse conceito é aplicado pela maior parte das pessoas na rotina diária?
Apesar de presente também em quase todas as doutrinas religiosas, se observarmos a sociedade infelizmente percebemos que o conceito se esvazia de sentido frente ao brilho de algumas crenças distorcidas. Lamentavelmente, muitas pessoas encaram as noções de vontade divina e karma de uma forma cruel, esquecendo de que, apesar de tudo, o não julgamento é um dos princípios primeiros de qualquer pensamento mais evoluído. Então, muitas vezes quando encontram pelo caminho pessoas em situação de rua por exemplo, tendem a ignorar pois “aquilo deve ser um karma”. Quando isso se mistura com ideologia política então, a noção de mérito se sobrepõe a fome e necessidades básicas de quem mendiga por algumas moedas, pois às vezes quem olha pensa que aquela pessoa não está se esforçando o suficiente e, por isso, não merece ajuda.
Ensinar a pescar e não dar o peixe, dizem.
Já eu, penso que sempre devemos dar o peixe, especialmente a quem tem fome. Não nos cabe julgar a situação, nem muito menos o que aquele pedinte fará com o trocado que damos no farol ou na porta do mercado, ou se aquela pessoa tem emprego ou não e, se não, porquê. Só sei que, se eu não tivesse o que comer ou o que vestir, eu gostaria que uma alma mais caridosa me aliviasse um pouco a dor da indigência.
Assim nos ensina a Regra de Ouro.
A Regra de Ouro, um ensinamento universal
A Regra de Ouro, Regra Áurea ou Ética da Reciprocidade é uma máxima moral que pode ser expressa de forma positiva ou negativa:
“Cada um deve tratar os outros como gostaria que ele próprio fosse tratado” ou “cada um não deve tratar os outros da forma que não gostaria que ele próprio fosse tratado”.
Historicamente, o conceito apareceu pela primeira vez no Egito antigo. Era chamado de “maat” e foi mencionado pela primeira vez na história do camponês eloquente. Desde então vem sendo reproduzido, seja em sua forma positiva ou negativa, e está muito presente em todas as tradições de conhecimento humano seja da perspectiva religiosa, da psicologia, filosofia, sociologia e até economia.
“Não faças aos outros o que não queres que os outros façam a ti.”
Do aspecto religioso, essa ideia está presente em quase todas as religiões: zoroastrismo, confucionismo, budismo, hinduísmo, judaísmo, islamismo, cristianismo, kardecismo, ubandismo e espiritualismo. Com palavras distintas e separadas por milênios de distância, a convicção de empatia máxima, respeito profundo e amor ao próximo acompanham a humanidade desde a antiguidade.
Especificamente para os cristãos, obedecer a ética e ordem de amar os outros é a marca de um verdadeiro cristão. Cristãos não podem alegar que amam a Deus se não amarem todas as pessoas também. Conforme vemos em (1 João 4:20): “se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê”. Esse princípio se conecta a tantos outros ensinamentos bíblicos preciosos, especialmente de Jesus, que sempre pregou o amor ao próximo de forma incondicional. Uma pena que vemos esses preceitos tão distorcidos na modernidade.
Psicologicamente, pensar nesta máxima imediatamente nos remete a ideia de empatia. Filosoficamente, o conceito se expressa na ação de reconhecer ao outro com parte de mim mesmo, como tão importante quanto eu, merecendo, então, o que há de melhor e na mesma medida que eu. Na sociologia, “ama o próximo como a ti mesmo” se funde com as citações cristãs e é aplicável entre indivíduos e também entre grupos.
Temos, ainda, a presença da Regra de Ouro na orientação até mesmo das ciências econômicas. A noção de reciprocidade e equilíbrio entre relações se reflete na economia como um mecanismo de política fiscal para barrar desequilíbrios orçamentários e permitir que a economia se mantenha equilibrada e permita que a sociedade continue existindo de maneira cada vez mais saudável. Diz a regra na economia que qualquer empresa deve usar seus próprios recursos para satisfazer as suas despesas. Empréstimos são permitidos somente como um investimento em infra-estrutura, pesquisa e outros projetos. O objetivo dessas medidas é o equilíbrio de contas e relações entre empresas e estado e instituições financeiras.
O que a Regra de Ouro tem a ver com empatia?
Tudo. Empatia faz toda a diferença nas relações pessoais. Quando tratamos os outros com compreensão e generosidade e nos colocando no seu lugar (“e se fosse eu ali?”), isso transforma nossos comportamentos agressivos e intolerantes em gentileza, harmonia e ações de amor. Enxergar o outro e fazer para ele o que gostaria que fosse feito para nós é a pura reciprocidade de ouro, e pode tornar o mundo um local muito mais harmonioso e feliz de se viver.
“Se você quer que os outros sejam felizes, pratique compaixão. Se você quer ser feliz, pratique compaixão”
Além disso, desenvolver a empatia faz parte do processo de despertar espiritual. Vivemos tempos difíceis que proporcionaram a perda da consciência sobre nós mesmos e nossa condição espiritual, resultando na consequente perda do valor do comum, do social. Acordar é perceber que somos todos um só, que o outro é parte de nós e que jamais devemos encarar a vida de acordo com nossas próprias necessidades.
“Gentileza gera gentileza”
12 atitudes para aplicar a Regra de Ouro na sua vida
Separamos 12 dicas de pequenas atitudes e comportamentos que podem ajudar a aplicar a Regra de Ouro na vida cotidiana, nos ajudando a desenvolver a empatia necessária para aceitar e compreender o outro. Bora praticar?
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Seja sempre gentil
Estenda a mão e seja solidário sempre que houver uma oportunidade. Pequenas atitudes como carregar uma sacola pesada, segurar a porta do elevador ou ceder seu lugar na fila para alguém é o que você gostaria que fizessem por você, não é mesmo?
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Doe seu tempo
Muitas vezes o outro só precisa do seu tempo e atenção. Ouvir uma pessoa com paciência e amor tem um efeito muito positivo sobre ela, pois a ajuda a lidar com questões emocionais e aliviar o peso de algumas sensações. Mesmo em situações quando você não concorda com o que está sendo dito, aceite e respeite o posicionamento do outro e escolha suas palavras até mesmo se for discordar. Como dito no primeiro passo, a gentileza é essencial e deve estar presente sempre.
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Pratique a compaixão
Seja bondoso e ajude o outro sempre que puder e independente de quem seja esse outro e em qual condição esteja. Solidariedade é um pilar da Regra de Ouro e preenche de felicidade o coração de quem recebe e especialmente de quem doa. Uma pequena atitude pode fazer uma enorme diferença na vida de muitas pessoas.
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Seja humilde
Humildade é essencial para o ser humano e é o que impede que nossa mente seja tomada pela ilusão, pela Maya. Mantermos os pés no chão, conscientes de que todos são iguais espiritualmente e materialmente e que, além de tudo, temos acima de nós uma inteligência suprema e criadora, é parte do sentido da vida e do aprendizado da jornada espiritual.
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Valorize a família
Não há nada no mundo mais importante que a família. Não há laços mais profundos e de amor que podem ser estabelecidos. Lembrando que amigos também podem ser parte da nossa família, justamente quando mantemos com eles relações de proximidade, intimidade, troca e amor incondicional. Saiba relevar os defeitos que sua família possa ter, pois certamente nenhuma família é perfeita assim como ninguém é perfeito também. Claro que há casos onde se afastar é a melhor solução, até mesmo para preservarmos a vida de relacionamentos abusivos. Entretanto, ainda assim, o faça de forma amorosa, grata, sem agressões físicas e emocionais e entregue aquela relação nas mãos de Deus. Ele sabe os porquês.
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Gratidão sempre
Agradeça, agradeça e agradeça. Pelas coisas boas, pelas coisas ruins, pelas soluções e pelas dificuldades. Tudo, absolutamente tudo é uma oportunidade e está correto. Agradeça ao universo e ele continuará conspirando a seu favor. Sempre que não estiver satisfeito, agradeça também pela oportunidade de se sentir incomodado e então poder buscar pelo melhor.
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Amar sem limites
Ame incondicionalmente e cada vez mais. Todos, tudo, sem limites ou barreiras. Ame a você em primeiro lugar. O amor é um sentimento puro e não está apenas relacionado ao sentimento por outra pessoa, é também a compaixão pela vida e por tudo que faz parte dela.
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Seja sempre empático
Coloque-se no lugar do outro, sempre. Tenha a humildade de perceber que, muito provavelmente na situação do outro, você teria as mesmas atitudes. Caso você se sinta mais evoluído e tenha a certeza que não agiria da mesma forma, dobre sua empatia. Aquela pessoa precisa muito do seu exemplo, da sua compreensão, pois sem isso ela jamais conseguirá evoluir.
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Não julgue nunca
Não cabe a ninguém julgar e sentenciar ninguém. Não é esse o propósito da existência, mas sim a empatia, amor e compreensão. Ao contrário, utilize cada oportunidade que sente vontade de julgar para refletir sobre você mesmo.
Que atire a primeira pedra quem não tiver pecados, não é?
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Perdoe 70 x 7
Perdoar é divino e ajuda muito mais a quem perdoa do que quem é perdoado. Não significa esquecer e evitar que a pessoa pague pelos erros que cometeu. Basta dizer com o coração; eu te compreendo e te perdoo. Eu também erro, eu também não sou perfeito. Vamos seguir em frente, estamos livres para continuar.
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Seja grato ao que o outro oferece
Todos que passam pela nossa vida tem algo a nos oferecer. Mesmo quando esse “presente” parece de grego, mais uma vez seja grato. Talvez essa situação ruim ou mágoa que o outro está trazendo é um remédio amargo que vai levar você a um processo de cura, que você sequer poderia imaginar. Além disso, ninguém dá o que não tem. Se tudo o que você oferece é bom, seja empático em relação aqueles que ainda não estão no mesmo local da jornada espiritual que você.
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Compartilhe
Sozinhos, nada somos. Acumular também não nos leva a lugar algum. Compartilhe seu tempo, seu dinheiro sua comida, sua roupa, seu conhecimento e não espere nada em troca. Doar, seja o que for, é a prova máxima que Deus age em sua vida, pois quem nada têm nada pode doar. Seja generoso com todos e o universo nunca deixará de te abençoar e socorrer.
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