Crianças orquídea – Hipersensíveis à educação dos pais
Algumas crianças demonstram grande sensibilidade perante às mudanças que acontecem ao seu redor. Elas reagem de forma mais intensa aos sons, percebem uma mudança mínima em sua alimentação e se irritam ou tranquilizam de acordo com o estado de ânimo dos seus pais. Enquanto outras, se mostram menos vulneráveis e parecem lidar bem com as mudanças que ocorrem ao seu redor, como se não as impactassem tanto. Acredita-se que os pequenos mais sensíveis são as crianças orquídea. Entenda melhor sobre o assunto neste artigo.
“A educação modela as almas e recria os corações”
Como surgiu o conceito de crianças orquídea?
Em uma pesquisa realizada por psicólogos da Universidade da Califórnia, cientistas propuseram um conceito intrigante sobre a forma de reagir das crianças diante a educação que recebem. Eles afirmam que existem crianças que são como orquídeas, que murcham em resposta a uma infância difícil, mas prosperam em um ambiente positivo.
No oposto, encontram-se as crianças mais parecidas com dentes de leão, que são menos afetadas por fatores externos e demonstram uma atitude mais resiliente.
As almas sensíveis das crianças orquídea
Os psicólogos traçaram desde essa pesquisa, a teoria da “Sensibilidade Biológica ao Contexto”. De acordo com ela, o temperamento das crianças é um fator essencial para determinar como vão reagir diante a diferentes tipos de educação.
Eles verificaram que realmente existem crianças que reagem de forma mais negativa a estímulos do meio, mostrando mais irritabilidade e medo, enquanto outras conseguem controlar suas reações e se mostram mais abertas e dispostas a explorar.
Um grupo de psicólogos da Universidade de Utrecht confirmou essa teoria a partir de uma meta análise na qual compilaram os resultados de 84 estudos que envolveram 6.153 crianças. Eles analisaram o temperamento infantil, o desenvolvimento das crianças e o estilo educativo dos pais levando em conta diversos indicadores, de problemas de conduta ao desempenho acadêmico.
Desta forma, concluíram que há crianças que são especialmente sensíveis desde muito cedo ao estilo educativo de seus pais. Elas geralmente são descritas por seus pais como crianças difíceis, uma vez que têm emoções à flor da pele e reagem mais intensamente aos problemas e conflitos.
Genes que podem servir para o bem ou para o mal
A existência de crianças especialmente vulneráveis não é novidade, mas a perspectiva do conceito das crianças orquídea é nova. Este conceito demonstra que os pequenos podem alcançar grandes feitos, se receberem uma educação sensível e estimulante.
Uma explicação possível para este fenômeno estaria ligada aos genes. Os geneticistas da Virginia Commonwealth University investigaram a influência do gene CHRM2, ao qual se relaciona a dependência do álcool, nas condutas auto destrutivas da adolescência e o comportamento antissocial da juventude. Os receptores químicos deste gene estão vinculados à funções cerebrais como aprendizado e memória.
Os pesquisadores colheram amostras do ADN de 400 crianças na idade pré-escolar para analisar as variações do gene. No começo da pesquisa, as crianças não tinham problemas de conduta e elas receberam acompanhamento anual, até completarem 17 anos, analisando comportamentos e o tipo de educação dos pais.
Durante esse tempo, os cientistas comprovaram que as crianças que tinham variação do gene CHRM2 cresciam sendo mais afetadas por um estilo de educação negligente e distante emocionalmente, se tornando jovens problemáticos.
Mas, quando as crianças que tinham a mesma variação genética recebiam uma educação positiva, em que o amor, compreensão e sensibilidade prevalecem, tinham comportamentos muito melhores e chegavam mais longe que os outros.
A educação positiva é essencial
Estas pesquisas nos mostram que apesar da genética, o temperamento ou sistema nervoso de uma criança, a educação que vai determinar e desempenhar um papel chave na pessoa que ela vai se tornar.
A genética não condena e cada vez mais as pesquisas mostram que a expressão dos genes é definida pelo estilo de vida. É comprovado que o estresse de uma mãe pode afetar geneticamente a formação cerebral dos filhos.
Por isso, ao nos depararmos com uma “criança difícil”, sejamos professores ou pais, não devemos limitá-la ou catalogá-la. Precisamos pensar que ela é uma flor mais sensível que as outras, que é uma das crianças orquídea. Depende apenas de nós para que ela desenvolva ao máximo seu potencial, através do nosso amor e paciência.
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