Quem era o daemon que falava com Sócrates?
O filósofo Sócrates ouvia uma voz. E ele chamava essa voz de daemon. É incrível como olhos espiritualizados conseguem identificar sinais de mediunidade e contato com o mundo espiritual, quer a academia tradicional tenta ignorar. Eles estão por toda parte! Na filosofia, Sócrates não era o único, pois, existem relatos de pensadores que experimentaram viagens astrais. Na ciência, idem.
“Nós somos do tecido de que são feitos os sonhos”
As pessoas ficariam chocadas com a quantidade de cientistas que fizeram descobertas através de sonhos, ou alegam que durante o sono receberam informações vitais para seus trabalhos de uma entidade. Einstein mesmo sonhou com a teoria da relatividade. Pois é.
Mas quem era esse daemon que falava com Sócrates? Um demônio? Um mentor? Vem saber!
O que é um daemon, afinal?
Como muitas coisas da história humana, os daemons também sofreram uma influência negativa da igreja e foram demonizadas. Se não é o espírito santo e não está acontecendo dentro do círculo católico, só pode ser o demônio agindo. Então, os daemons são considerados demônios, mas essa concepção está bem equivocada. A palavra daemon tem origem na Grécia Antiga e diz respeito a entidades espirituais, um tipo de ser se assemelha aos gênios da mitologia árabe. Nessa tradição, um gênio é uma entidade sobrenatural do mundo intermediário entre o angélico e o humano, associada ao bem ou ao mal, que rege o destino de alguém ou de um lugar. Geralmente, são descritos como virtuosos e protetores. Eles são deuses relacionados a determinadas entidades da natureza humana, como a loucura, a ira, a tristeza, etc. Xenócrates, por exemplo, associava os deuses ao triângulo equilátero, os homens ao escaleno, e os daemons ao isósceles.
O temperamento do daemon liga-se ao elemento natural ou vontade divina que o originou. Ou seja, os daemons tanto podem estar ligados ao que é “bom” ou “mau”, conforme as circunstâncias do relacionamento que estabelece com aquele ou aquilo que está sujeito à sua influência.
No plano teleológico, os gregos falavam de eudaemon ( “bom”, “favorável”) e cacodaemon ( “mau”). Por isso, a palavra grega que designa o fenômeno da felicidade é Eudaimonia, e ser feliz para os gregos significava viver sob a influência de um bom daemon. O conceito de daemon também conecta esses seres aos elementos da natureza e espíritos que regem ou protegem um lugar. Como vemos, o termo daemon da qual se originou o termo demônio, não era, na Antiguidade, associada à parte espiritual má, como nos tempos modernos.
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O daemon de Sócrates
Sócrates ouvia frequentemente uma voz que lhe transmitia mensagens e ensinamentos. Dizem que ele ouviu e obedeceu a voz dessa presença invisível até o momento de sua morte. Sócrates nunca escondeu esse fenômeno de ninguém. Hoje em dia, psiquiatras e psicólogos modernos se apressariam em dizer que uma pessoa como Sócrates sofre de alucinações auditivas. Mas será que o filósofo que foi um divisor de águas na filosofia grega não passava de um homem louco? É claro que não.
Sabemos que todo o conhecimento que produzimos na Terra tem origem (e permissão) divina. Gênios da humanidade que fizeram grandes revoluções foram encarnados para esse fim, e quase sempre recebiam inspiração espiritual para concluírem suas obras. Por isso existem tantos fenômenos sobrenaturais que envolvem cientistas e pensadores, por mais que a história tente ignorar esses casos. E com Sócrates essa influência só era mais intensa, e, como ele não fazia questão de esconder essa relação, esse fato sobreviveu ao tempo e chegou ao nosso conhecimento. Sócrates dizia que desde que era uma criança, uma voz o impedia de fazer coisas. Mas ela nunca o induzia a fazer nada. Não era uma voz que comandava, mas sim orientava. Isso significa que o seu daemon nunca teve a intenção de interferir em seu livre arbítrio. Ele apenas sugeria, orientava ou transmitia ensinamentos. É provável que se tratasse de uma entidade voltada para o bem e o amor, com a missão de instruir e intuir um dos maiores filósofos da história.
“Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”
E essa curiosidade sobre Sócrates resistiu ao tempo graças aos outros filósofos, já que Sócrates mesmo não deixou nada registrado. Sócrates revelou a Platão que a influência do daemon sobre ele era fruto da divindade, que se manifestava através de oráculos, sonhos e na forma de voz. E as orientações do daemon de Sócrates se confirmaram verdadeiras em várias ocasiões, tal como é relatado pelos seus discípulos. Certa vez, Sócrates conhecia um rapaz chamado Charmines, que estava pronto para participar de uma competição esportiva. Sócrates advertiu Charmines que não participasse do evento, pois uma voz o havia informado que algo ruim iria ocorrer. Mas Charmines, ignorando os apelos de Sócrates, resolveu competir. Durante os jogos, ele sofreu uma séria lesão. Em outra ocasião, Timarco estava bebendo com Sócrates e logo depois iria cometer um assassinato. Sócrates disse a Timarco que não fosse, pois seu daemon o havia informado que isso lhe traria muitos problemas. Timarco também não ouviu os conselhos de Sócrates, saiu e logo em seguida foi morto.
Uma situação engraçada que ocorreu, com a ajuda do seu daemon, é relatada por Plutarco, um historiador antigo. Certa vez, enquanto caminhava junto com os discípulos num campo, Sócrates subitamente parou de andar, por causa do aviso que recebeu de seu daemon para que se parasse onde estava e não continuasse. Os discípulos prosseguiram em sua caminhada, mesmo com Sócrates parado. Logo, eles foram cercados por porcos enlameados e agressivos, que os deixaram com muito medo e totalmente sujos de lama. Sócrates apenas riu.
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Falar com um daemon custou caro a Sócrates
Sócrates foi condenado à morte no ano 399 a.C., através de julgamento onde foi injustamente acusado de corromper a juventude, não adorar os deuses e violar as leis da sociedade ateniense. Claro que outros elementos além do daemon ajudaram a condenar Sócrates, mas essa peculiaridade contou para que ele fosse marginalizado pela sociedade e condenado à morte. Após a condenação, Sócrates foi obrigado a tomar uma bebida chamada de cicuta, um veneno mortal.
Sócrates fez uma admirável e digna defesa, mas que não resultou como esperado. E parece que, nesse momento, o daemon se calou. E Sócrates, nem mesmo perante o silêncio de seu guia, perdeu sua fé no fenômeno. Essas foram as palavras dele para explicar o que havia acontecido:
“Até hoje, o oráculo familiar, no meu interior (o daemon), sempre se opôs a mim, até mesmo em questões insignificantes, quando eu estava para cometer um engano. Mas agora, como vocês podem ver, estou face a face com aquilo que geralmente se acredita ser o derradeiro e pior mal. No entanto, a voz não me deu sinal de oposição, nem quando deixei minha casa esta manhã nem quando entrei no tribunal. Ela permaneceu calada enquanto eu falava e ante tudo o que eu pretendia dizer. Em outras ocasiões, ela me fez parar até no meio de um discurso. Agora, porém, ela não se opôs a nada do que eu disse ou fiz nesse assunto. Como posso explicar isso? Deixem-me dizer-lhes: considero o seu silêncio como uma aprovação do que estou dizendo. Os sinais costumeiros, por certo, opor-se-iam a mim, estivesse eu caminhando em direção ao mal, melhor do que ao bem. Meu fim, que se aproxima, não está acontecendo por acaso. Vejo, muito claramente, que morrer e pela morte ser libertado será melhor para mim; e, por isso mesmo, o oráculo não me deu nenhum sinal.”
“Todas as religiões nos garantem que vai ser muito melhor depois, e todas elas têm ritos que falam da dor e da tristeza. Se nós fôssemos, de fato, religiosos, comemoraríamos a morte de uma pessoa. Mas como não somos de fato religiosos, apenas temos crenças religiosas, nós sentimos essa dor eterna”
Vemos que o conhecimento espiritual de Sócrates era ainda maior que sua filosofia. Ele considerou o silêncio da entidade como uma aprovação, e mais, percebeu que a morte não é o fim nem muito menos um castigo, mas sim uma libertação.
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