Desencarnes trágicos que comovem: a Deus Boechat
A morte é a única certeza da vida e chega igualmente para todos. Porém, a maneira que fazemos a passagem, a forma que desencarnamos, é diferente para cada pessoa. Umas tem a benção de morrer dormindo ou ter ataques fulminantes do coração; outras, padecem por algum tempo com doenças terríveis, dores e aflições. Já alguns, por alguma razão, morrem de forma trágica, envolvidos em acidentes trágicos o mortes violentas. Mas será que esse tipo de desencarne é bom ou ruim? Será que existem motivos que levam os espíritos a fazer a passagem para o universo espiritual de forma mais dramática?
“Quantos mortos trago vivos no fundo do coração? E dentro de mim, quantos vivos, há muito mortos estão”
Primeiramente, devemos ter em mente que ninguém morre antes da hora. Não só o nascimento como também a morte, são planejados e possuem data e hora exatas para ocorrer, devido a circunstâncias que não nos cabe conhecer.
Vamos saber um pouco mais?
Por que alguns tem a experiência de mortes trágicas?
Como tudo no universo espiritual, cada caso é um caso e não é possível chegarmos a uma conclusão única para todos os casos. Tudo depende de cada consciência e o que ela veio buscar na atual encarnação.
Há casos onde o desencarne trágico ocorre por resgate, por ações cometidas em vidas passadas, e são uma prova. Aquele espírito planeja um desencarne mais trágico por sua própria vontade, pois deseja resgatar um karma de ações cometidas no passado como forma de expansão de sua consciência. Muitas vezes, após sua morte, ele entende a dimensão de seus atos e fica atormentado com o mal que causou e não aceita para sua próxima experiência nada menos do que a dor que causou a terceiros. Assim, o espírito planeja o momento e a forma como vai desencarnar, mesmo que, para nós, tão limitados na visão espiritual e envoltos em profunda dor, pareça absurdo pensar que um determinado acidente tenha sido planejado e seja justo, perfeito, parte dos planos espirituais de Deus e do próprio espírito.
Outras vezes uma morte trágica pode não ter sido planejada, mas ser fruto de escolhas erradas que aquele espírito tomou em vida e que causam desequilíbrios psíquicos e energéticos muito fortes. Podem ter se envolvido em situações de perigo que não estavam no planejamento cármico, caminhando para o encontro de uma morte trágica e que poderia ter sido evitada, caso o livre arbítrio não tivesse ocasionado as escolhas erradas daquela consciência. Quem arrisca constantemente sua vida pode ser utilizado como exemplo: viciados em adrenalina de esportes radicais podem encontrar uma morte acidental e trágica, que é devida simplesmente ao fato de estarem desvalorizando o presente da vida e colocando constantemente sua existência em risco.
Há casos também onde uma morte prematura pode ser forçada pelo plano espiritual, para que aquele espírito não prejudique ainda mais sua própria vida e de terceiros, comprometendo por completo sua encarnação quando produz mais karma negativo do que positivo. Nesses casos vemos ainda mais a ação da misericórdia divina agindo, através da oportunidade de um grande resgate que será, a longo prazo, benéfico para aquele espírito e aqueles ligados a ele.
Por fim, temos exemplos de espíritos que tem uma trágica passagem por missão. Seus exemplos de amor e tolerância geram antipatias nas pessoas mais embrutecidas, despertando ódio e revolta, como por exemplo Gandhi ou até mesmo Jesus. A abnegação dessas consciências é tão grande que, por amor a humanidade, aceitam os riscos da experiência de uma morte trágica como possíveis consequências de sua missão na Terra. Mais uma vez, a tragédia tem a ver com amor.
Não há regra. A verdade é que pouco nos ajuda questionar e exigir respostas, pois elas em nada vão mudar a situação, não podem trazer quem amamos de volta e prejudicam a aceitação, único caminho em que podemos encontrar alguma paz. É natural que tenhamos a ânsia por respostas e que os questionamentos à espiritualidade sejam intensos, já que a primeira pergunta que endereçamos à Deus é “por que eu? O que eu fiz de errado?”. Mas nunca é um castigo e nem todos os acontecimentos tratam de nós e de nossa dor.
”Saudade é um sentimento que, quando não cabe no coração, escorre pelos olhos”
Para quem já sofreu com essa situação, lembre-se que Deus é misericordioso e justo, e sempre estará emanando bênçãos a nós. A vontade de Deus é sempre boa, agradável e perfeita.
O retorno ao universo espiritual
Muitos questionam se quem sofre um desenlace trágico possui algum tipo de sofrimento no momento ou se carrega para o plano espiritual sua agonia. Se buscarmos essa resposta em uma ótica mais ampla e espiritualista, podemos constatar que na verdade tudo depende das conquistas em vida e do nível de consciência daquele espírito.
Muitas vezes o acidente, seja ele qual for, ocorre de forma tão rápida que não há sofrimento algum. Essa rapidez também impacta na consciência, que muitas vezes é arrancada do corpo de forma brusca e leva um tempo para perceber que desencarnou. A consciência se vê como espírito e, dependendo da crença nutrida em vida, pode se assustar com a continuidade da vida após a morte e com o quão vivos se sentem.
Já outros são imediatamente adormecidos e já acordam em hospitais e centros de acolhimento nas cidades astrais. Acredito ser este o caso da maioria dos espíritos, sempre auxiliados pelos amigos espirituais e mentores e, dependendo da dimensão e impacto daquela morte naqueles que ficam, o espírito permanece adormecido até que a confusão na Terra se dissipe e ele possa acordar e compreender sua condição, sem receber as energias de lamento, tristeza e dor daqueles que ficaram.
Do luto à luta: o segredo para continuar a vida
Certamente, o processo de luto é fortemente impactado quando se trata de um desencarne inesperado e trágico. Quando alguém que amamos adoece e se inicia um processo de deterioração do corpo físico, o próprio sofrimento do doente trata de nos preparar e conformar para uma eventual passagem para o mundo espiritual. O amor que sentimos é tão grande que ultrapassa qualquer forma de egoísmo que possamos ter, e preferimos ver nosso ente querido descansar do que continuar conosco, sofrendo. Porém, quando chega uma morte trágica e inesperada, somos privados desse processo e sofremos um impacto muito maior, prolongando também o tempo que levamos para compreender, encarar e aceitar aquele desencarne. A aceitação é a maior benção que existe.
O luto é sem dúvida muito maior, afinal, fomos pegos de surpresa. Tudo parecia correr bem, até que de uma hora para outra, aquela pessoa que amamos não está mais lá. A presença da ausência é quase insuportável. Custamos a acostumar. Porém, nunca devemos esquecer que, especialmente para quem partiu, a aceitação daqueles que ficam é essencial. Na medida do possível, devemos procurar algum tipo de conforto, alguma força que nos permita não desmoronar e seguir em frente, pois quando nos afundamos na dor, sofre também quem partiu. E é bom que seja assim, pois esta é a prova de que estamos conectados uns aos outros e que a morte é somente uma passagem para um outro plano, barreira que o amor desconhece. Continuamos, sempre, conectados.
“A saudade eterniza a presença de quem se foi. Com o tempo esta dor se aquieta, se transforma em silêncio que espera, pelos braços da vida um dia reencontrar”
Falar do luto é importante. Infelizmente no ocidente tratamos a morte como um tabu, algo assustador, o fim. Temos a tendência de querer invisibilizar a morte e sofremos uma grande pressão da sociedade para que sigamos em frente o quanto antes. A tristeza incomoda aos outros. Mas, pelo contrário, a tristeza faz parte do luto e da vida e cada indivíduo tem um universo emocional diferente, que processa o luto de formas e em espaços de tempo diferentes. A única certeza é que falar sobre o luto é um ato que ajuda muito na aceitação, a redimensionar os sonhos, dos planos para o futuro, na construção do caminho para o refazimento. Temos que falar e saber ouvir sem julgar, até que o luto se transforme em luta.
O caso Boechat – em 20 minutos tudo pode mudar
Infelizmente o Brasil assistiu a mais uma morte trágica, que fez sangrar a nação em 2019, um ano já tão sofrido. Após Brumadinho, o incêndio no flamengo e as fortes chuvas no Rio de Janeiro e a devastação que causaram nas comunidades como Vidigal, em um acidente de helicóptero terrível o jornalista Ricardo Boechat se foi e, em seu lugar, deixou um vazio que jamais será preenchido. Quase uma unanimidade, era adorado por toda a nação e um profissional de uma importância tremenda, voz que gritava alto em nossos corações.
“Foi-se um amigo. Boechat fez muito pela democracia e pela transparência no Brasil. Cumpriu integralmente a missão. Meu coração está apertado. Adeus, Ricardo. Tudo ficou menor hoje”
Segundo a sensitiva Márcia Fernandes, Boechat é um exemplo de morte trágica sem karma. Em sua análise para uma emissora de televisão, a sensitiva analisa a conjuntura dos planetas no momento da morte: Urano em Áries significava presença de fogo e possível acidente, possível partida. Ela ressalta que Boechat era uma alma encantadora, Iluminada e sem karma. Era um grande operário do jornalismo, de íntegro caráter, incansável para o trabalho e com missão para com a nação brasileira. Dedicou sua vida a profissão e família, sempre ligado às causas humanas mais nobres, motivo pelo qual era tão adorado por todos os brasileiros, independente de classe social, idade ou ideologia.
Mas então o fato de não ser um karma torna o acidente aleatório? Não. A espiritualidade age de forma misteriosa e os motivos da partida de Boechat ficam pequenos perto da grandeza dessa alma.
Ricardo Boechat nasceu no dia 13 de julho de 1952, em Buenos Aires. Filho de diplomata, o pai estava a serviço do Ministério das Relações Exteriores na Argentina quando Boechat nasceu. Ele trabalhou em O Globo, TV Globo, O Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil e O Dia, e atualmente apresentava o Jornal da Band e era a estrela da Rádio Band News.
Boechat foi ganhador de três prêmios Esso de jornalismo, Prêmio Comunique-se e do Troféu Imprensa como melhor apresentador de telejornal. Partiu aos 66 anos, deixando uma mãe idosa, a esposa “doce Veruska” como costumava chamá-la e 6 filhos: Valentina, 12, Catarina, 10, Bia, 40, Rafael, 38, Paula, 36, e Patrícia, 29.
“A morte do Boechat nos empobrece. É bem mais do que perder um jornalista brilhante. É perder uma consciência lúcida, iluminada, que sabia ver o Brasil sem partido, sem paixões. Morre com ele a coragem que a muitos encorajava diariamente.
Num momento em que nos sentimos tão pobres de referências, perdê-lo nos faz querer chorar por todos os motivos dos últimos dias.
Um choro só. Pela lama, pelos desabrigados, pelos meninos. Tudo de uma só vez.”
A Deus, Boechat. E obrigada. Em menos de 20 minutos, tudo mudou. Mas seu legado será eterno, assim como a saudade que você deixará.
Saiba mais :