Cripto-religião: como as religiões recebem as doações e as gastam
Ex-CEO da Augur e autodeclarado ateu, Matt Liston resolveu criar uma religião inspirada na maneira como o blockchain auxilia os grupos a chegarem em um consenso. Chamada de ‘0xΩ’ (Zero x Ômega), ela é a primeira religião com esta inspiração.
Segundo publicação da Forbes, a 0xΩ foi criada como parte de um esforço que seu criador concebeu para mudar o modo como as religiões tradicionais recebem doações e as gastam. Segundo o artigo de Michael del Castillo, com os donativos sendo realizados via blockchain haveria então um caminho para se acabar com uma indústria bilionária.
Como funciona a religião 0xΩ?
Segundo o criador da religião, na cripto-religião Zero x Ômega há um consenso coletivo que ocorre via blockchain. Desta forma, nela não existiria um líder, como é o Papa para o catolicismo, por exemplo. Além disso, Liston acredita que é não é preciso se alinhar a uma religião nova, mas sim cada um pode ali ter sua religião já existente e colocar seus dogmas em uma blockchain.
“O 0xΩ é uma plataforma religiosa que permite que o conjunto das nossas crenças seja atualizado de forma mais dinâmica, que democratiza a relação entre os membros e promove a convergência sobre o que todos acreditam nesta religião”, disse Liston à margem do lançamento, segundo noticia a Forbes.
A ideia fundamental é que o blockchain poderia eliminar a necessidade da fé baseada numa autoridade governante. Em muitas das principais religiões de hoje, as crenças e decisões dos líderes – o papa, o Dalai Lama, o chefe rabino – são difundidas para o restantes fiéis.
Nas religiões tradicionais, um seguidor comum tem muito pouca influência na evolução nas crenças centrais da religião. O 0xΩ funcionaria de forma diferente. Os fiéis teriam sempre uma palavra a dizer. Os fiéis poderiam decidir alterar partes dos textos da religião blockchain (começando com o “papel chama”) ou começar a usar doações para apoiar determinadas causas de caridade.
Segundo Liston, criador da religião, a Zero x Ômega seria um mecanismo de adoração, um quadro religioso que poderia permitir que as crenças se atualizem com mais velocidade. Isso permitiria maior democratização na relação entre os membros e ainda proporcionaria a convergência sobre todos os que acreditam na religião.
Matt Liston também afirma que não gostou de ter recebido o título de Cripto-Profeta ou Cripto-Cristo, pois considera inapropriado. Ainda que autodeclarado ateu, ele cresceu como um judeu.
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A Bíblia da 0xΩ
Simplificando as coisas, na “religião” do blockchain haverá o fornecimento de um livro digital com as regras e também com as crenças daquela religião. Todos os membros daquela religião então poderão ver e votar nelas antes que elas passem a ser leis canônicas. Somado a isso, os seguidores então receberão um símbolo que permitirá a sua participação na fé, o “Ômega”, que funciona como a bíblia da religião.
Para Liston, todas as religiões poderiam se beneficiar do uso do blockchain como uma forma de mecanismo de feedback e também para que seja realizado o gerenciamento das doações e dos gastos. Isso faria com que tudo ficasse mais transparente para os fiéis e com que eles não se sentissem roubados. Além disso, o valor de armazenamento das criptomoedas dependerá do quanto os usuários acreditam que devem ter valor, funcionando como feedback. E a votação dos dogmas também permite aos acionistas a renovação dos estatutos, tornando a religião mais próxima da crença de seus fiéis.
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