Dia Mundial da Saúde Mental: seu corpo está pedindo descanso? Como identificar os sinais?
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O Dia Mundial da Saúde Mental, relembrado em 10 de outubro, foi instituído pela Federação Mundial de Saúde Mental, em 1992. O objetivo é dar atenção à importância de cuidar da saúde mental. Doenças relacionadas ao psicológico eram carregadas de estereótipos, muitos deles já foram superados, porém não em sua totalidade. Muitas pessoas ignoram sinais que o corpo dá de que precisa de ajuda psicológica, seja porque não acreditam ser necessário ou porque desconhecem.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera a saúde mental prioridade e, diferente de problemas estritamente de saúde, é preciso estar alerta em relação aos sintomas, como alteração no sono e/ou na alimentação, falta de disposição, apatia, entre outros sinais que podem dizer que algo não está bem. As doenças e transtornos mentais já são consideradas as causas que mais incapacitam pessoas no século XXI.
De acordo com dados disponibilizados pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), a estimativa é de que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofrem de depressão no mundo. “A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças”, alerta o site.
Saúde Mental é parte de um direito que dever ser garantido
As psicólogas Marianne de Oliveira Herek e Thailana de Souza Alves explicam que a saúde mental é parte de um direito fundamental à saúde e deve ser garantido. “Falar sobre saúde mental é falar também sobre qualidade de vida, boas condições de trabalho, sobre acesso à moradia, à alimentação, educação, mobilidade urbana, cultura e lazer. Não existe saúde mental de qualidade sem mínimas condições de acesso a direitos fundamentais”, esclarecem.
Em países de baixa e média renda, entre 76% e 85% das pessoas com transtornos mentais não recebem tratamento, e em países de alta renda, os números ficam entre 35% e 50%, segundo a Opas. Um dos principais problemas é a falta de acesso da população a tratamentos adequados, seja pelo sistema público ou particular. A qualidade do serviço prestado ainda é precária no Brasil e pessoas com transtornos mentais graves, muitas vezes, ficam sem apoio social, o que dificulta a inserção na vida profissional e social.
O estresse é o principal fator que contribui para transtornos mentais, mas ele não está sozinho: genética e nutrição também entram na lista. As profissionais dão algumas orientações para aliviar o estresse do dia a dia. “Se for possível, não preencha seus dias apenas com atividades obrigatórias, busque um espaço no seu dia onde seja possível relaxar e entrar em contato com você, além de todas as atividades a serem desempenhadas”, aconselham. “Escute uma música, leia um livro, veja um filme, tome um sorvete, converse com um amigo sobre o que você vem passando; priorize coisas que te tragam bem-estar; diga ‘não’ quando precisar; respeite seus limites; se permita errar e aprender; valorize suas pequenas conquistas”, acrescentam.
Fique atento aos sinais
Em rotinas inesperadas e estressantes, a preocupação e autocobrança excessivas podem consumir e adoecer o corpo. As psicólogas apontam que além de fatores físicos, como cansaço, baixa imunidade e dores no corpo, esse comportamento também pode gerar insatisfação, baixa autoestima e autocrítica constante.
Cada organismo apresenta sinais diferentes para o esgotamento, mas existem alguns aspectos que são importantes considerar, de acordo com as especialistas:
- Se após a realização de atividades o sentimento de insatisfação toma conta, é preciso observar o porquê ele é produzido.
- Sentir-se extremamente cansado após realizar suas tarefas.
- Quando a preocupação com o trabalho e tarefas a serem desempenhadas invadem os momentos de lazer/descanso.
Esses são alguns sinais de que não apenas seu corpo, mas, principalmente, sua mente está esgotada e pedindo um descanso.
Saúde mental e pandemia
A pandemia da Covid-19 causou muitas mudanças comportamentais e as consequências, se ainda não vistas, estão começando a aparecer. A OMS fará pela primeira vez um evento global virtual de conscientização neste ano no Dia Mundial da Saúde Mental, com líderes mundiais, especialistas e celebridades. A campanha terá como tema aumentar os investimentos em favor da saúde mental, pois muitas pessoas ainda não tiveram ajuda para lidar com o isolamento e o luto causados pela pandemia.
O colapso da saúde, milhares de mortes e a insegurança trouxeram consequências diretas sobre a saúde mental, é o que alertam as psicólogas. “A pandemia modificou nossas relações e as formas de viver, trouxe um medo constante para algo que temos pouco controle, o que é considerado um fator extremamente estressante e contribui para o agravamento de várias condições psicológicas. O isolamento, a cobrança por produtividade, as comparações, o luto, o medo do futuro e as mudanças na rotina, interferem diretamente na forma como olhamos e lidamos com a nossa saúde mental”, explicam.
Elas também comentam que a vida social é outro fator imprescindível para uma vida de qualidade, o que foi gravemente alterado com a pandemia. O fato fez com o que o tema saúde mental ganhasse destaque nos noticiários e nas conversas. Fornecer escuta e ajuda para as pessoas que estão ao nosso redor, e informações sobre acesso à saúde mental pública nunca foram tão importantes como agora.
Dicas para o dia a dia
As psicólogas dão seis dicas do que pode ser feito no dia a dia e incluído na rotina de forma simples, a fim de ajudar a manter a saúde mental em dia.
- Descanso: o sono regularr interfere no equilíbrio emocional. Se possível, tente dormir 8 horas por dia.
- Alimentação: na medida do possível tente se alimentar melhor, evitando alimentos ultraprocessados. Um mau hábito alimentar pode prejudicar a nossa saúde, inclusive no âmbito mental, quando não ingerimos alguns nutrientes fundamentais para o bom funcionamento do nosso organismo.
- Exercícios físicos: além de fazer bem para o nosso corpo, ajuda a extravasar as emoções e liberar endorfina trazendo a sensação de bem-estar.
- Fortaleça seus contatos, ainda que à distância: uma conversa com amigos, manter contato com a família, pode ajudar a aliviar sensações ruins e ajuda a relembrar que existe uma rede de apoio com a qual você pode contar.
- Observe-se: é importante sempre se olhar e se escutar, identificar as situações que vêm te pesando. O autoconhecimento é essencial para que a gente possa se conhecer, entender nossos limites, entender quem somos e onde queremos chegar. Não é um processo muito fácil, pois temos que encarar nossos medos e sair da zona de conforto, mas pode ser libertador. Caso não esteja se sentindo emocionalmente bem, busque ajuda, seja da sua rede de apoio ou se possível, uma ajuda profissional.
- Entenda que tudo bem não se sentir bem às vezes, idealizamos uma vida plenamente feliz e nos comparamos com outras pessoas. Esquecemos que não temos acesso a tudo aquilo que o outro sente e acreditamos que há algo de errado conosco. Felicidade completa não existe, existe em todos nós uma parcela de sofrimento e isso faz parte do ser humano.
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