Qual a diferença entre mediunidade e animismo?
É um dos temas mais controversos da comunidade espírita. A diferença entre animismo e mediunidade é um debate que teve início há mais de um século e continua a levantar algumas questões, dividindo por vezes opiniões. Foi Alexander Aksakof, filósofo russo, escritor, jornalista e grande pesquisador dos fenómenos espíritas, quem utilizou, pela primeira vez, o termo “animismo”. Em seu livro “Animismo e Espiritismo”, publicado em 1890, o autor explica com exemplos reais as principais diferenças entre animismo e mediunidade.
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Mediunidade: a influência dos espíritos
A publicação, posteriormente traduzida para outras línguas, continua até aos dias de hoje a trazer luz e clarificação para o processo de classificação dos fenómenos anímicos. Através de testemunhos, recolhidos ao longo dos anos, o autor faz um enquadramento real de diferentes fenómenos. Mas antes de chegarmos à definição de “animismo”, é preciso entender que o mediunismo, ou seja, a prática mediúnica, são todos os fenómenos compreendidos no animismo e espiritismo. Desta forma, a mediunidade engloba todos os fenómenos intermediados por médiuns, independentemente da força da sua manifestação, uma vez que as pessoas sentem as influências dos espíritos em diferentes graus de intensidade.
Quatro tipos de animismo
Na definição de Alexander Aksakof, o animismo são “os fenómenos psíquicos inconscientes produzidos fora da esfera corpórea do médium ou extramediúnicos” (transmissão do pensamento, telepatia, telecinesia, movimento de objectos sem contacto e materialização). De acordo com o autor, “temos aqui a manifestação culminante do desdobramento psíquico quando os elementos da personalidade transpõem os limites do corpo”.
No seu livro, o autor classificou o animismo em quatro categorias, que passamos a explicar:
- Ação extracorpórea do homem vivo, comportando efeitos psíquicos (fenómenos de telepatia – impressões transmitidas à distância);
- Ação extracorpórea do homem vivo, comportando efeitos físicos (fenómenos telecinéticos – transmissão de movimentos à distância);
- Ação extracorpórea do homem vivo, sob forma do aparecimento da sua imagem (fenómenos telefânicos – aparecimento de duplos);
- Ação extracorpórea do homem vivo, manifestando-se sob forma do aparecimento da sua imagem com certos atributos de corporeidade (fenómenos teleplásticos – formação de corpos materializados).
Já o espiritismo, segundo Aksakof, são “os fenómenos em que se reconhece uma causa extramediúnica ou supraterrestre, isto é, fora da esfera da nossa existência, provindo de uma personalidade que já viveu no nosso mundo”. Com estas duas definições, torna-se mais fácil compreender as diferenças entre animismo e mediunidade.
Quando a alma se manifesta
Assim, de uma forma simples, podemos dizer que os fenómenos espíritas são protagonizados pelo espírito desencarnado enquanto os fenómenos anímicos são produzidos pelo espírito encarnado. De uma forma ainda mais simples, entende-se que no animismo existe espaço para a intuição do médium e para a expressão da sua experiência, não sendo raras as vezes em que a sua opinião interfere no processo. É por esta razão que o animismo também é conhecido por emancipação da alma, uma vez que assistimos à manifestação da alma humana. Há quem defenda que quanto maior for o grau e o desenvolvimento da mediunidade, menor será a existência de prática anímica. No entanto, é muito difícil alguém atingir um nível de mediunidade em que não haja qualquer tipo de manifestação anímica, por menor que seja.
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