Entenda o que é a Doença Celíaca, condição que atinge 2 milhões de brasileiros. Veja sintomas e receitas
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O Maio Verde é o Mês da Conscientização sobre a Doença Celíaca, condição que atinge cerca de 2 milhões de brasileiros, de acordo com dados da Fenacelbra (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil). É estimado, porém, que há muito mais pessoas que ainda vivem sem o diagnóstico no país.
“A DC (Doença Celíaca) é uma desordem sistêmica, autoimune, desencadeada pela ingestão de glúten, em pacientes geneticamente predispostos”, informa a farmacêutica e bioquímica Viviane Leite, que foi diagnosticado com a Doença Celíaca em 2005.
A culinarista e estudante de Nutrição Sandra Pereira, que, assim como o filho de 17 anos, tem o diagnóstico há 12 anos, observa que ainda há muito a ser desvendado sobre a doença. “O motivo que leva o indivíduo a desenvolver essa doença ainda está em estudos, mas o que já se sabe é que é necessário um gatilho que ativa a doença. Mas para isso a pessoa precisa ter uma predisposição genética assim como estar consumindo o glúten”, explica.
Pereira e Leite são administradoras de um grupo do WhatsApp que reúne 172 pessoas, no qual compartilham informações sobre a doença, receitas sem glúten e restaurantes em que os celíacos podem comer.
“O glúten é uma fração proteica presente nos seguintes vegetais: trigo (gliadina), cevada (hordeína), centeio (secalina) e aveia (avenina)”, afirma a Mestre em Ciências Farmacêuticas. “Sendo que a aveia pode ter glúten oriundo do trigo, através de contaminação, ou dela mesma. Estudos mostram que 8% dos celíacos reagem também a avenina”, explica Leite.
Pereira conta quais são os principais alimentos que contém a substância. “O pão, tudo que tiver farinha de trigo, centeio, cevada, aveia, malte, e, junto com isso, toda uma gama de alimentos industrializados. Então pães, biscoitos, bolos, pizza, macarrão”, elenca.
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Conheça os sintomas da Doença Celíaca
“Em relação aos sintomas, são muitos, mas não quer dizer que a pessoa celíaca terá todos, pode ser que tenha apenas um ou dois, ou muitos. Há, também, os que não têm nenhum sintoma”, relata a estudante de Nutrição. A farmacêutica acrescenta que existem 300 possíveis sintomas ligados à condição. “Os mais comuns são diarreia e prisão de ventre, flatulência, estufamento abdominal, refluxo, desnutrição, aftas de repetição, defeitos no esmalte dentário, depressão, irritabilidade, fadiga crônica, enxaqueca, dores articulares, infertilidade e aborto de repetição”, pontua.
Ambas ressaltam que não são só os celíacos que não podem consumir glúten. Há também pessoas que tem alergias mediadas pelos anticorpos IgE ao trigo, cevada, centeio e aveia, e também pessoas que tem a SGNC (Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca). “A condição da SGNC ainda está sendo estudada, porque ainda não se sabe muito a respeito.
São pessoas que fizeram todos os exames e deu negativo para doença celíaca, mas que têm sintomas e reações muito semelhantes à pessoa que é celíaca”, descreve Pereira. Em todos os casos, é recomendado que o diagnosticado evite completamente o consumo do glúten, para prevenir um agravamento da infecção intestinal causada pela incapacidade de digerir a fração proteica. “Essa inflamação contínua do intestino pode gerar até o câncer. Se for descoberta muito tarde, pode levar à morte”, alerta.
Exames são necessários para identificar a condição
Leite explica quais são os exames que precisam ser feitos para o diagnóstico de cada uma das patologias ligadas ao glúten. “Para diagnosticar a DC, são feitas dosagens dos anticorpos Antitransglutaminase IgA, Antiendomisio IgA e Antigliadina Deaminada IgA e biopsias das segunda e terceira porções do bulbo duodenal”, explica.
O duodeno é o tubo que liga o estômago ao intestino delgado, e fica inflamado nas pessoas que não conseguem digerir o glúten, caso elas não parem de consumi-lo. “Para descobrir alergias, são feitas dosagens dos Anticorpos IgE específicos para os cereais que tem glúten.
Já o diagnóstico para SGNC é feito quando o paciente passa mal após a ingestão do glúten e não tem nenhum dos exames de DC ou alergias positivo, então, por exclusão, o médico faz este diagnóstico”, conta a farmacêutica e bioquímica.
Além dos alimentos que já contêm glúten em sua composição, em restaurantes, cozinhas e fábricas que preparam comida sem glúten junto de alimentos que o têm, os demais produtos podem ser contaminados pelo glúten por estarem no mesmo ambiente, caracterizando o que é chamado de contaminação cruzada. “Para um celíaco que seja mais sensível, às vezes até estar no ambiente de uma pizzaria já pode fazer mal”, revela Pereira.
Receitas sem glúten
A culinarista Sandra Pereira oferece também cursos de alimentação sem glúten e sem leite para os recém-chegados no grupo do WhatsApp. Ela e Viviane Leite compartilham receitas que criaram para suas famílias e para todos os celíacos:
Bolo com passas e frutas cristalizadas (Sandra Pereira da Silva)
Ingredientes:
- 3 ovos;
- 1 xícara de açúcar mascavo;
- Meia xícara de óleo;
- 1 xícara de água;
- Meia colher de café de canela em pó;
- Meia colher de café de cravo em pó;
- Casca de limão (casca da metade de um limão);
- 1 colher de sopa fermento químico;
- Meia colher de café de bicarbonato de sódio;
- 1 xícara e meia de farinha preparada;
- Meia colher de café de goma xantana;
- Meia xícara de uvas passas;
- Meia xícara de frutas cristalizadas.
Farinha Preparada:
- 1 xícara de farinha de arroz;
- 1 colher de polvilho azedo ou doce (colher de sopa);
- 1 colher de fécula de batata ou maisena;
- Multiplique a quantia de vezes que desejar guardar em pote tampado.
Modo de Preparo:
- Leve ao fogo a água, a canela, o cravo e a casca de limão (faça um chá);
- Ferva e deixe esfriar. Observação: tirar a casca para colocar na massa;
- Na batedeira, bata os ovos, açúcar, óleo, acrescente a farinha, o chá que já deve estar frio;
- Bata bem, acrescente a goma xantana e continue batendo, acrescente o fermento, o bicarbonato e as uvas passas e frutas cristalizadas mexa delicadamente, leve ao forno em forma untada, assar em temperatura 180° graus, não precisa estar pré aquecido.
Bolo de chocolate (Sandra Pereira da Silva)
Ingredientes:
- 4 ovos;
- meia xícara de óleo;
- 1 xícara de açúcar;
- 1 colher de chá de cravo em pó (opcional);
- 1 xícara e meia de farinha preparada;
- 1 caixinha de creme de leite;
- 3 colheres de chocolate em pó (confira a embalagem para ver se não tem glúten!);
- 1 colher de sopa de fermento químico.
Farinha preparada:
- 1 xicara de farinha de arroz;
- 1 colher de sopa polvilho azedo;
- 1 colher de sopa de amido de milho misturar tudo e guardar em um pote fechado.
Modo de preparo:
Bater na batedeira ou liquidificador, todos os líquidos, farinha e por último o fermento químico. Coloque em forno pré-aquecido, a 180ºC.
Torta salgada de liquidificador (Viviane Guimarães Moura Leite)
Ingredientes:
- 6 ovos;
- 1 xícara (chá) de óleo;
- ½ xícara (chá) de leite;
- 11/2 xícara (chá) de amido de milho;
- 100g de parmesão ralado;
- 1 colher (sopa) de fermento em pó.
Modo de Preparo:
Bater todos os ingredientes no liquidificador, misturando o fermento por último com uma colher.
Recheio (sugestão):
- 1 maço grande de brócolis cru;
- 2 cenouras médias, raladas;
- 200 g de carne moída ou de frango desfiado;
- Refogar a carne moída ou o frango e temperos a gosto;
- Coloque metade da massa em um pirex untado com margarina e polvilhado com amido de milho, disponha o brócolis, a cenoura e a carne refogada; cubra com o restante da massa e polvilhe com queijo ralado grosso. Coloque em forno pré-aquecido, a 180ºC.
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