Nosso egoísmo pode atrapalhar o desencarne de um familiar?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
“Egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos”
Quando alguém que amamos adoece, nossa tendência é querer evitar a partida. Algumas pessoas sentem tanto medo da perda, que chegam a entrar em um estado quase hipnótico de negação. A dor é grande, especialmente dependendo de quem parte. Mas a morte é a única certeza da vida, um momento que vai chegar para todos. E a forma como encaramos esse momento pode ser mais ou menos dura, de acordo com o preparo que temos e a consciência sobre o que significa a própria morte.
E quando estamos assim, inconformados e desesperados, a vibração que emanamos pode atrapalhar o desencarne de quem amamos?
Conceito de morte: a continuidade da vida
Para iniciarmos a reflexão, é importante pensarmos a respeito da morte e a maneira como somos ensinados a encarar esse momento. Infelizmente, ela ainda é um tabu e a tranquilidade com a qual passamos pela despedida final está diretamente ligada a concepção de morte que temos.
Para quem é materialista, ou seja, que rejeita uma narrativa de vida metafísica e não crê na consciência como uma existência extracorpórea, a morte é imensamente dura. Ela significa o fim, um terrível “nunca mais” que tira o sentido de tudo. Quando um filho se vai, quando uma mãe parte e não há no horizonte a perspectiva do reencontro, o momento pode ser muito traumático e deixar cicatrizes que vão ser carregadas para sempre. Fica uma sensação de impotência e um esvaziamento de sentido toma conta das emoções. Tentamos, então, nos apegar ao máximo ao que ainda resta da pessoa que amamos, pois, qualquer vestígio da vida que um dia esteve ali já é suficiente para satisfazer a nossa vontade de convívio, evitando a dor quase insuportável da separação. Seja como for, fique, não me deixe.
Esse é o pensamento dos corações inconsoláveis, que ainda não conseguem perceber a morte como um processo da continuidade da vida. O sofrimento é imenso. Ocorre que, acreditemos ou não, o mundo espiritual é uma realidade sobre a qual não temos controle e que existe independente da nossa crença. E todas as emoções que sentimos têm impacto primeiro em nós, para depois influenciar o mundo e as pessoas que estão ao nosso redor.
“O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego”
Quando a morte impõe uma despedida dolorosa para quem já tem um nível de conhecimento espiritual, a certeza da continuidade da vida é suficiente para amenizar a dor e impedir que o desespero e angústia sejam as protagonistas do momento. Pouco importa para onde vai aquela pessoa, se foi uma fatalidade, a vontade de Deus ou uma injustiça. Seja como for, a consciência é imortal e simplesmente passa de um plano a outro quando desencarna. Mas permanece viva, o que significa que um dia o reencontro é certo.
Quanto maior nossa espiritualidade, quanto mais conhecemos sobre a nossa origem espiritual, mais ferramentas temos para lidar com a morte, seja de quem amamos ou com a ideia de que nós mesmos podemos deixar este mundo a qualquer momento. O despertar espiritual certamente esbarra na morte e ajuda a construir as bases sólidas para enfrentarmos esse momento com a tranquilidade que ele pede.
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O desencarne: um processo energético
Não é preciso conhecer a fundo os mecanismos espirituais para perceber que existe um processo de desligamento espiritual por trás da morte. Há explosões cerebrais, chakras sendo desconectados, o corte do cordão de prata e a morte de todas as conexões neurais e espirituais que ligam o nosso espírito ao corpo. A morte é, sem dúvida, o processo energético mais forte que podemos passar enquanto consciências encarnadas.
“Devido à sua ambição e egoísmo, o homem faz da sua vida um verdadeiro naufrágio”
E o que isso quer dizer? Bem, se existe um processo energético, significa que ele pode ser influenciado, manipulado, facilitado ou dificultado. Enquanto vemos aquela pessoa partir, a maneira como nós estamos nos sentindo pode tanto ajudar esse espírito no processo de desligamento, como pode também dificultar a partida para outras dimensões. A energia do lamento, da tristeza e da não aceitação são péssimas para quem parte. É natural que tenhamos apego, afinal, somos humanos. Mas é justamente nesses momentos de dor que o amor deve falar mais alto que todas as outras emoções, indo na contramão do ego e dos desejos que nós temos. Em alguns casos, a pessoa não vai ter mais nenhuma qualidade de vida se continuar encarnada, mas nosso egoísmo pede desesperadamente que essa pessoa não vá. Alguns referem a presença física do que o bem-estar do outro. É preciso deixar ir. É essencial deixar a nossa vontade de lado e entrar na vibração do desapego, da gratidão e dor amor incondicional, que não encontra barreiras para continuar existindo. A ausência física dói, mas é preciso vencê-la em nome do amor que sentimos por quem está deixando a vida.
Quando não fazemos isso, podemos estar adiando o desencarne. Os mentores vão esperar o quanto puderem até que os corações estejam pacificados ao máximo na medida do possível. Algumas vezes esse é um pedido do próprio desencarnante, que prefere passar mais um tempo pela dor física e deixar uma mãe, um filho ou um marido mais conformado, do que partir enquanto o desespero e a dor ainda são grandes. O processo então é adiado, implicando em mais tempo de sofrimento físico de quem está no fim de um processo de doença, por exemplo. Essa vibração de dor que emanamos torna o desligamento mais conturbado, perturbado. A dor que sentimos pode ser sentida por quem parte, tornando o momento ainda mais difícil. Manter a lucidez e emanar uma frequência energética mais elevada é como um remédio, uma luz que lançamos sobre o outro e que pode amenizar muito a dor da despedida e processo energético do desencarne.
Como evitar o sofrimento e ajudar
Aí vem a parte difícil: colocar em prática o que já conhecemos através da teoria. A dor é tão material, que em determinados momentos podemos senti-la no corpo, corroendo a nossa carne. Nesses momentos é realmente difícil processar os acontecimentos de acordo com a teoria, e conseguir de fato agir de maneira alinhada a visão e vida que desenvolvemos intelectualmente. Mas este deve ser o nosso norte, a orientação que devemos ter em mente quando passamos por esse tipo de situação.
Primeiro, é sempre bom lembrar que a vida continua. O “nunca mais” deve ser substituído pelo “para sempre”, mudando totalmente o sentido que a morte traz. A consciência não morre e a vida é só uma passagem. Quantas vezes nós mesmos já não nascemos e morremos? Quantas vezes já estivemos no leito de morte daqueles que mais amamos? Quantas despedidas dolorosas nós já passamos? Provavelmente muitas. E foram também muitos os reencontros astrais, onde pudemos nos reunir com quem amamos mais uma vez.
É preciso também não esquecer que todas as consciências reencarnam com um planejamento, uma missão que tem um momento para acabar. Se aquela pessoa chegou no momento final dela, é porque não tem mais nada para fazer ou aprender nesta encarnação. Ninguém existe para nós, para satisfazer as nossas vontades. Todos estão em uma jornada pessoal, profundamente individual e é preciso respeitar o momento de cada um.
Por fim, devemos lembrar que é muito mais difícil estar encarnado, vivendo nesse mundo tão misterioso, instável, inseguro e cheio de conflitos do que existir no mundo espiritual. Temos como o costume celebrar o nascimento e lamentar a morte, quando na verdade um conhecimento mínimo espiritual mostra que deveríamos fazer o oposto. Encarnar é difícil, traz dor, implica esquecimento e desconexão com o mundo espiritual, uma individualização que traz uma solidão imensa e constrói o vazio existencial do qual se ocuparam a filosofia, psicologia, sociologia e outras disciplinas. Morrer é uma libertação, um retorno ao lar, o fim da dor. A ausência sentida por quem fica aqui é pequena perto da beleza do processo de morte e o quão bem um espírito pode ficar após fazer a passagem.
Tenha certeza que as nossas emoções e o nosso egoísmo emocional podem prender neste mundo que está doente e precisa partir. Manter a calma é essencial, tanto quanto orar. Ore para que o melhor aconteça, para que seu familiar seja assistido espiritualmente e tente emanar energias de amor e gratidão, para que o processo de desligamento ocorra da forma mais sutil possível. Cuide dos seus pensamentos e aproveite o momento para se conectar mais com a espiritualidade, para iniciar uma busca mais profunda pelo sentido das coisas. Quanto melhor você estiver, mais calma você vai transmitir para quem você ama e que pode estar precisando muito dessa força. Seja quem for, deixe ir. Aceite a partida, se encha de amor e gratidão pelos momentos vividos e use o amor que restou como motor da sua busca espiritual, pois, a partir dele inclusive um contato futuro pode acontecer.
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