Embrace: o documentário que resgata a autoestima feminina
O documentário Embrace foi criado por Taryn Brumfitt, mãe de três filhos e ex body builder, que realizou pesquisas para falar sobre autoestima e padrão de beleza com mulheres de todo o mundo. Decidida a sentir-se melhor consigo mesma e inspirar outras mulheres, Taryn faz uma viagem para realizar entrevistas e entender porque vivemos em uma cultura que desvaloriza a imagem feminina apenas pelo seu aspecto e ainda entender porque mulheres aceitam reforçar essa cultura diariamente.
Como começou a ideia do documentário?
O projeto hoje conhecido como Body Image Movement (Movimento da imagem corporal) que gerou o documentário, começou em 2013, quando Taryn conversou com suas amigas sobre a ideia de colocar implantes de silicone após o nascimento de seu terceiro filho. Ao falar sobre o tema, Taryn ficou chocada ao perceber que suas amigas tinham muitos problemas com sua autoestima e seus corpos, estavam infelizes. Ao chegar em casa, a australiana postou a seguinte foto em sua página do Facebook:
A montagem, que invertia o que normalmente vemos em fotos de “antes e depois”, tocou não apenas suas amigas, mas provocou uma reação internacional. O post viralizou e em questão de horas, tinha mais de 250 mil curtidas. Taryn também recebeu depoimentos de mulheres se identificando e contando sobre sua dificuldade com a autoestima e aceitação de seus corpos. Com toda essa visibilidade, Taryn passou a ser convidada para entrevistas de jornais, revistas e programas ao redor do mundo. Foi quando ela decidiu começar seu projeto e, através de doações, embarcou em uma viagem por diversos países registrando porque mulheres têm tantos problemas com sua autoestima e tentando descobrir se algo poderia ser feito.
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Um problema mundial
A cobrança por uma aparência sensual ao longo da vida é tão opressora que algumas mulheres acreditam nunca alcançar essa imagem “ideal”: magra o suficiente, jovem, alta e em forma. Este é um fruto da representação feminina nas mídias, onde a beleza é retratada por mulheres que vivem em função dela. Ainda assim, esses modelos não são suficientemente perfeitos. Os defeitos são alterados refletindo então uma mulher inexistente. Cria-se um padrão de beleza de uma mulher com cabelos volumosos, seios grandes e firmes, boca carnuda, pouco percentual de gordura, nenhuma celulite e dentes brancos.
Provavelmente, você não conhece uma pessoa que reúna todas essas características. Este conceito também não representa você e as mulheres que ama e admira. O padrão ideal é responsável pela infelicidade de milhões de mulheres e isso tornou-se ainda pior com a existência das redes sociais. Investimos dinheiro, tempo, energia e nossa alma comparando com algo inalcançável. Este tema não se trata apenas de uma miopia social, mas um problema mundial de saúde pública.
De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH, na sigla em inglês), 70 milhões de pessoas possuem algum tipo de transtorno alimentar. Acredita-se que 85% deste público seja feminino. Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (Isaps), apenas no Brasil milhões de mulheres recorrem anualmente a cirurgias plásticas, ranqueando o país no segundo lugar do mundo a realizar procedimentos, atrás apenas dos Estados Unidos. Isso tudo ocorre em busca de uma melhora de autoestima que pode nunca ser alcançada.
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A proposta de mudança de Embrace
A viagem realizada para a produção do documentário registra depoimentos de diversas mulheres, famosas ou não, fotógrafos, especialistas e editores de moda. Muitos dados são apresentados e um fato é especialmente ressaltado: que a maior parte das mulheres está infeliz com seus corpos. Quase metade das mulheres saudáveis e dentro da média corporal recomendada se consideram acima do peso e 90% dos casos de bulimia e anorexia ocorrem com mulheres.
Conforme acompanham os depoimentos, a maior parte das mulheres se identificam com eles. O documentário pode ativar alguns gatilhos em quem o assiste. Ao ver um depoimento de uma modelo anoréxica ou uma modelo que veste 42 e é considerada plus size, compreende-se que poucas mulheres são naturalmente magras como as modelos da passarela. Para manterem-se magras além do normal, além do que é considerado saudável, é necessário estar doente mental e fisicamente.
Por mais impressionadas que possam ficar em alguns momentos, por mais que terminem o filme certas de que o padrão de beleza imposto socialmente e comercialmente seja inalcançável e insano, a solução para resgatar a autoestima e aceitar nossos corpos como são não é tão simples de ser alcançada. Tratam-se de séculos de uma cultura que define as mulheres por sua imagem, seus corpos e quebrar esse ciclo vai além de uma boa autoestima. É preciso coragem para aceitar que possivelmente será socialmente excluída ou preterida em função de outras mulheres que se adequem ao padrão. Porém, esse processo precisa ser urgentemente iniciado. É uma longa jornada e começa justamente com a reflexão sobre um problema e sobre a iniciativa de tentar revertê-lo.
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