Se você está encarnado, sua missão é material
Somos espíritos vivendo uma experiência material, não o contrário. Nossa essência é espiritual, mas, enquanto encarnados, nossas lições se dão na matéria. Nossa missão é com o mundo: é através da transformação da realidade que nos cerca, que nosso espírito consegue evoluir. Por isso, espíritos encarnados devem agir na matéria!
Porque estamos aqui?
Essa é uma das questões existenciais que as religiões, a filosofia e outras áreas do pensamento tentam responder. Qual o sentido da vida? Viver, a que se destina? Quando olhamos nossa experiência do ponto de vista espiritual, a resposta é aprendizado, evolução.
A Terra é um Planeta Escola. Viemos aprender. Nossas experiências, nossas relações e nossas emoções formam o conjunto de elementos que fazem com que a nossa mente desperte e consiga melhorar. Há quem pense que estamos aqui para sermos felizes e termos nossos desejos atendidos, o que não poderia estar mais longe da realidade. Nesse pensamento se esconde, porém, uma verdade: a felicidade é também parte dessa experiência, mas, não é o objetivo dela. Pense em uma escola: vamos até ela para aprender. Nosso objetivo na escola é receber uma certa formação cultural, entretanto, é nela que desenvolvemos também as emoções e as primeiras experiências de socialização, que podem trazer felicidade. Fazemos os primeiros amigos da vida, atravessamos a adolescência, frequentamos festinhas, viagens e muitos eventos. Nos apaixonamos, sofremos e somos felizes. Isso tudo também faz parte da escola, certo?
A dinâmica da vida acontece da mesma forma. Viemos aprender, e, quanto mais aprendemos, mais próximos da felicidade ficamos. Felicidade desligada do universo espiritual é absolutamente impossível. Sem a dimensão da alma a felicidade fica restrita à matéria, atrelada a “coisas”. Fama, dinheiro, bens materiais e boa posição profissional é o que a maior parte das pessoas buscam, certas de que o sucesso emocional e mental também reside nelas. Mas ser rico e famoso não te faz importante, nem muito menos feliz. Ser importante é outra coisa…
“Ser famoso não é ser importante”
É falsa, transitória e passageira essa felicidade que vem das coisas, que rapidamente acaba quando conseguimos adquirir os objetos de desejo. É a alma e seu propósito que nos faz progredir na encarnação, atraindo para nós os ensinamentos que necessitamos. Viemos aprender e é através das lições e experiências materiais que esse aprendizado é possível. Não estamos aqui para realizar desejos e sermos felizes, e a percepção disso é o primeiro degrau da escada da iluminação.
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O mundo não é o que é à-toa
O mundo não é um lugar de paz, o mundo não é feito de amor. Isso não significa que não exista paz e amor nele. Existe. Mas a essência dele não é essa e nossa história mostra isso. Nossa modernidade também. E faz sentido que seja assim, já que a Terra é uma escola, um planeta de provas e expiações. Nela moram alunos, almas que ainda precisam progredir para se integrar às esferas mais altas. E são esses “alunos” que fazem o mundo, que construíram a nossa história. Somos nós.
“Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo”
A Terra não é habitada por seres de luz. Faz parte do esquema de ser escola, de responder à Lei do Retorno. É esse sistema de carmas que nos permite aprender e evoluir, então, as trevas que vivemos são fruto das nossas ações dentro desse sistema. Por isso, por pior que seja a situação os anjos ou extraterrestres não descem dos céus para nos salvar.
O que faz o mundo são as ações, que são guiadas pela percepção da realidade que se dá em cada mente, em cada consciência. Os comportamentos que expressamos em sociedade são fruto da forma como vemos a existência e as crenças que alimentamos em relação a ela. Essa percepção tem a ver com educação, cultura, família e sociedade, por isso ela varia tanto de indivíduo para indivíduo. O que não varia é a inclinação que temos de agir em próprio benefício; é essa inclinação que forma nossos interesses, paixões e boa parte do que chamamos de “eu”.
O fato é que quase todos são condicionados a raciocinar, agir pensar em atendendo a interesses próprios, e esses interesses se projetam nos interesses dos governos, que refletem os interesses dos topos das pirâmides. Têm sido assim a milênios, sistema após sistema, período histórico após período histórico. O que o coronavírus denuncia não é novidade.
Na matéria, a ação é que conta
Novidade é o desejo de mudar o mundo meditando. Ou rezando, alinhando chakras. Nossos novos heróis travam batalhas quânticas e cocriam realidades incríveis, pois regem o universo. Sem dúvida essas práticas e aspectos da vida fazem parte da espiritualidade. Entretanto, a ação, nossa única chance de transformar o planeta, fica em segundo plano. Entendemos de dimensões, de física quântica, carma, reencarnação, chakras e projeção astral, mas poucos se dedicam a compreender o mecanismo que faz do mundo um lugar tão injusto. São poucas as pessoas que percebem como é importante conhecer o sistema que nos rege para poder transformá-lo, melhorá-lo. É esse sistema que deve ser alterado para que pessoas não morram mais de fome, tenham onde morar e consigam acesso à saúde e educação. O básico. Mas isso se faz com cultura, educação e política, áreas das quais o pensamento espiritual parece estar distante. Entre a oração e a justiça social, há um abismo. E o que poderia ser a nossa prioridade espiritual, senão fazer justiça social? Fazer do mundo um lugar melhor para todos?
Para Terra é aguardada uma transição para a luz, que, durante muito tempo, achamos que aconteceria através da III Guerra Mundial. Sabemos que nosso consumismo está destruindo o planeta, conhecemos os impactos ambientais da nossa sociedade, mas ainda não entendemos como esse esquema todo funciona. Quem serve a qual interesse e quem joga o jogo do poder à custa de quem. E que isso tudo junto é política e nossos chakras não tem muito a ver com isso…
“Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: ela trabalha continuamente, mas em silêncio”
A maioria ainda não entende a era da narrativa, como funcionam as redes nem como identificar uma fake news. Se agrada, é verdade. E nisso, a ação se perde. Ficamos focados em nós, em nossas aspirações materiais e espirituais, como se não fosse parte da nossa missão despertar nossa consciência para o quanto essa sociedade é fracassada, injusta e cruel. É a percepção da realidade e a vontade de torná-la melhor (melhor para o outro) a base de qualquer espiritualidade possível, de qualquer transição possível.
Espiritualidade na prática
É agindo que transformamos, é mudando a realidade do mundo que podemos expressar a espiritualidade e o que ela nos ensina. A matrix que vivemos só pode ser transformada através de atitudes materiais. Para as espirituais, há toda uma dimensão onde a ação é mental e o pensamento de fato pode criar matéria. Quando espíritos, agimos espiritualmente. Quando encarnados, são as ações materiais que tem de fato influência. A visão espiritual é fundamental, rezar é importante e meditar é essencial. Mas a favela não deixa de existir porque você meditou, a África não fica um centavo mais rica porque você desbloqueou seu chakra, assim como o coronavírus não vai embora porque você rezou e se manteve positivo.
A pandemia está escancarando a desigualdade social, a importância do bem comum, de ter um teto sobre a cabeça de todos e comida em todas as geladeiras. Ela também mostra que não ter um sistema de saúde digno custa muitas vidas. Falando em vidas, também está claro o quanto o valor vida é negociável para muitos e como ele perde quando compete com a economia.
“Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas”
A frase acima diz muito sobre nós, sobre o que estamos passando nesse momento: se tornou mais importante preservar a economia do que salvar vidas. Fazem de tudo pelos vulneráveis, menos dividir com eles parte da riqueza e deixá-los em casa.
A prática espiritual nos ajuda, mas é a espiritualidade na prática que abre nossos olhos para a realidade e planta em nós a indignação que precisamos para agir. Só a ação transforma.
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