Quando vou encontrar meu mestre?
Desde os tempos mais remotos, o tema da busca do mestre é visto como essencial nas tradições orientais. Também no mundo ocidental, todo estudante místico busca um instrutor, um guia, um sistema seguro de orientação. Mas, o que é exatamente o mestre a ser buscado? É uma pessoa de carne e osso, encarnada? É um guia espiritual que veremos em sonhos ou meditação? É o meu eu superior, a forma primeira, a consciência completa das minhas existências?
“O que a lagarta chama de fim do mundo, o mestre chama de borboleta”
Difícil responder. O que sabemos é que, para cada buscador, a experiência é diferente. As crenças também variam, entretanto, a busca e encontro com o mestre é algo muito pessoal e subjetivo. O que importa é não perder tempo numa procura que pode nunca ter fim, nem muito menos paralisar os estudos até o que mestre apareça. Pelo contrário, devemos nos lembrar da máxima “quando o aluno está pronto, o mestre aparece”.
A história incrível de Prem Baba e Maharaj Ji: o encontro com o mestre na Índia
A relação de Baba (Janderson Fernandes) com o universo espiritual já vinha da infância, quando observava os trabalhos espirituais de sua avó benzedeira. Conforme crescia teve experiências sobrenaturais, mas nunca deu muita importância ou chegou a se dedicar ao mundo espiritual.
Baba formou-se em psicologia e tornou-se terapeuta. Apesar do aparente bom curso de sua vida, Baba estava em profunda crise e via-se sem saída. Um belo dia, resolveu rezar ao universo dizendo que estava no fim da linha e que se houvesse uma verdade maior, transcendente, ele queria encontrar e estava pronto para isso. Foi quando teve a visão ou sonho com um senhor mais idoso que levitava em posição de lótus e que lhe disse “venha para Índia, venha para Rishikesh”. Mas o que Baba nunca pensou é que encontraria esse senhor em carne e osso… Enfim, em algum momento Baba casou-se e decidiu passar a lua de mel na Índia, mesmo não sendo o local mais apropriado para casais recém casados passarem seus primeiros momentos da nova vida. A decisão foi meio intempestiva, mas Baba sentia-se impelido a visitar a Índia e a cidade de Rishikesh. E assim fez. Em Rishikesh, não sabia onde ficar, onde ir, onde bater. Não tinha um endereço para procurar e estava sem rumo, mas claro, já era guiado por seu mestre espiritual.
Até que bateu na porta de um guru num ashram em Rishikesh, na região dos Himalaias. Um homem simples e com idade avançada abriu a porta, e o contato estabeleceu-se pelo olhar e a vibração entre os dois. No momento em que viu Maharaj Ji, Baba lembrou-se da mensagem que recebera para ir a Índia; e as palavras que ouviu de saudação de Maharaj Ji não deixaram dúvida de que ele encontrara seu lugar e seu mestre: “Eu estava te esperando há muito tempo”, disse Maharaj Ji.
Realmente esse encontro de almas é incrível e só de ouvir essa história nos sentimos privilegiados e renovamos a nossa fé no universo espiritual. Baba é, sem dúvida, um privilegiado por ter uma missão tão clara e um guia espiritual presente na jornada física, o que não ocorre para todos. Mas não há problema, certo? Com o sem mestre, nunca estamos sozinhos.
Eu mesmo – o mestre
A despeito das histórias fantásticas de encontros com mestre que vemos na literatura mística e religiosa, podemos pensar que não é necessário uma entidade externa a nós mesmo para chamarmos de mestre. Porque, afinal, depositar no outro as esperanças e o conhecimento que nos transformará? Não seria ingenuidade elegermos seja qual for a entidade como mestre, como um detentor da verdade a quem devemos seguir, obedecer e acreditar? Tendo a desconfiar desse tipo de orientação, especialmente quando ela vem de pessoas encarnadas. E se houver todo um sistema financeiro e de adoração em volta deste ser, desconfio ainda mais.
Mestre, seja qual for sua natureza, começa toda e qualquer relação deixando livre o discípulo, especialmente deixando claro que o seguidor não deve acreditar nele, mas sim experienciar por si mesmo seja qual for a questão. E porquê não fazer de nós mesmos nossos mestres? Não faz sentido que nós mesmos possamos buscar nossas verdades e transformar nossas experiências em guias de vida e aprendizado? Ao invés de viver numa busca eterna e muitas vezes frustrante por um mestre, podemos colocar nós mesmos nessa posição e tomar o controle de nossas vidas.
“O Eu é o mestre do eu. Que outro mestre poderia existir? Tudo existe, é um dos extremos. Nada existe é o outro extremo. Devemos sempre nos manter afastados desses dois extremos e seguir o Caminho do Meio”
Se não encontramos a luz em nossa própria consciência, de nada adiantará buscá-la fora. Seguir esta ou aquela personalidade externa é quase sempre inútil. Por outro lado o buscador atento reconhece a todos como seus mestres: aprende com tudo e com cada situação e não alimenta dependência em relação a qualquer fonte externa de saber.
Ninguém melhor do que nós sabe o que é melhor para nós. Ninguém conhece tão bem os caminhos do nosso coração, nossas necessidades, fraquezas, dificuldades. Claro que teremos dúvidas e, quando isso ocorre, é ótimo receber orientação, especialmente quando esta provoca a reflexão. Mas nestes casos sempre poderemos recorrer ao livros, consultas terapêuticas, cursos e participações em grupos espirituais, onde poderemos compartilhar, ensinar e também absorver.
“Lastimável discípulo, que não ultrapassa o mestre”
Seja seu próprio mestre, amadureça, aprenda com suas experiências e evolua muito mais rápido! Não dependa de ninguém, faça de você seu próprio mestre.
Tem algo que eu possa fazer para conectar com meu mestre, meus guias espirituais?
Sim, com certeza. Existem exercícios, meditações, práticas de Reiki e respiração ideais para buscar essa conexão entre você e seu mentor, seu mestre espiritual. Mas, sem dúvida, o primeiro passo é trabalhar a mediunidade, ou seja, sua capacidade de intermediar o universo físico e o universo espiritual. Toda e qualquer prática que estimule sua mediunidade já vai colocar você, de forma natural, em contato com seu mestre e mais receptiva para trocar ideias e receber mensagens e sinais.
“Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim”
Seja qual caminho escolher, crie uma rotina diária e nunca fure este compromisso. Mediunidade é como se exercitar na academia: quanto mais você exercita o músculo, mais forte ele fica e mais de desenvolve, enquanto que se você abandonar os treinos por um período mesmo que curto, você perde todo ou parte do avanço que havia conquistado. Dez minutos por dia são suficientes: respiração, meditação, exercício bioenergético, oração, Reiki, projeção astral.
Se possível, quando fizer qualquer que seja o exercício, coloque nele sua intenção. Mentalize o que está buscando com aquela prática e se coloque, sempre, a disposição dos mentores e guias espirituais para qualquer que seja a finalidade.
Se sentir dificuldade em fazer sozinho, especialmente se nunca praticou nada antes, a recomendação é iniciar pelas meditações guiadas de encontro e visualização do mentor. São exercícios guiados por uma voz, quase sempre ambientados por uma música suave, onde essa voz dá as orientações acerca das mentalizações que deve fazer, conduzindo sua mente a um estado de relaxamento profundo e com a abertura necessária para que as visualizações inspiradas pelos amigos espirituais aconteçam e as mensagens comecem a chegar. Existem muitas delas disponíveis na internet e basta pesquisar e encontrar qual delas se adapta melhor às suas necessidades.
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