Quem é, afinal, o orixá Exú?
O orixá Exú tem constantemente o seu nome associado a experiências desagradáveis e até malignas. Quem desconhece o Candomblé, acredita que ele é o próprio Diabo e que tem por objetivo disseminar o mal. Possessões e magia negra estão na lista de rituais atribuídos aleatoriamente à entidade Exú Orixá.
Essa imagem deturpada do orixá Exú acaba por criar uma visão preconceituosa das próprias religiões que o celebram. É como se aqueles que o cultuam fossem, na verdade, adoradores do Satanás. Mas essa crença não surgiu agora e já acompanha a história da entidade há séculos. Por isso, é preciso disseminar a verdade sobre Exú e tirá-lo desse ciclo de mentiras que comprometem a sua reputação.
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O orixá Exú é o Diabo?
A primeira e mais importante coisa a saber sobre o orixá Exú é que não, ele não é o Diabo, antes o contrário. O Candomblé é uma religião onde não há o bem e o mal, como na maioria das outras. Por isso, não faz sentido algum que Exú integre o “lado negro” porque no panteão africano não existem essas oposições. Também conhecido por outros nomes como Esu, Eshu, Bará e Tiriri, a entidade é uma espécie de mensageiro que faz o canal entre os homens e os orixás. A sua natureza muito humana permite-lhe essa capacidade e, sem ele, não há qualquer comunicação entre esses dois pólos.
O mito sobre a origem diabólica do orixá Exu foi intensificado na época da escravidão. Os senhores feudais presenciavam as reuniões dos escravos e alguns deles incorporavam exus. Como essa entidade é bastante efusiva, possui um jeito expansivo e descontraído, a manifestação causava verdadeiro pânico naqueles que não conheciam a religião e o significado dos rituais. Com a educação católica maniqueísta recebida pelas famílias senhoriais daquela época, tudo isso era encarado como coisa do Diabo e a ideia acabou por ser disseminada.
A grande proximidade do orixá Exú com o homem acaba por torná-lo uma síntese das contradições do ser. Ao mesmo tempo que representa o ego, representa a ordem e está do lado daqueles que o sabem agradar. Afasta espíritos obsessores, desfaz trabalhos e encarrega-se de ajudar generosamente aqueles que pedem a sua intervenção e sabem ser gratos.
De todos os orixás, Exú é o mais aberto à reciprocidade. É muito fiel a quem o sabe agradar, mas também pode fechar todos os caminhos daqueles que não lhe mostram gratidão ou são negligentes com a relação. O laço com a entidade deve ser constantemente cultivado para que ele continue na sua missão de guardião daqueles que o convocar.
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