Fumo e bebida nos Rituais religiosos
É bem comum o uso de fumo e bebidas alcoólicas em rituais religiosos, mas não apenas em religiões brasileiras de matriz africana como a Umbanda, o Candomblé e a Quimbanda. A Igreja Católica tem em sua liturgia a ingestão de álcool por seu líder no culto religioso. A representação do sangue de Cristo através do vinho é referência ao milagre que teria sido perpetrado por Jesus ao transformar água na bebida.
Mas qual o sentido do fumo e bebidas alcoólicas ? Para compreendermos melhor a questão, precisamos observar o uso desses itens e em que circunstâncias são utilizados.
Normalmente, o relato dos líderes que comungam destes rituais argumentam que as bebidas alcoólicas e fumos promovem a elevação da consciência espiritual e a cura. Seu uso não é uma constante e as religiões não se baseiam no consumo destes elementos.
Os líderes religiosos que usam fumo e/ ou bebidas alcoólicas, evocam principalmente as energias de “poder” que esses elementos representam. Nem todas as religiões usam charutos e cigarros, mas defumadores, incensos e fumaças aromáticas. Ou ainda, nem todos bebem aguardente ou bebidas alcoólicas, mas chás de ervas, fermentados de plantas ou simplesmente, água.
“Espírito algum construirá a escada de ascensão sem atender às determinações do auxílio mútuo”
A verdade é que os elementos evocados por esses rituais estão sempre presentes em grande parte das religiões conhecidas e nos remetem a tempos imemoriais na história da humanidade, a diferentes culturas ao redor do mundo. Seu uso, normalmente, tem um objetivo: auxiliar nos tratamentos que as religiões promovem.
O uso do álcool
A ideia principal por trás da ingestão das bebidas alcoólicas é que a substância sirva como um agente interno para a comunhão com as entidades que atuam naquele segmento religioso, ou, que promovem a cura.
O álcool então seria como um remédio ingerido agindo de dentro para fora do corpo na intenção de promover mudanças energéticas que intencionam a harmonização do corpo com o espírito de seu usuário e consequentemente com as entidades espirituais que atuam nestes processos, quer sejam por pajés, padres, bruxas, médiuns ou mães-de-santo.
Os elementos evocados pelo uso do álcool são a água e a terra, como um elemento de conexão entre corpo e espírito, mas seu uso nunca ultrapassa limites. O uso sagrado do álcool não é e nem parece recreativo, razão pela qual as bebidas utilizadas em rituais são consagradas diante de seus dogmas, por seus líderes ou agentes.
Cada bebida utilizada possui um traço energético que se aplica para situações diferentes, desde café, chás, e infusões à aguardente, whiskys, e outros destilados. O que é evocado pelo agente do tratamento é a energia por trás da bebida e não o efeito que ela causa se ingerida em grande quantidade.
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O uso do fumo
A ideia do uso do fumo, ou da fumaça, seria o contrário da bebida. Ou seja, um agente externo a partir da inalação do ar purificado pela fumaça utilizada no ritual, atuando de fora para dentro.
No fumo os elementos evocados são o fogo e o ar, e as entidades que trabalham dessa forma utilizam as energias das ervas como o tabaco, por exemplo, para neutralizar os possíveis miasmas – que são as energias negativas que se acumulam em nós ao longo do tempo alimentadas por pensamentos e situações ruins que experimentamos ou provocamos – quer seja em pessoas, entidades espirituais ou lugares.
O fumo então é usado para impedir a atuação de possíveis entidades vistas como malignas ou ignorantes e busca purificar o ambiente e o indivíduo que o inala. É muito comum que o tabaco, quando utilizado, seja preferivelmente o menos industrializado possível, mas mais uma vez cabe ressaltar que o que importa mesmo é a energia produzida pela fumaça em si e não o consumo de cigarros e charutos.
A Igreja Católica, por exemplo, utiliza o defumador para espantar energias e entidades malignas tanto quanto as mães e pais-de-santo a fumaça de charutos.
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O que o Espiritismo diz sobre o uso desses elementos
Diferentemente das religiões dogmáticas, ritualísticas e tradicionais, o Espiritismo tende a criticar o uso desses elementos como essenciais ao tratamento espiritual que eles intencionam promover e que muitas vezes o uso dessas substâncias estaria relacionado ao grau de evolução inferior dos espíritos evocados nesses rituais de cura.
Isto se deve ao fato de acreditarem que a relação destes espíritos, ou entidades, com essas substâncias se dá pela necessidade de contato com energias mundanas, normalmente prejudiciais à saúde.
Segundo os espíritas, espíritos de elevado grau evolutivo não necessitam de contato com tais substâncias e evitariam o uso das mesmas uma vez que a condição dos encarnados na Terra é de ignorância e imperfeição e que tais substâncias poderiam promover vícios, fazendo os encarnados mais suscetíveis às obsessões.
Ao contrário de tratamentos invasivos, os espíritas atuam com os passes ou passes magnéticos na intenção de promover mudanças energéticas naqueles que buscam tratamento fazendo uso apenas das águas fluidificadas ou imantadas – que tanto quanto as bebidas alcoólicas nas outras religiões em seus processos de “consagração”, são preparadas com intuito de servirem como medicamento para a alma ou o corpo em sofrimento.
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