Gastronomia sustentável: como podemos aplicar ações no dia a dia; gastrônomo dá dicas incríveis
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
A sustentabilidade em geral não é só uma tendência, mas sim uma urgência.
“A gastronomia sustentável consiste em pensarmos no alimento muito antes de consumi-lo, é se preocupar com a procedência dele, de onde ele veio, como foi preparado, como vai ser consumido, como vai ser descartado”, descreve o gastrônomo, cozinheiro, culinarista e criador de conteúdo Eduardo Tokushima (@dutokushima). Para ele, só existem vantagens. “Além de existir a questão de bem-estar e saúde com nosso corpo que nos traz inúmeros benefícios, tem toda a questão sócio ambiental, principal quesito que a gastronomia sustentável busca melhorar”, acrescenta.
O gastrônomo pontua que como profissional da área sempre tenta passar para as pessoas que é preciso urgentemente se preocupar com tudo que se come. “Por muitos anos, a indústria alimentícia, a mídia, e vários outros meios passaram a ideia de que ‘gastar’ muito tempo na cozinha era uma coisa desnecessária ou perda de tempo e, com isso, os produtos ultra processados foram ganhando força. Hoje em dia, com esse movimento da gastronomia sustentável acontecendo, acho que as pessoas estão começando a se conscientizar que quando você se aproxima e prepara o seu próprio alimento, além de ser um carinho para você mesmo (e para quem você está cozinhando), é uma libertação, porque você sabe tudo que está no seu prato, além de não ser refém da indústria”, reforça.
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A gastronomia sustentável é uma tendência?
O criador de conteúdo acredita que a sustentabilidade em geral não é só uma tendência, mas sim uma urgência. “As novas empresas e restaurantes que vêm surgindo já precisam ter essas questões em mente. E as novas gerações e os próprios clientes já estão questionando alguns quesitos que antes não tinham em mente. Afinal, a gente se conecta a uma marca ou a algum restaurante não só pelo produto ou comida em si, mas também por tudo que ela representa, e o cliente quer ter essa conexão com uma marca que se preocupa com essas questões”, apresenta.
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Como aplicar ações sustentáveis na rotina da cozinha?
Eduardo Tokushima afirma que a questão mais importante foi repensar o consumo exacerbado de carne, principalmente da carne vermelha. “Sabemos que a criação de gado para o consumo de carne é um dos problemas mais poluentes para o meio ambiente. No entanto, isso não quer dizer que sou vegetariano, só o que tento fazer é olhar carinhosamente para todos os legumes e verduras como ingredientes principais no prato. Com a variedade que temos no hortifruti dá pra fazer muita receita legal e sem ficar tão dependente da carne. Ou às vezes a carne pode ser só um detalhe e não a estrela principal. Só essa diminuição já pode fazer uma grande diferença”, ensina.
Quando o assunto é hortifruti, Tokushima dá uma dica importante. “Sempre me atento em comprar as frutas e legumes da estação, isso faz diferença na qualidade do que você está comprando, além do que vai acabar economizando e vai sentir a diferença no bolso. Também fico sempre atento a comprar produtos que viajaram menos, que são de produtores locais, além de ter mais garantia que o produto é mais fresco, o produto ter ‘viajado’ menos, quer dizer que ele poluiu menos até chegar a você”, explica. Para evitar o desperdício, o culinarista reforça que sempre usa os ingredientes de forma que aproveite do início ao fim. “E por último e não menos importante, sempre separo o lixo em três: lixo reciclável, lixo sujo e lixo para compostagem (cascas de ovo, cascas de frutas e verduras, etc.)”, ressalta.
Como aplicar as ações em casa?
Tokushima esclarece que quando pensamos em gastronomia sustentável, para muitas pessoas ainda pode parecer algo muito distante, mas é possível aplicar vários princípios de dentro de casa ou simplesmente na ida ao supermercado. “Se nos atentarmos em mudar alguns pequenos detalhes já é um passo pra cada um fazer a sua parte. Os passos citados acima são coisas simples que são fáceis de aplicar em casa”, aconselha. Além deles, aqui vão alguns exemplos que as pessoas podem aplicar em casa.
Confira dicas do gastrônomo!
- Tente usar sempre os alimentos do começo ao fim, evitando ao máximo o desperdício. Por exemplo, sempre faço caldo de legumes somente com as aparas e cascas da cenoura, talos de brócolis, casca de alho e cebola, talos de ervas também são sempre bem-vindos;
- Repense algumas receitas que você já faz, adaptando para diminuir a quantidade de carne. Por exemplo: aquele picadinho de carne de panela vai ficar uma delícia se adicionarmos batata, cenoura, ervilha, couve, etc. Ou seja, a carne ainda vai estar lá dando muito sabor ao prato, porém, na conta final quando você colocar no prato, você já estará diminuindo a quantidade de carne, além do que estará com um prato muito mais colorido, nutritivo e saboroso;
- Evite comprar e usar plásticos descartáveis que terão somente um uso. O plástico é muito poluente para o meio ambiente, mas o problema não está em usá-lo e sim e usá-lo de forma errada;
- Tenha consciência que separar o lixo é uma coisa que precisa ser feita, assim como escovamos os dentes todos os dias ao acordar. Lixo reciclável precisa ser somente de lixo ‘limpo’, por exemplo: o papel que você usou para escorrer a batata frita, não pode ir para o lixo reciclável. E se você conseguir, separe cascas de ovos e cascas de frutas para a compostagem.
Comprar alimentos de pequenos produtores
Comprar ingredientes de pequenos produtores é um passo importante dentro do processo. Tokushima conta que a preocupação veio com o tempo e com a maturidade. “Hoje moro em São Paulo, e quando cheguei aqui eu não tinha essa preocupação, estava ansioso pra explorar e curtir todas as modernidades que a cidade grande tinha para me oferecer. Hoje em dia, busco coisas totalmente opostas a isso. Gosto de andar a pé pelo meu bairro o máximo que posso e, consequentemente, conhecer tudo que está a minha volta. Compro pão de uma padaria pequena com produção artesanal, programo minha semana e organizo minha geladeira de acordo com o dia da feira, para que tudo sempre esteja fresco e para que eu não deixe nada estragar. E essa preocupação se estende até para outros áreas. Quando vou comprar roupa, por exemplo, tento comprar de lojas pequenas, de marcas que tem uma preocupação com o meio ambiente”, valoriza.
E você? Já faz algumas dessas ações sustentáveis em sua casa?
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