Gira de umbanda: descubra o processo de todo o ritual
A gira de umbanda se caracteriza como o principal ritual da umbanda, uma religião brasileira que é definida pelo sincretismo de religiões nativas do Brasil com a cultura africana. A umbanda nasceu no Rio de Janeiro e, desde então, nunca deixou de ser uma religião tão importante e edificadora para o nosso país, Brasil.
É certo também defendermos que hoje em dia existem diversos cultos relacionados com esta religião, entretanto, cada um possui a sua especificidade. Com isto dito, é de notável importância saber respeitar com amor e solidariedade os diferentes meios de rituais, assim como todas as liturgias umbandistas, que devem sempre ser levadas em conta.
Gira de umbanda: o que é?
Mas o que é realmente a gira de umbanda? Bem, a gira (ou jira) vem da palavra em quimbundo nijra, que significa “caminho”, “rota” ou “via”. De um lado espiritualizado, podemos compreendê-la como o caminho que nos levará em contato divino com todas as entidades da Umbanda. Deste modo, já conseguimos depreender o seu primeiro significado: o contato com os orixás.
Entretanto, hoje em dia a gira de umbanda também pode significar a sessão em si, como o culto ritualístico e também a roda física, contendo todos os fiéis umbandistas que, juntos, criam esta magnífica corrente espiritual com objetivos no plano espiritual.
Gira de umbanda: onde acontecem?
A gira de umbanda acontece como parte de um ritual maior. Este grande ritual, também conhecido como culto de umbanda, acontece em terreiros de umbanda. Nestes terreiros, existem vários processos até o adentrar de fato à gira.
Precisamos, geralmente, nos colocar descalços, receber a defumação do pai de santo, mentalizar boas energias, entoar cantos umbandistas, ou seja, precisamos nos preparar para que o nosso corpo esteja apto a qualquer tipo de chamado espiritual.
Estes terreiros de umbanda possuem um lugar que se chama congá, se caracteriza por ser um recinto onde fica o altar, também chamado de peji, com estátuas representativas dos oxalás, velas e búzios.
Nos terreiros, principalmente no congá, a terra é batida, a fim de que as energias possam melhor fluir. Quando não, a necessidade de estar descalço é na maioria dos casos seguida à risca.
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Gira de umbanda: seus tipos
Assim como cultos de outras religiões, a gira de umbanda também tem suas particularidades. Podemos dividir a gira de umbanda em duas categorias, sendo a primeira a “gira aberta” e a segunda a “gira fechada”.
Gira de umbanda aberta
As giras abertas se concretizam como a grande maioria das giras umbandistas. Estas são abertas ao público em geral e promovem as assistências. Durante estas assistências, o público, através da ajuda dos auxiliadores se aproxima dos médiuns no congá para pedirem conselhos e receberem ajuda espiritual.
Gira de umbanda fechada
Já as giras fechadas, também conhecidas como giras internas, são giras de umbanda destinadas aos estudiosos e iniciantes da umbanda. Nelas são discutidos aspectos da religião, sua história e o desenvolvimento da mediunidade, a fim de que os novos integrantes possam evoluir para também manterem contato direto com os espíritos.
Além das duas principais giras de umbanda, podemos também destacar giras em sub-níveis, como as giras de cura, as giras de livramento ou uma gira específica para algum oxalá, como a gira para Preto Velho, a gira do Baiano, a gira de Erê etc.
Gira de umbanda: curimba e seus sons
Um outro detalhe também muito importante para cada gira de umbanda é a curimba. Esta se define como o grupo de tocadores de atabaques, estes são os instrumentos sagrados da umbanda. Podemos encontrar bumbos, pandeiros ou instrumentos feitos de maneira artesanal.
A importância do grupo da Curimba é fundamental, mas por quê? Bem, eles são os responsáveis por cada batida que escutaremos ressoar pela sala. Cada som deve ser específico para cada canto diferente e, consequentemente, para cada Oxalá evocado.
Os sons harmoniosos e espirituais da curimba também devem ajudar os médiuns em todo o seu processo de inspiração e concentração. Cria-se, então, uma espécie de magia sonora, onde cada batida tocada aproxima mais e mais o terreiro do plano espiritual.
A curimba também deve estar muito atenta ao ritmo, pois como ela ajuda os participantes na entoação dos cantos, ela deve saber ligar cada batida com o ritmo dos cantos entoados, sem gerar desordem ou trechos incompreensíveis, o que acaba por atrapalhar o trabalho mediúnico.
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Gira de umbanda: médiuns, pais e mães de santo
Estas figuras na umbanda são importantíssimas. Os médiuns são aqueles que estabelecem contatos diretos com as entidades e podem ser os médiuns de trabalhos, que dão consulta e auxiliam desde o público aos visitantes regulares. Podem também ser os médiuns em desenvolvimento que estão ainda fixando relações com oxalás em transição. E, por último, ainda temos os médiuns iniciantes que, ainda em treinamento, podem não estar aptos para suas funções futuras.
O pai de santo ou mãe de santo, também denominados de Babalorixá ou Ialorixá, já foram médiuns para chegarem à posição atual. No terreiro, eles são responsáveis pelas demandas e organizações. São geralmente as pessoas que realizam a cerimônia de defumação, liberando um incenso sagrado nas proximidades de todos os presentes.
Enfim, a gira de umbanda é um processo muito lindo e magnífico que sempre pregará o amor e a solidariedade. Tenhamos um minuto de nosso dia para estudarmos mais sobre esta religião maravilhosa e, assim, podermos visitá-los!
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