Hiper-humano (parte 6): treinamento da mente! Por Gabhishak
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
A grande maioria das pessoas que deseja ter mais saúde, um corpo mais bonito, forte, ágil e flexível; livre de dores e lesões, imune a invasores externos e protegido das mais diversas enfermidades se esquecem que é na mente que deve ter início o treinamento.
Essas mesmas pessoas, ou seja, cada um de nós, busca algum tipo de trabalho mental apenas quando as coisas notadamente não andam bem. No momento em que estamos emocionalmente abalados, ansiosos, frustrados; quando não aguentamos mais o barulho enlouquecedor dos pensamentos repetitivos e incessantes é que ligamos o sinal de alerta e tentamos algo a respeito.
E esse ‘algo’, no mais das vezes, acaba sendo uma pílula, uma droga alopática que tem em si dois lados: o primeiro é a analgesia. O segundo é a dependência.
Invariavelmente é isso que ocorre.
E há também quem busque a terapia e delegue a terceiros toda a responsabilidade pelas questões psicológicas que se lhes afligem.
Em muitos casos acontece as duas coisas: drogas e terapia, remédios e psiquiatra.
Corpo e mente são duas faces da mesma moeda.
O primeiro interfere na segunda e vice-versa.
Equilíbrio é a chave.
Quero propor um pequeno exercício.
Peque o dedo indicador e desenhe um pequeno círculo no ar. Esse é o seu corpo. Ele está aqui e agora com você, sempre presente, correto?
Faça a experiência. Feche os olhos, sinta seu corpo.
Se encontra-lo em algum lugar no espaço, registre o fato e desenhe o círculo no ar. Essa pequena circunferência desenhada é seu corpo.
Agora, faça a mesma experiência com a mente.
Feche os olhos um instante e tente encontrá-la. Onde ela está?
Não demore, não ganhe tempo. Precisa ser repentino, súbito!
Você tem apenas duas possibilidades.
Ou observou um silenciamento, um vazio.
Ou encontrou alguns pensamentos perambulando em sua ‘tela mental’.
E mesmo que tenha, no instante em que fechastes os olhos, encontrado uma certa paz, há enormes possibilidades de que essa ‘paz’ tenha rapidamente escorrida por entre os dedos logo que o processo de pensamentos voltou à ativa.
Sim ou não?
Tome alguns instantes e refaça o experimento.
Feche os olhos, acomode seu corpo e observe sua mente.
Quando começar a notar a mente em ação verifique que tipos de pensamentos estão presentes. Mais uma vez lhe digo que você só tem duas opções.
Ou existem pensamentos sobre o passado: memórias, lembranças, alguma experiência vivida; ou pensamentos sobre o futuro: planos, o que farei daqui a pouco, onde essa experiência quer me levar…
Como diz o Mestre Satyaprem, a mente é um instrumento de pensar. Se for usada como a ferramenta que é, tudo bem, mas em nosso caso, a mente está no controle e absorve toda a atenção; nós somos a mente, com todas suas questões, aflições, angústias e problemas ilusórios.
O pensamento, que é a mente em movimento, possui um típico movimento pendular, tal qual o para-brisas de um carro. Passado-futuro, futuro-passado. Invariavelmente perambulando no tempo entre aquilo que já se foi e o que ainda não é.
Mais uma vez, repito: faça consigo o experimento. Não creia nem descarte o que é proposto; verifique por si e veja se faz ou não sentido
Dessa investigação que acabamos de fazer juntos resulta a seguinte questão: quando é que a mente, que vive no tempo, encontrará o corpo, que está aqui e agora?
Pois bem. É para isso que serve a meditação. Enquanto prática, ela vai gradualmente diminuindo a ‘distância’ entre mente e corpo; aquele movimento pendular que falamos acima tende a diminuir. Isso significa redução do ruído e também do vício de pensar.
As técnicas em sua maioria são medicinais, atuando como um remédio não alopático para uma mente que está desfuncional, que deixou de ser um instrumento para se tornar o próprio agente.
Quando se fala em atenção plena, queremos dizer: olhe para a mente com atenção. Uma, duas, dez, mil vezes. Nada mais é preciso. Não é questão de interferir no processo; deixemos que o pêndulo perca velocidade por si só.
O remédio: observação atenta!
Nada mais.
Em decorrência disso, e apenas assim se pode cogitar a possibilidade: corpo e mente em equilíbrio.
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