É possível atingir a ILUMINAÇÃO no ocidente?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
“No dia em que você sentir que o mundo inteiro é sua casa,
que o céu é seu teto, que a terra é seu piso e que cada árvore é seu jardim, então você estará realmente em casa”
Será que é possível atingir a iluminação no ocidente? Provavelmente sim, mas é mais difícil.
Não há notícias, até o momento, de pessoas que tenham iluminado no ocidente. Temos grandes mestres, inúmeros pensadores e espiritualistas de muita sabedoria, mas iluminação mesmo, transcender as ilusões, alcançar um estado espiritual búdico, ninguém.
Mas porquê? Se eu quiser iluminar, ter um contato com a espiritualidade de verdade, terei que me mudar para o oriente? Viver em cavernas no Himalaia?
A Espiritualidade do ocidental
Não, não é necessário se mudar. Basta mudar a nós mesmos. Mas é preciso saber o que mudar e como mudar. É preciso identificar o que há de errado no mundo ocidental, e que no oriente é favorecido.
Vamos começar pela ânsia de resultados, pela capitalização da espiritualidade. No oriente, a espiritualidade é uma cultura, algo que faz parte da vida das pessoas e que permeia todas as relações e está mesclada na sociedade. No ocidente, essa espiritualidade está ou travestida de religião, ou é vendida como receita de sucesso em “x passos para algo”. É mais superficialidade do que essência.
Vejamos a Yoga: ela é uma filosofia de vida, um estudo profundo sobre o ser, sobre o corpo, sobre espiritualidade. Ela não é um exercício físico onde fazemos posições para aliviar stress ou tonificar a musculatura do corpo, ela é uma jornada que envolve a prática física e muito estudo teórico. Mas quando chega ao ocidente, ela vira uma ferramenta de beleza e apoio para a vida corrida das grandes cidades, um bálsamo para aliviar o stress e fazer com que a vida de escravidão continue, porém, um pouco menos penosa.
Assim como a Yoga, temos por exemplo as artes marciais. O Kung Fu é ensinado em academias, como forma de modelar o corpo e liberar stress. É um exercício físico e não mais da alma como sempre foi. Ele foi capitalizado, massificado e com esse, perdeu totalmente a essência espiritual e a tradição de milênios. Yoga é incentivada por empresas, um ambiente totalmente oposto a filosofia yogui.
Com isso, perdemos muito. Perdemos a oportunidade de enxergar o sistema de escravidão que alimentamos, o quanto negligenciamos nosso espírito e servimos à propósitos materialistas. Como podemos iluminar, se temos a tendência a transformar os caminhos da luz e ferramentas para prolongar a escravidão?
Tudo no ocidente acaba massificado e capitalizado. Qualquer coisa ocidental só pode sobreviver se responder à lógica de mercado, se servir para alguma coisa e, normalmente, essa alguma coisa deve estar relacionada com produtividade.
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A escravidão da mente
Quando digo escravidão, não é só uma analogia. É a realidade.
Nos achamos livres, mas estamos totalmente entorpecidos pela escravidão voluntária a que nos submetemos. Nos deixamos levar, desde o nascimento, pelos padrões e exigências sociais, que nos transformam e robôs do mercado. Primeiro vem a escola: é a primeira morte da alma. Temos de nos encaixar em padrões, aprendemos muita coisa inútil e achamos que estamos sendo preparados para a vida, quando somos, na verdade, preparados para o mercado. Não somos ensinados a pensar, somos ensinando a decorar, repetir. Precisamos de notas, é necessário corresponder às expectativas do sistema comparativo que a escola dissemina, deixando o eu de lado.
A escola não se preocupa com o espírito, não dá valor nenhum aos sentimentos. Ou alguma vez na sua escola alguém se interessou pelo que você estava sentindo? Se estava amando? Se estava sendo correspondido? Se estava feliz? Na adolescência, esses são os sentimentos que importam e que podem atormentar uma alma. Ao contrário, isso é incentivado a ser deixado de lado, caso você queira “ser alguém”.
No máximo, quando as coisas não vão bem, a escola tenta achar culpados, como por exemplo, tentar entender se na casa do aluno há algum tipo de abuso ou se os pais estão vivendo períodos turbulentos. Quando encontram essa razão, pronto. É fácil colocar as coisas nos trilhos.
“Nascemos para morrer, conhecemos pessoas para as deixar e ganhamos coisas para as perder”
Então, vamos à universidade. Se quiser passar em uma boa instituição, vai precisar dedicar horas e horas de estudo, perdendo um tempo valioso da vida decorando dados que não só nunca serão usados, como na maior parte das vezes não se relacionam com a futura profissão.
Achamos que a universidade é um local de saber, mas ela é também uma prisão. Não que possamos simplesmente ignorá-la, não é esse o ponto. Porque não podemos. Mas, se estamos despertos e conscientes, não só a profissão escolhida pode ser diferente como a experiência universitária em si e o peso que é dado a ela.
O trabalho e a morte do espírito
Quando nos formamos, vem o trabalho. Devemos nos dedicar e dar o nosso melhor, se quisermos “ser alguém”. Quanto mais horas, mais produtividade, mais a empresa fica feliz e talvez, talvez, você tenha um bom salário. Acorda, trabalha, volta para casa, e dorme. Às vezes entre uma coisa e outra, tem um happy hour, um encontro com amigos, um momento de descontração e felicidade. Mas basicamente a vida de adulto é acordar, trabalhar e pagar boletos.
“O homem sacrifica sua saúde, a fim de ganhar dinheiro. Em seguida, sacrifica o dinheiro para recuperar sua saúde. E então está tão ansioso sobre o futuro que não desfruta o presente; o resultado é que ele não vive nem no presente nem no futuro; ele vive como se nunca fosse morrer, e depois morre sem nunca ter realmente vivido.”
Durante anos e anos, seguimos religiosamente essa rotina. Quanto mais ajustados, mais validados somos pelos sistema e pelas pessoas à nossa volta. A lógica é: trabalhar, contribuir, comprar. Comprar, ter mais desejos, comprar mais. Então trabalhar ainda mais para comprar esse monte de coisas das quais não precisamos para viver. E onde entra o espírito? A que horas do dia nos dedicamos a isso? No máximo, meditamos, ou vamos à aula de yoga duas vezes por semana, durante uma hora. Todo o resto do tempo passamos trabalhando. Estamos mais tempo no trabalho do que estamos com nossos filhos e nossa família. Por vezes, adoecemos, então usamos todo o dinheiro que acumulamos para nos curar.
Passamos metade da vida atrás de dinheiro e a outra metade usando o dinheiro para correr atrás da saúde.
E não tem como não ser assim, pois vivemos nessa sociedade com esse sistema. Se você não seguir esse fluxo, não sobrevive. E o dinheiro não é ruim, ao contrário, é uma energia abundante, uma moeda de troca que nos traz bem-estar e sobrevivência. O problema está em como escolhemos ganhá-lo e, depois, gastá-lo. Da forma que fazemos, somos escravos e matamos o nosso espírito, negligenciamos a espiritualidade e a alma. Nos tornamos robôs.
De comandados à comandantes
Reflita sobre o que foi dito e seja sincera: qual o sentido da sua vida? É só trabalhar?
Trabalhar é muito importante. Ter uma atividade é essencial, especialmente quando dela tiramos o nosso sustento e certa satisfação. E, novamente repito, precisamos do sustento para sobreviver. Por isso, estamos um pouco presos, pois nesse ponto, não há muitas saídas. Não temos muitas escolhas possíveis, que possam nos libertar desse ciclo de escravidão que a vida se tornou, especialmente no ocidente. Quando temos filhos, os boletos vão chegar e tem que ser pagos. E, para quem não nasceu rico, só há uma maneira de fazer dinheiro de forma honesta: trabalhando. Essa é a má notícia.
“Passe algum tempo sozinho todos os dias”
Existe o lado sombrio, mas existe o lado luminoso. A boa notícia é que podemos, por nós mesmos, acordar o espírito para essa situação. Uma vez que nos damos conta de que isso nunca vai trazer a felicidade que esperamos e que somos enganados pelo sistema a todo momento, podemos tentar trabalhar a espiritualidade de uma maneira mais intensa, mais profunda e conectada. Estudar yoga e não só praticá-la é a primeira saída. Meditar todos os dias, estudando também técnicas e novas maneiras de silenciar a mente. Estudar projeção astral, para conseguir sair do corpo de forma consciente e aprender sobre os mistérios do mundo direto da fonte. Vivenciar a espiritualidade de forma verdadeira, estudando toda a teoria que existe e praticando, muito, incansavelmente e todos os dias. E praticar não é exercitar o corpo e meditar, mas sim melhorar como pessoa, aprender a dominar as emoções e trabalhar em nós os aspectos negativos e fracos que carregamos conosco.
Quando aliamos a teoria com a prática e usamos o que aprendemos para melhorar como pessoa, estamos cada vez mais próximos do verdadeiro despertar espiritual. As respostas estão em nós, Deus está dentro de nós. No ocidente, costumamos a buscar tudo no exterior, nunca no interior. E o movimento é justamente o contrário: olhe para dentro.
Olhe para você, entenda que não precisa de coisas, entenda o que é a ilusão da matéria onde você vive.
Olhe a trajetória dos mestres: a iniciação deles não foi comprada em cursinhos workshops de finais de semana, nem muito menos através de coaching milagrosos. São transformações de essência que os tornaram grandes mestres. Somente assim, mais desperto, é que você vai poder tomar decisões melhores e saber o que priorizar em sua vida.
O contato com a natureza também é essencial. Se não conseguir mudar para perto dela, traga ela para perto de você, para dentro da sua casa. Faça da sua casa, do seu apartamento, o seu campo, seu recanto. Para alimentar o espírito, alimente seu corpo com alimentos saudáveis. Mais do que nutrientes, os alimentos são fontes de energia vital e a forma como nos alimentamos pode ajudar ou prejudicar a nossa jornada espiritual. Quanto mais nos afastarmos da lógica materialista e capitalista do mundo ocidental, mais fácil será alcançar a espiritualidade.
Quando comandamos, entramos na energia da luz. Acorde seu espírito, desperte sua mente. Sai das ilusões, perceba como tudo funciona. Priorize o que realmente importa e não negligencie seu espírito. Arrume tempo para se dedicar a ele, arrume tempo para você. Cuide de você.
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