Krishnamurti: o novo governador do mundo
Há quem diga que Krishnamurti foi reconhecido como o próximo Buda e estava sendo preparado para isso pela Sociedade Teosófica. Mas ele se desligou da sociedade e rejeitou, até sua morte, qualquer tipo de título de guia espiritual. Escreveu diversos livros e deixou uma obra com ensinamos profundos e emocionantes sobre a humanidade.
“Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente”
Porque ele não se considerava um líder espiritual, o “instrutor do mundo” segundo a Sociedade Teosófica? O que nos ensinou essa consciência tão desenvolvida?
A biografia de Krishnamurti
Jiddu Krishnamurti nasceu em uma pequena vila no sul da Índia, em 11 de maio de 1895. De um total de 10 irmãos, somente Krishnamurti e mais 3 sobreviveram à infância difícil e simples. Quando estava com 13 anos, seu pai foi contratado como secretário da Sociedade Teosófica, levando consigo Krishnamurti e os irmãos.
Ali, Krishnamurti foi educado e adotado junto com mais um irmão, pela Dra. Annie Besant, presidente da Sociedade Teosófica na época. Isso pois, não só a presidente como outros membros da sociedade, enxergaram em Krishnamurti grande potencial espiritual, chegando a acreditar que ele ocuparia o posto de “instrutor do mundo”, segundo a tradição teosófica. Para preparar o mundo para sua chegada, uma organização internacional chamada Ordem da Estrela do Oriente foi formada e o jovem Krishnamurti tornado seu líder.
“Os ensinamentos são importantes por si mesmos e intérpretes ou comentadores apenas os distorcem, sendo aconselhável ir diretamente à fonte, os próprios ensinamentos, e não valer-se de nenhuma autoridade.”
Em 1929, entretanto, Krishnamurti renunciou ao papel que lhe fora destinado, dissolveu a Ordem com seus inúmeros seguidores e devolveu todo o dinheiro e a propriedade doados para seu trabalho. Nos 60 anos seguintes, viajou pelo mundo falando para grandes audiências sobre a necessidade de uma mudança radical na humanidade, não se ligando a nenhuma religião ou filosofia. Até sua morte, publicou 47 livros onde passou grande conhecimento à humanidade. Assim, Krishnamurti tornou-se mundialmente conhecido como um dos maiores filósofos e instrutores religiosos de todos os tempos. Ele se distanciou de qualquer organização religiosa, seita, país, associação política ou pensamento ideológico, sendo um livre pensador. Na visão dele, esses seriam os elementos base que dividem os seres humanos e trazem o conflito e a guerra, contra o que Krishnamurti pregou em toda sua obra.
Krishnamurti não falava como um guru mas como um intelectual. Suas palestras e discussões não são baseadas em um conhecimento tradicional, mas em seus próprios vislumbres sobre a mente humana e sua visão do sagrado. A essência de sua mensagem tem se mantido inalterada através dos anos e continua a encantar os buscadores da luz.
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8 ensinamentos de Krishnamurti sobre grandes temas humanos
A obra de Krishnamurti é densa, profunda e completa, o que torna difícil resumir com justiça sua gama de pensamentos. Porém, podemos destacar algumas de suas ideias mais simples e que provocam a reflexão sobre o mundo que vivemos e a condição humana.
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Sociedade moderna e corrupção
Krishnamurti reconhecia as dificuldades da vida moderna, os sintomas que ela apresenta e o impacto que ela tem na psique humana. A correria, o imediatismo e individualismo típicos dessa era eram uma preocupação para Krishnamurti, que apontava a iluminação como um caminho distante desses valores. Para crescer, é preciso abandonar esse estilo de vida e adotar uma visão de mundo mais ética, fraterna e espiritual.
A corrupção também era vista por Krishnamurti como um câncer social, pois não só refletia o estado de desenvolvimento dos governantes e do povo, como também corroía as estruturas e a organização social como um todo. A corrupção, para Krishnamurti, era um mau terrível que só poderia ser combatido através do conhecimento metafísico.
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Violência
A violência era muito criticada por Krishnamurti. Fruto da desigualdade gerada pela corrupção, quanto mais a injustiça penetra na sociedade mais embrutecido fica seu povo e mais ele regride espiritualmente, pois ela extrapola a esfera urbana e se infiltra também nas relações afetivas humanas e particulares, se tornando parte da cultura e sendo normalizada. Krishnamurti repudiava qualquer tipo de violência, não fazendo distinção entre a vida humana e animal. Aliás, a percepção da igualdade entre o homem e os animais era um tema muito falado por ele.
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Busca pela felicidade
Para Krishnamurti, a felicidade material era uma ilusão e a busca cega por ela inútil. A tendência humana de se livrar do peso interior do medo, da dor e da tristeza leva as pessoas ao individualismo, rejeição do sofrimento e negação da dor, construindo barreiras para o desenvolvimento espiritual que se esconde nos momentos difíceis da vida. Através do acúmulo material, as pessoas esperam ter a garantia da certeza e da segurança, esquecendo que essas sensações só podem vir do universo espiritual. A felicidade era, para Krishnamurti, um movimento interno, sendo necessário trazer à nossa vida diária uma qualidade profundamente meditativa e espiritual para encontrá-la.
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Rejeição de sistemas de pensamento
Seja a religião ou política, Krishnamurti tinha convicção que os sistemas de pensamentos políticos e religiosos eram grandes vilões, responsáveis pelos conflitos que orientaram a história do mundo. Guerras e muitas mortes ocorreram devido à divisão humana que esses movimentos provocam, o que não poderia estar mais afastado do mundo espiritual e dos valores divinos. Pregar algum tipo de verdade é uma grande arrogância e sempre tende a subjugar o outro, diminui e minar qualquer possibilidade de pensamento contrário e alimenta a ideia de superioridade. Para Krishnamurti, antes de sermos hindus, muçulmanos, ou cristãos, somos seres iguais ao resto da humanidade. A fraternidade era um valor caro para ele.
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Meio ambiente
Assim como Krishnamurti sempre alertava seus ouvintes para levar uma vida fraterna, o mesmo valor deveríamos manter em relação ao meio ambiente. A destruição e exploração indiscriminada dos recursos naturais era visto por Krishnamurti com grande preocupação, sendo urgente a modificação do estilo de vida e maneira com a qual nos relacionamos com a natureza. A preservação da vida dependia do despertar humano para a pauta ambiental.
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Autoconhecimento, cura e fim do sofrimento
Muitas pessoas procuravam Krishnamurti para receber orientação sobre problemas particulares. Em suas entrevistas privadas ele era um professor compassivo, ouvindo atentamente o homem ou mulher que vinha a ele em sofrimento, encorajando-o a curar a si mesmo através do seu próprio entendimento. Somente o conhecimento sobre a origem humana e o desnudamento do que está oculto na vida poderia harmonizar o espírito consigo mesmo. Através do entendimento, estudo e consideração, seria possível pôr fim ao sofrimento.
Seus ensinamentos transcendem os sistemas de crenças feitos pelo homem, o sentimento de nacionalismo e de sectarismo. Ao mesmo tempo, eles dão um novo sentido e direção à busca da humanidade pela verdade. Seus ensinamentos, além de serem relevantes à idade moderna, são atemporais e universais.
“O autoconhecimento é o começo da sabedoria, em cuja tranquilidade e silêncio encontra o imensurável.”
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Tudo é energia
Energia é ação e movimento. Para Krishnamurti, toda ação, desejo e pensamento é uma forte manifestação energética, que nos conecta com uma vibração específica no mundo. Toda vida é energia e manter essas energias saudáveis é um dos segredos do bem viver.
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Integração entre mente e coração
Krishnamurti ensinava que a mente e o coração, ou seja, o universo emocional, eram uma entidade única, onde um não existe sem o outro. Mais que isso, o emocional influencia diretamente e vice-versa, mostrando a necessidade de cuidarmos não só daquilo que pensamos, como também do que sentimos, para evitar conflitos e ter uma visão mais plena da vida e uma experiência mais serena.
Krishnamurti deixou um imenso acervo em forma de discursos públicos, escritos, discussões com professores, estudantes, figuras religiosas e científicas, conversas com indivíduos, entrevistas em televisão, rádio e também muitas cartas. Muito deste material foi publicado em forma de livros e vídeos, uma obra inestimável para quem busca o autoconhecimento e o despertar da consciência.
E você? Já leu algum livro de Krishnamurti? Deixe nos comentários para nós!
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