Como manter as funções cerebrais em dia com exercícios feitos em casa?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Simples ações e pequenas mudanças na rotina já trazem ótimos resultados
Milena Garcia, de AnaMaria Digital
Você já ouviu falar em “neuróbica”? O termo consiste na união das palavras neurônios e aeróbica, fazendo referência aos exercícios mentais. Na prática, isso significa ativar conscientemente as diversas áreas do Sistema Nervoso Central, principalmente aquelas ligadas ao raciocínio e à memória, que podem acabar “criando ferrugem” com a falta de estímulos diários.
Os benefícios de manter uma mente ativa, ou não sedentária, são muitos e ultrapassam aspectos psicológicos e neurológicos. Vale destacar a redução dos níveis de estresse e ansiedade, além de diminuir os riscos de depressão. Também melhora a qualidade de sono, a capacidade de concentração e criação, desenvolvimento da memória e da coordenação motora.
Em termos técnicos, o neurocientista Fabiano de Abreu, que também é neuropsicólogo, destaca que essas práticas atuam diretamente no encéfalo – região do sistema nervoso responsável por processar e integrar informações. “Esse processo contribui para a homeostase, equilíbrio necessário para o bom funcionamento do cérebro. Ainda ajuda a retardar a morte neuronal, promovendo o aumento neuronal e o fortalecimento das sinapses para uma melhor memorização”, explica.
Outra vantagem é que esse tipo de atividade evita a morte neuronal, promove a neurogênese, formação de novos neurônios no hipocampo (região da tradução das memórias) e reforça as conexões cerebrais, prevenindo as doenças comuns da velhice, por exemplo, o Alzheimer.
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Longevidade
Dessa forma, exercitar a mente é fundamental em todas as fases da vida, porém ganha destaque especial com a chegada da terceira idade. “É nesta fase da vida que perdemos algumas habilidades cognitivas, surgem alguns desequilíbrios emocionais e há um desgaste de uma forma geral”, explica a psicóloga Alessandra Augusto.
Para Fabiano de Abreu, é comum que as preocupações com a neuróbica tenham início durante a velhice, em “uma verdadeira corrida contra o tempo”, mas que quanto antes começarem os exercícios, melhor. “Manter a capacidade cerebral em constante evolução é o mesmo que continuar o trajeto natural em razão da nossa existência, que é a evolução. É como o vento que impulsiona a vela para navegar rumo ao objetivo e, de repente, para de ventar”, exemplifica.
Os exercícios mentais, inclusive, podem trazer resultados diferentes e refletir em várias áreas da vida, de acordo com a idade. Na infância e adolescência, por exemplo, é possível adquirir maior capacidade de concentração nas aulas escolares e absorção do conteúdo transmitido pelos professores.
Já na idade adulta, vale destacar a possibilidade de alcançar um maior rendimento no trabalho e criatividade para solucionar problemas. Por fim, na terceira idade, é comprovado o aumento da autonomia, além da manutenção dos efeitos e limitações trazidos pela velhice – como já mencionado pelo neurocientista.
Como praticar?
As vantagens são tantas que você já deve estar imaginando a complexidade em praticar os exercícios mentais, certo? A boa notícia é que, ao contrário do que parece, é possível manter uma mente ativa através de simples ações e pequenas mudanças na rotina. Confira algumas dicas!
Exercícios físicos
Não é segredo nenhum que a prática de exercícios é fundamental para a saúde do corpo, entretanto, também é indispensável nos cuidados com a mente. “As células nervosas passam a receber mais sangue no momento do exercício, ganhando mais ramificações para uma melhor comunicação, proporcionando a plasticidade que ajuda na memória e na aprendizagem”, pontua Fabiano.
O neurocientista ainda acrescenta: “O exercício físico também está relacionado à produção de neurotransmissores como serotonina, endorfina, GABA, entre outros, que estão relacionados ao humor e à nossa condição mental”.
Outro ponto importante, ressaltado por Alessandra, é a possibilidade de manter a atividade mesmo em tempos de pandemia. “Hoje nós temos a tecnologia, temos acesso a conteúdos que ajudam a manter uma prática física, mesmo estando em isolamento”.
Alimentação
Comer de forma saudável também é fundamental para garantir uma mente mais ativa, assim como todos os benefícios trazidos por ela. “Os alimentos são essenciais, já que neles estão os aminoácidos necessários para o funcionamento do nosso organismo. Carne, peixe, nozes, legumes, arroz, feijão, ovo, verduras escuras, legumes… todos têm em suas particularidades os aminoácidos que formam as proteínas necessárias para nossa vida”, pontua Fabiano.
Sair da rotina
Já pensou em escovar os dentes com a mão oposta à que costuma utilizar? E que tal mudar o percurso habitual ao trabalho? Essas são as recomendações do neurocientista para sair da zona de conforto e, dessa maneira, fornecer novos estímulos ao cérebro.
O especialista também sugere tentar digitar no teclado (do celular ou computador) e usar o mouse com a mão oposta, estimular o paladar através de refeições variadas e praticar meditação.
Leitura
Segundo Fabiano, a leitura “é a melhor maneira de uma maior plasticidade cerebral”. Nesse caso, o profissional destaca que, além de jornais e obras de ficção, por exemplo, é interessante adotar a prática de ler dicionários.
Isso porque essa é uma maneira de aprender novas palavras e acrescentá-las no vocabulário – estimulando a memória e o aprendizado. “O exercício mental está na leitura, na aprendizagem, no reforço e na satisfação de ser visto como um intelectual”, detalha.
Jogos e quebra-cabeças
Momentos de diversão também podem ser aproveitados para estimular o raciocínio e a concentração, especialmente na terceira idade. Entre eles, vale destacar os quebra-cabeças ou qualquer um dos jogos mentais e lógicos – inclusive os disponíveis on-line.
Uso moderado da internet
Por outro lado, Fabiano recomenda evitar o uso da internet em excesso para uma maior plasticidade cerebral. “A internet faz você liberar dopamina, que é o neurotransmissor da recompensa. Só que ela é viciante. Então, toda vez que você está na internet, principalmente nas mídias sociais, tudo aquilo que você tem de animação (likes e comentários, por exemplo) está gerando dopamina”, explica. O profissional explica que, quando o organismo se adapta a “rotina de liberação de dopamina constante, ele sempre vai querer mais”, aumentando a ansiedade e os níveis de cortisol no organismo. Assim, o cérebro passa a gastar mais energia, gerando a fadiga, déficit de atenção e a dificuldade de absorver conhecimento.
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