A mediunidade na melhor idade
O fenômeno mediúnico normalmente se manifesta na juventude, mas nem sempre. Há muitos casos onde a mediunidade dá os primeiros sinais na chamada melhor idade, ao contrário do que muitos pensam, induzidos pela ideia de que a capacidade metafísica do corpo perece junto com o corpo conforme envelhecemos. Quem pensa isso, está totalmente enganado.
“Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?”
Mas a verdade é que não tem hora para o despertar da consciência; ela pode acontecer em qualquer altura de nossa vida, desde infância, passando pelos anos de juventude e também na terceira idade. Sim, existe a mediunidade na melhor idade. Aliás, é durante essa fase que nos conectamos com mais força ao mundo espiritual. A finitude que se apresenta conforme os anos passam traz muita reflexão, uma urgência em entender a vida e o universo espiritual, seja através das religiões ou pelo desenvolvimento tradicional da mediunidade. Além disso, a mediunidade, sendo uma faculdade natural, eclode ou surge na época apropriada, definida no planejamento reencarnatório do indivíduo. E, se este indivíduo programou o aparecimento da mediunidade e o desenvolvimento das capacidades espirituais para a terceira idade, assim vai ocorrer.
Quem não conhece uma vovó que nunca se ligou de verdade no mundo divino, e, após uma certa idade, passou a frequentar a igreja e falar intensamente de Deus? Pois é. Muitas são as convocações que recebemos ao longo da vida, mas é na melhor idade é que acontece o último chamado para o despertar espiritual.
O apogeu mediúnico
Existe muito tabu em torno da mediunidade na melhor idade, do declínio mediúnico no decorrer do tempo, em função do esgotamento dos órgãos. Um grande erro, pois somente o corpo pode perecer, nunca o espírito. Mas, no período de “velhice saudável”, a mediunidade pode alcançar excelências sublimes, que não são possíveis a um médium jovem por razões óbvias de inexperiência e falta de treino neurológico. A mediunidade exige, dentre outras coisas, atividade intelectual, cultura, inteligência e maturidade, características que o só o tempo se encarrega de nos presentear. Por isso é que, em tantas culturas, o culto ao idoso é tão comum e eles são considerados os mestres, os sábios a quem todos devem escutar e respeitar.
Chico Xavier nos deixou esse legado, mostrando alta atividade mediúnica na terceira idade. Nunca parou de trabalhar, mesmo com a chegada da velhice, que foi adoecendo seu corpo. E jamais podemos dizer que houve uma queda na qualidade de sua comunicação com os espíritos, pelo contrário.
“Os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons”
Mas Chico Xavier sempre foi médium, então não é bem o melhor exemplo para traduzir a ideia deste artigo. Aqui, estamos focados na mediunidade tardia, ou seja, a mediunidade que só aparece após a maturidade, na velhice ou na sua aproximação. E essa manifestação se torna possível justamente devido às condições impostas pela idade, como, por exemplo, o enfraquecimento físico, que favorece a expansão das energias perispiríticas. A própria introversão da mente também é um aspecto da velhice que proporciona a eclosão mediúnica, além da diminuição de atividades da vida prática provocada pelas mudanças orgânicas do envelhecimento. A mediunidade na melhor idade é uma espécie de preparação mediúnica para a morte, constituída de fenômenos como vidência, comunicação oral, intuição, percepção extra-sensorial e encontros espirituais através dos sonhos.
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Como ocorre na realidade
Uma manifestação muito comum são os sonhos. Os idosos começam a ter o sono povoado por encontros espirituais, onde podem reencontrar parentes que já se foram. Mãe, pai, irmãos, às vezes filhos aparecem durante o sono, trazendo muito amor, mensagens e aprendizado. Anjos também são muito comuns nos relatos dos sonhos na terceira idade.
Eles se veem jovens de novo, conseguem voar, reencontram familiares e são inundados pelo amor divino. É um bálsamo, além de um treino para o desencarne, quando de fato tudo que foi sonhado pode acontecer. São encontros reais, não são meros sonhos. O espírito é, de fato, retirado do corpo e visitado por essas entidades. É lindo.
“Os velhos acreditam em tudo, as pessoas de meia idade suspeitam de tudo, os jovens sabem tudo”
Na mediunidade na melhor idade existem também os relatos de vidência, onde o idoso, naquela fase entre adormecer e estar ainda desperto, veem espíritos. Muitos se assustam, mas a grande maioria é levada pela grande saudade que trazem no peito e se deixam levar pela experiência. É uma pena que, na maior parte das vezes, quando relatam o ocorrido não são levados a sério em função da idade avançada. Muitos sofrem até mesmo chacota familiar, um enorme desrespeito não só ao idoso, mas ao mundo divino em si. Respeito e amor são fundamentais nessa fase da vida, e devemos ter em mente que todos chegaremos lá. E se não chegarmos, é porque desencarnamos cedo e não pudemos vivenciar a plenitude da vida em sua totalidade, vendo os filhos crescerem, construindo suas famílias e nos trazendo netos, uma das maiores alegrias da vida. Há quem tenha a sorte de conhecer seus bisnetos!
Indo mais além, alguns idosos já muito próximos da morte, relatam a presença de espíritos ao redor de suas camas. Como não estão 100% conscientes, também não são levados a sério, mas deveriam. Muitos perguntam “quem são todas essas pessoas?” para os parentes que estão em volta. Esses nada veem. Muitos dizem “fulano veio me visitar ontem”, sendo que este fulano já faleceu há muitos e muitos anos. Pensa-se ser alguma descompensação do momento, provavelmente em função de alguma doença que está correndo o corpo físico na hora da morte, mas a verdade é que isso é muito comum e verdadeiro. Eles realmente estão vendo aquele quarto de hospital, frio e vazio, completamente cheio de amigos espirituais.
Se isso acontecer com você, se alegre e acredite. Mesmo que você não veja nada, encha seu coração de amor pelo seu ente querido que está partindo, pois, quando eles relatam esse tipo de experiência, significa que estão sendo muito bem recebidos do outro lado e que o amor está presente.
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Cordel “Nunca é tarde”
Para fechar esse artigo, trago as doces e emocionantes do poeta Braulio Bessa, o encantador de palavras. Ninguém consegue, como ele, juntá-las e fazê-las pura emoção, comovendo sempre os corações de quem as escuta.
Nunca é tarde
O tempo se escorrega
Despretenciosamente
Não há força que segure
Por mais que a gente tente
Cada minuto pra tras
Foi um que andou pra frente
E mesmo correndo doido
Nesse galope feroz
Vez por outra ele amansa
E deixa de ser algoz
Inté parece que diz:
Dá tempo de ser feliz
Pois nunca é tarde pra nós
Nunca é tarde pra viver
E aprender com a vida
Pra perceber que a estrada
Nem sempre será florida
E que sempre há sempre uma cura
Até pra pior ferida
Nunca é tarde pro rancor
Se transformar em perdão
Pra perceber que nem sempre
Você tem toda razão
Pra sentir mais com a mente
E pensar com o coração
Nunca é tarde pra ser bom
Quando a maldade chegar
Nunca é tarde pra sorrir
Quando a lágrima rolar
Nunca é tarde pra ser forte
Quando o corpo fraquejar
Acredite, nunca é tarde
Pra abraçar um amigo
Pra proteger um estranho
Que tá correndo perigo
Nunca é tarde pro seu peito
Se tornar um grande abrigo
Nunca é tarde pra plantar
Uma árvore no chão
Nunca é tarde pra ser grato
Por nunca faltar o pão
E aprender a dividi-lo
Com quem não tem um tostão
Nunca é tarde pra sonhar
Em algo quase impossível
Entender que a esperança
Nem sempre será visível
Nunca é tarde para o fraco
Se tornar um imbatível
Imbatível como o tempo
Que todo dia avisa
Que a conta que ele faz
Quase sempre é imprecisa
E até a calculadora
Não sabe e fica indecisa
A conta de quando
A peça da vida sai de cartaz
Onde o ator principal é você
E ninguém mais
O tempo é um segredo
E acredite, é muito cedo
Pra dizer tarde demais.
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