O monge que “voltou” à vida após 90 anos de sua morte
O mistério em torno da morte e exumação de Dashi-Dorzho Itigilov é mais um dos grandes mistérios que existem no budismo e no mundo: Dizem que ele “voltou” à vida após 90 anos. Esse caso deixou os médicos forenses completamente chocados, em função das condições quase intactas que o corpo do monge se encontrava nas duas ocasiões em que foi exumado, uma delas quase um século após sua morte.
E o mais curioso é que essa exumação não aconteceu por acaso: através da prática da meditação, ele atingiu o estado de nirvana e deixou essa orientação. Deveria ser exumado 90 anos após sua morte, para que todos testemunhassem o poder espiritual da meditação sobre a morte. Ele já havia avisado que esse milagre aconteceria! E assim aconteceu. É um ou não é incrível?
“O milagre não prova o impossível; serve, apenas, como confirmação do que é possível”
Esse caso é mais uma grande prova que fortalece a nossa fé no mundo espiritual e também nos poderes quase mágicos da meditação. A verdadeira iluminação pode ser atingida através dessa prática que, diga-se de passagem, é milagrosa. Ela cura, equilibra, ilumina, desperta. É um portal para o mundo espiritual.
A biografia de Dashi-Dorzho Itigilov
Dashi-Dorzho Itigilov nasceu em 1852, em Ulza Dobo, na Rússia. Itiguilov perdeu os pais quando ainda era jovem, então quase não há informações sobre sua família. Órfão e sozinho, Itiguilov trabalhou como pastor e era fascinado, de acordo com os monges, por túmulos e objetos funerários. Começou sua educação religiosa bem cedo, com apenas dezesseis anos. Estudou no Anninsky Datsan (um monastério budista de ensino em Buryatia) e ali permaneceu por 23 anos, onde recebeu, além da orientação religiosa, diplomas em medicina e filosofia.
Durante a I Guerra Mundial, Itigilov prestou grandes serviços à vida humana: ajudou a estabelecer vários hospitais, com médicos auxiliando soldados feridos e prestando todo tipo de ajuda para quem precisasse. Por suas atividades de caridade, Itigilov recebeu a Ordem de Santa Ana, uma condecoração russa para aqueles que amam a justiça, a piedade e a fidelidade
Em 1927, aos setenta e cinco anos, Itigilov pediu que outros lamas que iniciassem cerimônias de meditação e ritos fúnebres em seu favor, já que, segundo ele, sua hora de partir já estava próxima. Os lamas negaram o pedido, já que ele parecia saudável e não dava mostras de que iria desencarnar. Como resultado, Itigilov começou a meditar sozinho até que outros lamas se juntaram a ele. Pouco tempo depois, Itigilov deixou de respirar.
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A história como aconteceu
Itigilov sentou-se em posição de lótus, começou a meditar e pouco tempo depois deixou de respirar, sinal de que havia deixado seu corpo. “Visitem-me e vejam meu corpo em 30 anos, e em 75 anos me tirem da Terra”, disse o monge antes de morrer. Na posição de lótus, ele foi colocado em um cubo de cedro e coberto por sal, como recomendado em seu testamento.
Seu corpo foi exumado pela primeira vez 28 anos depois e não 30, como estipulado em seu testamento. Na época, um furacão atingiu a região e moradores quiseram rezar para o monge pedindo ajuda, por isso abriram a caixa com seu corpo e tiveram a primeira surpresa: suas juntas pareciam estar flexíveis, a pele manteve a elasticidade e a área em torno de seu coração estava aquecida. Como, após quase 30 anos, uma parte do corpo de um “defunto” pode estar quente? E sendo essa parte a região do coração, o fato ganha ainda mais significado.
Após os rituais de orações, os moradores trocaram as roupas de Itigilov e ele foi enterrado novamente. Em 2002, como indicado em seu testamento, a caixa foi exumada novamente e levada para o monastério de Ivolguinski, próximo a Ulan-Ude.
Os monges que participaram do processo rezaram durante toda a noite em volta da caixa, sem abrir a tampa. Pela manhã, um médico forense foi chamado para abrir a caixa e todos tiveram novamente uma grande surpresa: o corpo do monge estava coberto de sal até a altura dos ombros, com a cabeça em tão boas condições que era possível suspeitar que ele ainda estivesse vivo, de acordo com testemunhas. Os órgãos internos estavam preservados, assim como os olhos e toda a região da cabeça. Um especialista examinou-o e disse que seu corpo era compatível com o de uma pessoa morta há apenas algumas horas. Ou seja, os sinais de morte que o corpo apresentava indicavam uma morte muito recente, não o efeito esperado de 30 anos de decomposição. Impressionante.
“Quem venceu o medo da morte venceu todos os outros medos”
E, em nenhuma das duas ocasiões onde foi exumado, o corpo de Itiguilov tinha qualquer odor. Com níveis de preservação que beiram o impossível, com partes ainda quentes e sem odor de putrefação, essas foram as condições do corpo de Itiguilov 30 anos após sua morte.
Exames científicos
A comunidade médica ficou tão chocada, que pediu autorização para a comunidade monástica para realizar alguns exames no corpo de Itiguilov. Dois gramas de amostras foram enviadas para exame, incluindo cabelo, pele e pedaços de unhas.
Nova surpresa: exames de raios infravermelhos mostraram que as amostras de proteínas tinham características vivas, além da falta de odor característico da ação do tempo sobre a decomposição dos corpos. Além disso, desde que foi exumado, seu corpo tem ganhado cerca de 2 kg por ano. Nos últimos seis anos, seu peso aumentou cerca de 10 kg, e o excesso de umidade às vezes aparece no corpo, como se ele “transpirasse”. Por isso tantas pessoas acreditam que, mesmo tantos anos após morrer, o monge ainda vive, atraindo milhares de peregrinos para visitar o local onde o corpo está exposto.
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Vencendo a morte
É interessante perceber que, mais impressionante do que a preservação do corpo físico, é a possibilidade de vencer a morte. Não digo isso com base no fenômeno de preservação, mas sim espantada com a possibilidade que o nirvana proporciona, onde, ao invés de morrer, abandona-se o corpo de forma consciente. A iluminação é tão grande, que é possível prever quando a missão de vida na Terra se encerra e é hora de partir, sem precisar passar pelo ritual de morte comum pelo qual todos passamos. Sem sofrimento, sem doenças que consomem a carne, nada disso. Simplesmente eles se sentam em lótus, iniciam um processo de meditação profunda e literalmente abandonam o corpo de forma consciente.
“Medite. Muito. Ela conecta com o divino, desperta a consciência e equilibra o espírito e o corpo”
Esse ritual existe também no hinduísmo e funciona da mesma forma. Mahāsamādhi (o grande e final samādhi) significa deixar intencionalmente o próprio corpo, ato que iogues iluminados que tenham atingido o estado de nirvikalpa samādhi conseguem realizar. É diferente da ideia de morte, o processo de desligamento que ocorre com pessoas comuns de forma involuntária. A morte, para seres iluminados, é um processo voluntário e consciente.
A história do monge que “voltou” à vida após 90 anos é impressionante, mas não é o único caso em que um grande mestre abandonou o corpo voluntariamente, onde o corpo sem vida não demonstra sinais de decomposição. Yogananda, um grande mestre iluminado hindu, passou pelo mesmo processo. Se quiser saber mais sobre essa história, você pode ler aqui.
Quando a humanidade atingir esse nível de despertar do espírito, a morte deixará de causar tanto sofrimento e ser um tabu como é, especialmente no ocidente. Não será mais necessário morrer, no sentido tradicional da palavra. E a chave para esse e tantos outros milagres é a meditação. Eu quero morrer assim! E você?
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