Moxabustão – uma técnica de cura através do calor
Seu nome pode trazer poucos indícios sobre o que se trata. No entanto, a moxabustão é mais uma técnica proveniente da Medicina Tradicional Chinesa, que visa utilizar os meridianos de energia vital para fins de cura – assim como a acupuntura. Acredita-se que o surgimento desse método seja até mesmo anterior ao tratamento com agulhas.
Basicamente, a moxabustão consiste em tipo de acupuntura térmica, de modo que sua tradução literal, a partir do chinês jiǔ, significa “longo tempo de aplicação do fogo”. Portanto, aos que nutrem certa aversão por agulhas, o tratamento térmico também é capaz de promover o equilíbrio do corpo.
Como funciona o tratamento com moxabustão
Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, os grandes causadores de doenças para o ser humano estão atrelados ao frio, ao vento e a umidade. Portanto, nada mais coerente que utilizar-se de fontes de calor para promover a cura.
A grande diferença entre a moxabustão e métodos como a acupuntura, por exemplo, é justamente a ferramenta utilizada para prover tais resultados. Não invasiva, a técnica faz uso terapêutico a partir do calor gerado pela queima da erva Artemísia. Essa queima ocorre na ponta de um bastão (moxa), que é então aproximado da pele do paciente – ficando a aproximadamente um centímetro de distância. A distância pode variar muito de acordo com a tolerância do paciente.
De fato, a Artemísia (ou erva absinto) é a mais utilizada como moxa. Seu preparo se dá a partir da secagem e moagem da planta. Em seguida, seu pó é transformado em pequenos “charutos”, os quais são posteriormente queimados e utilizados como fonte de calor sobre os pontos críticos do paciente. Seus formatos também podem ser encontrados em carvão (a partir do caule da planta), lã (com a folha desidratada) e incensos. Além da Artemísia, outras ervas como ramo de pessegueiro ou amoreira também fazem parte da tradição.
A intenção desse calor nada mais é que ajudar a aumentar o fluxo de energia vital do paciente (também conhecido como “Qi” ou “Chi”) em todo o seu corpo através dos meridianos já conhecidos na acupuntura. Essa medicina vê o estímulo do fluxo desse Chi como essencial para alcançar uma boa saúde e bem-estar. Indo mais além, acredita-se que todos os problemas físicos e mentais desenvolvidos pelo ser têm, em parte, origem em bloqueios energéticos.
Apesar de serem essencialmente semelhantes, a concepção de saúde e doença entre moxabustão e acupuntura não é a mesma. Através das moxas, nem todos os pontos de acupuntura são aplicados. De acordo com Tomio Kikuchi, autor do livro “Moxabustão, filosofia da medicina oriental, tratamento aplicado”, são selecionados 78 pontos originais para a aplicação dos bastões.
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Utilizando a moxa elétrica
Uma das pequenas inconveniências atreladas à moxabustão certamente é a fumaça e o odor liberados pelas moxas. Os bastões de Artemísia, um dos favoritos para a prática, soltam muita fumaça, e o odor produzido pela argila em brasa tende a cheirar a cannabis. Esse cheiro é tão semelhante que muitos praticantes na China precisam colocar avisos em torno dos estabelecimentos para esclarecer sobre a real origem do odor.
Sendo assim, pessoas alérgicas ou muito sensíveis a determinados odores podem se sentir incomodados com a queima da Artemísia. Outros podem ver ainda como inconveniente a possibilidade de sentir algum incômodo pela cinza da moxa. Para ambos os casos, há uma solução já bastante difundida, que é a moxa elétrica.
Esse é um equipamento muito semelhante aos bastões tradicionais, mas que produz calor sem emitir odores nem riscos de queimaduras. No entanto, muitas pessoas buscam justamente por terapias alternativas por seus preceitos tradicionais. Os bastões de Artemísia ainda são os métodos mais procurados, principalmente devido ao fato desta ser uma erva com alto poder de cura.
Moxabustão direta e indireta
A terapia existe em duas vertentes principais: a direta e a indireta, sendo a segunda a mais utilizada. Nela, a queima da moxa frequentemente é realizada sobre a agulha de acupuntura (podendo ainda ser associada à prática de ventosaterapia). Nos casos onde as agulhas não participam, a queima é feita sobre uma camada de alho, sal ou gengibre, que descansa sobre a pele do paciente.
Já na moxabustão direta o processo é doloroso e quase nunca utilizado nos dias atuais. Ele consiste em encostar a moxa em brasa sobre a pele. Como consequência, dor e possíveis cicatrizes podem surgir.
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Para quem é indicada a moxabustão
O princípio da moxabustão, assim como a acupuntura tradicional
A abrangência dos benefícios dessa técnica é grande, e provavelmente todas as pessoas sofrem de ao menos uma das condições que a moxabustão trata. Dentre alguns dos casos mais comuns estão:
- Alívio das dores musculares;
- Relaxamento do corpo e mente;
- Reduz dores nos joelhos;
- Trata de dores nas costas;
- Controle estados de ansiedade;
- Reduz os níveis de estresse;
- Auxilia no tratamento da depressão;
- Alivia constipações;
- Melhora a qualidade do sono;
- Controla diarreias;
- Ameniza quadros de asma;
- Trata os problemas digestivos;
- Reduz sintomas dos resfriados;
- Melhora condições como sinusite;
- Controla problemas menstruais.
O uso da terapia também é associado aos problemas de padrões “frios”, como lesões ou artrite (aquelas onde o paciente se sente melhor com a aplicação do calor), extremidades frias e ainda proteger o paciente contra gripes e resfriados.
Em termos estéticos, a técnica é muito utilizada para reduzir rugas e marcas de expressão. A longo prazo, mais disposição, relaxamento e bem-estar são observados.
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Contraindicações
Apesar de natural e muito benéfica em diversos aspectos, o interessado em se submeter a uma sessão de moxabustão deve ficar atento às contraindicações. Não podem ou podem com ressalvas os pacientes nas seguintes condições:
- Estados febris;
- Alcoolizados;
- Com queimaduras recentes;
- Com feridas abertas ou traumas também recentes;
- Mulheres grávidas.
No caso das mulheres grávidas, a contraindicação se aplica apenas em casos especiais, onde riscos para a gestante ou o bebê estejam envolvidos. Circunstâncias especiais como casos de gravidez múltipla, hipertensão, miomas uterinos, patologias fetais, placentárias ou de mama, e também ameaça de parto prematuro, são alguns dos casos em que a moxaterapia não é indicada.
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