Muitas dores vêm dos nossos ancestrais. Você sabia?
A força da ancestralidade em nossa vida é muito maior do que podemos imaginar. Se antes as reverências aos ancestrais eram um movimento cultural, agora, com o conhecimento que adquirimos através das terapias como as constelações familiares, aprendemos que é possível dissolver antigas mágoas, desavenças e nós energéticos através da relação com nossos antepassados.
Tem coisas que não conseguimos explicar olhando para a nossa vida atual, porque elas vêm de outros tempos, de outras pessoas. Muitas das nossas dores vêm dos nossos ancestrais.
Clique Aqui: O que o xamanismo ensina sobre os seus ancestrais?
A origem da vida está nos nossos ancestrais
A primeira coisa que precisamos aprender é que só estamos aqui por causa dos nossos ancestrais. Sem os avós, nossos pais não existiriam. Sem os bisavós, nossos avós não existiriam. E por aí vai.
“Esquecer os ancestrais é como ser um riacho sem nascente, uma árvore sem raízes”
A família que nascemos é escolhida e faz parte do plano da nossa encarnação. Se nada é por acaso, porque a nossa família seria? É através da relação que temos com eles que podemos nos desenvolver. É por isso que eles são nosso céu e nosso inferno, é por isso que os consultórios estão cheios de pessoas com problemas emocionais relacionados à família. Através deles aprendemos sobre perdão, sobre união, sobre abandono, sobre abusos, sobre diferenças e, principalmente, sobre o amor incondicional. É isso que viemos fazer aqui: aprender a amar.
“Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Suportar, não meramente tolerar ou “aguentar”, mas sustentar com amor”
E são esses ancestrais que nos presenteiam com uma herança que vai além da genética: através de nosso DNA transmitimos e recebemos crenças subconscientes, emoções, inclinações psicológicas e emocionais. Quem nunca olhou para uma criança e viu nela o pai ou a mãe, mas não por motivos físicos? É uma reação, um olhar, um jeito de caminhar. Nós recebemos muito mais dos ancestrais do que imaginamos e descobrir isso é acessar a nossa integralidade enquanto seres.
O contexto quântico da ancestralidade
Foi Rupert Sheldrake que abriu as portas para a consciência da ancestralidade quântica.
Biólogo, bioquímico, parapsicólogo, escritor e palestrante inglês, Rupert ficou conhecido através de sua teoria sobre os campos morfogênicos: morfo vem da palavra grega morphe que significa forma, e genética vem de gênesis, que significa origem. Os campos morfogenéticos são campos de forma, campos padrões, estruturas de ordem que são produzidos pelas espécies e acessados por elas para evoluir. É um campo formado pela memória coletiva. Quando falamos de constelação familiar, por exemplo, é esse “campo” que traz as respostas e permite a cura através dessa terapia.
“Muitas vezes, sem saber, somos assombrados pelos terrores dos nossos ancestrais. Somos influenciados pelas feridas de humilhação, de exclusão, de abandono que eles viveram. A dor gerada por esses choques pode reverberar por gerações. Então, às vezes, sofremos sem compreender o motivo”
De acordo com Sheldrake, vivemos mergulhados num vibrante oceano de energia que se comunica entre si. Podemos acessar esses campos vibratórios e interagir com eles. Portanto, os campos de informação de energia dos antepassados estão sempre presentes e vivos em nossa vida. Recebemos a carga energética do jeito de pensar, sentir e agir dos nossos antepassados. E esse sistema de energia pode estar em equilíbrio ou em desequilíbrio, em ordem ou desordem, depende da história que foi escrita pelos nossos antepassados, quem eram eles e o que viveram.
“Cada um é responsável por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o único responsável por todos”
Para termos um exemplo mais prático, podemos pensar nos imigrantes europeus que chegaram ao Brasil fugindo da guerra e da fome. Vieram com disposição a aceitar o trabalho pesado como forma de sobreviver e enfrentaram muitos desafios na vida. Muitos venceram, à custa de muito trabalho duro. A consequência disso é que eles podem ter transmitido a memória energética de penúria aos seus descendentes, a noção de que o sucesso financeiro só chega depois de muito sofrimento e esforço. E essa crença pode estar nos sabotando agora. Por isso, em uma encarnação lidamos com muito mais do que o fruto das nossas escolhas. É assim que funciona, é assim que crescemos e ajudamos a crescer os demais. E a quebra desse padrão, dessa herança, é a aceitação, o perdão, o acolhimento e a inclusão.
Aceitar suas moedas: o segredo do bem viver
Um conto emocionante e muito utilizado em terapias relativas à ancestralidade é um trecho do livro do psicólogo Joan Garriga Bacardi, que fala sobre os princípios que regem as nossas relações desde a infância até os últimos momentos de nossa vida. Em linguagem simples e tocante, o conto consegue nos fazer refletir sobre aceitação e perdão, mostrando a importância de aceitarmos as nossas “moedas”, sejam elas quais forem.
Onde estão as Moedas?
Numa noite qualquer, uma pessoa, que não sabemos se é um homem ou uma mulher, teve um sonho, um sonho com os pais. Neste sonho seus pais apareciam e lhe davam algumas moedas, não sabemos quantas eram, se uma dúzia ou uma centena, nem de que metal eram feitas, se eram de ouro, de prata, de cobre, de ferro ou mesmo de argila. O sonhador as recebia de bom grado porque eram as moedas que seus pais lhe davam, eram as exatas que necessitava e merecia para levar sua vida. Satisfeito, agradeceu aos pais pelas moedas recebidas. E o sonhador termina a noite de sono tranquilo, descansado e pleno. Ao amanhecer, desperta bem-disposto e resoluto em ir à casa dos pais para comentar o sonho e agradecer as moedas recebidas. Indo até os pais, comenta o sonho e agradece as moedas recebidas, em profunda gratidão. Seus pais, vendo a atitude do filho, sentem-se grandes, ainda maiores e mais bondosos do que haviam sido e orgulhosos do filho. Dizem-lhe então:
– Estas moedas são para você, use-as como quiser e não precisa devolvê-las, são nossa herança para você.
Este filho segue seu caminho satisfeito e pleno, capaz de enfrentar e vencer qualquer desafio, com a certeza de haver recebido as exatas moedas que necessitava e merecia de seus pais, suficientes para empreender sua caminhada. De tempos em tempos volta-se para trás, em direção à casa dos pais, sentindo-se revigorado e pleno para seguir e realizar sua vida.
Em outra noite qualquer, um outro sonhador tem um sonho parecido. Neste sonho, o sonhador recebe dos seus pais algumas moedas, que não sabemos se uma dúzia, uma centena ou apenas umas tantas, nem de que metal eram feitas, se de ouro, de prata, de cobre, de ferro ou mesmo de argila. Mas este sonhador não aceita as moedas dos pais.
– Estas não são as moedas que necessito, preciso e mereço, por isto não as tomo e deixo-as com vocês. Se eu as tomasse, minha vida se tornaria pesada e, portanto, quero que fiquem com elas.
E este sonhador segue pela noite intranquilo, com o sono entrecortado e desperta muito cedo, cansado e ansioso por ir até a casa dos pais, contar-lhes a respeito do sonho. Lá chegando, diz aos pais sobre o sonho e que aquelas moedas não lhe interessam, que aquilo que eles tinham para ele não eram as moedas que ele necessita e merece, deixando-as, portanto, com eles. Os pais ouvindo isto, tornam-se ainda menores, humilhados, como costuma acontecer quando um filho não toma seus pais, seus ensinamentos e sua herança, tal como foi; e retiram-se para seu quarto. E este sonhador, tomado de uma estranha força, sente-se fortalecido e vingado, havendo acertado as contas com seus pais e sai para a vida decidido a encontrar suas moedas, as que necessita e merece. Com alguém elas devem estar.
E tomado por esta força, vai pela vida em busca de uma parceira, procurando pelas moedas que necessita e crê poderem estar com ela. Às vezes tem a sorte de encontrar alguém e mais sorte ainda desta relação durar algum tempo. Quando isto ocorre, com o passar do tempo o sonhador percebe que sua parceira não tem as moedas que necessita e merece, e o relacionamento perde todo seu encanto, ficando para trás. E o sonhador segue em busca de outra pessoa que talvez, desta vez, tenha as suas moedas. E de relacionamento em relacionamento, segue em busca de suas moedas, mas nenhum deles tem as moedas que necessita e merece. Outras vezes, o sonhador tem um filho e cria a forte expectativa de que este filho terá as moedas que necessita e merece, e o aguarda ansioso e cheio de esperanças. Mas a vida é como é; os filhos crescem e seguem seus próprios caminhos, e tampouco eles têm as moedas que o pai ou a mãe procuram.
E nesta busca incessante, o tempo vai passando até que o desespero toma conta: onde estarão minhas moedas, justo as que necessito e mereço para levar minha vida?
Então, algumas vezes vão em busca de um terapeuta, na certeza de que eles sim saberão das moedas. Mas há dois tipos de terapeutas: um que acredita que tem as moedas que seu cliente procura e outro que sabe que não as tem, mas está disposto a ajudar a procurá-las. Quando tem a sorte ou a sabedoria de encontrar este segundo tipo de terapeuta, dá-se início a um processo de auto-consciência e aprendizado, onde o sonhador vai percebendo aspectos antes ignorados, apropriando-se de sua própria vida, pouco a pouco. Até que num belo dia o terapeuta se dá conta de que o sonhador já está pronto para saber onde estão suas moedas. E neste mesmo dia, não apenas por coincidência, o sonhador vem para a terapia e diz:
– Eu já sei onde estão as moedas. Ainda estão com os meus pais.
E resoluto, empreende o retorno à casa dos pais, em busca das justas moedas que necessita e merece. Chegando à casa dos pais, arrependido e amadurecido, toma-os por inteiro, aceitando feliz e de bom grado as moedas que eles têm para si, exatamente as que precisa, necessita e merece para levar sua vida em plenitude. E seus pais, reconhecidos e aceitos inteiramente pelo filho, tornam-se ainda maiores, mais dignos e responsáveis, podendo ser ainda mais generosos. E assim o sonhador encontra seus caminhos, com a fortaleza da herança dos pais: agradecendo a vida recebida, dizendo sim a tudo tal como foi, libertando-se de todas as mágoas, deixando as responsabilidades com quem de direito; tomando sua própria vida em suas mãos, com a benção de seus pais, para que agora possa buscar sua felicidade.
Em outro momento foi até seu filho e disse:
– Você pode aceitar todas as minhas moedas, porque eu sou uma pessoa rica e completa.
Agora já peguei as minhas de meus pais.
Então o filho se tranquilizou, se fez pequeno em respeito a ele e se sentiu livre para seguir seu próprio caminho e aceitar suas próprias moedas.
Saiba mais :