Nova Era: o despertar coletivo e as mudanças sociais
Muito se fala sobre a transição planetária e a ascensão da consciência para uma era de luz, mas pouco se pensa sobre como seria uma possível vida no planeta nessa Nova Era, governado não mais pela lei do karma e sim pela luz e amor.
Parte disso se deve ao fato de que nenhum espiritualista, por mais evoluído que seja, consegue dizer com exatidão como se dará essa transição, quando ela finalizará seu ciclo e o que acontecerá depois. Mas isso não nos impede de pensar em uma sociedade justa, desprovida de sistemas de escravidão física e moral, onde reine a harmonia e a paz. Para além dos símbolos, das correntes e crenças, neste artigo vamos tratar das mudanças sociais que a Nova Era vai exigir e tentar imaginar como seria a vida na Terra na era da luz.
Conhecimento é poder. Com a abertura da consciência, após a transição planetária atingir seu fim (o que não significa necessariamente o fim do mundo) surgirá na Terra uma nova civilização, purificada de vícios emocionais, mentais e físicos e orientada por valores espirituais.
A primeira transformação é, sem dúvida, a retirada do véu, o fim da Maya, ou seja, da ilusão na qual estamos imersos e que nos impede de enxergar nossa verdadeira condição espiritual. Grosso modo, seria como dizer que, de um dia para o outro, as pessoas poderiam acordar com as faculdades mediúnicas totalmente ativas, pois o bloqueio do contato entre a matéria e o mundo astral seria derrubado.
Veríamos, imediatamente, as entidades espirituais, nossos parentes e amigos falecidos e seres interdimensionais, incluindo os extraterrestres. Não haveria religião capaz de demonizar o poder espiritual que seria concedido a cada um e que mudaria por completo a percepção de realidade das pessoas e, por consequência, os valores que elas perpetuam em relação a vida.
O dinheiro perde o sentido, as guerras perdem a lógica, as instituições nocivas como bancos, bolsas de valores e indústrias exploratórias simplesmente deixam de existir junto com a obsessão pelo lucro, e o combate à pobreza passa a ser prioridade comum. A queda das religiões ou a unificação delas seria inevitável nessa nova ordem mundial, fazendo juz ao Deus cósmico e não individual, dogmático, ciumento, excludente e punitivo criado pelas religiões.
Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro.
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O bem estar espiritual e físico seriam a norma da Nova Era e práticas como meditação fariam parte da rotina de todas as pessoas.
Viveríamos pelo bem comum e não mais pelo bem individual, totalmente integrados com a natureza e não mais contra ela, como vemos ocorrer atualmente quando baseamos nossa evolução na destruição do meio ambiente e na exploração em todos os níveis dos recursos humanos.
Mais que uma ideia, a Nova Era é um movimento que se baseia na crença que a evolução da humanidade está dividida por eras, onde cada uma é uma fase que tem características particulares. A Era do Aquário, ou Nova Era, será um tempo de grande paz onde o mundo todo estará unido, sem fronteiras, com todos trabalhando juntos para o bem da humanidade, fruto da evolução moral que estamos sendo “forçados” a conquistar através da sutilização das energias e o chamado para o despertar que a transição planetária está proporcionando.
Mas, independente desse invólucro espiritual, a perseguição da melhoria da condição humana na Terra já existe e não precisaria, em teoria, depender da transição planetária, se não fossemos tão cegos. O problema é que, sem o conhecimento da sua condição espiritual, sem o despertar, os seres humanos continuam a viver a vida nas trevas, iludidos, bélicos e egoístas.
Mas há saídas, propostas ou até mesmo realidades diferentes em alguns países, como veremos a seguir.
Zeitgeist e a Nova Era
Olhando para a sociedade atual com uma economia totalmente orientada ao lucro, fica difícil imaginar uma Nova Era, qualquer transformação que possa valorizar o ser humano a invés do capital. O poder financeiro está nas mãos de poucos e estes têm ditado, até agora, as regras sociais e econômicas em benefício próprio e tendo a ganância como valor.
Donos de grandes corporações, são eles que negociam interesses próprios com os políticos, que também agem visando o bem individual. O fenômeno da relação promíscua entre Estado e iniciativa privada não é privilégio do Brasil e existe em quase todas as nações. É esse o motor o mundo atual.
“A economia não deve prosperar em detrimento dos valores humanos. Devemos manter a prática honesta e não sacrificar a nossa paz interior pelo lucro. Se tudo fosse para ser justificado por lucros, porque nós abolimos a escravidão? Eu acredito que os ideais nobres são os verdadeiros índices de progresso.”
Dizem que não há comida para todos, mas a verdade é que milhões de pessoas não comem por questões políticas e por não terem dinheiro para comprar alimento, não pela falta dele. O desperdício alimentício no planeta é certamente muito maior do que os números mostram e que já são chocantes. Muitos passam fome para sustentar a riqueza de poucos.
A lógica do mercado não é a abundância e sim a escassez, pois o objetivo é única e exclusivamente o lucro, a qualquer preço, mesmo que custe o planeta. Acúmulo e nunca a distribuição é o pilar de valor que sustenta toda a lógica de mercado, rejeitando por completo a troca, a subsistência, sustentabilidade, deixando milhões na pobreza extrema e sem condições de vida, ameaçando inclusive a continuidade da vida na Terra.
Vivemos uma realidade onde a materialidade se sobrepõe ao espírito, onde tudo que diz respeito ao universo espiritual não tem valor. Mas existem saídas na própria matéria, mas que são ridicularizadas e rejeitadas justamente pelo desprezo aos valores humanos que sustentam a sociedade atual.
Essa visão é exposta em alguns trechos da trilogia documental Zeitgeist, termo alemão que significa o “espírito do tempo” e que defende o fim da economia monetária e uma transição para uma economia baseada em recursos, fundamentada no método científico, na tecnologia, na abundância e na troca de recursos entre nações. Acabam os Estados, etnias, religiões e classes sociais, sistemas bancários e financeiros, obrigando os poderes políticos elitistas a se reinventarem de maneira que a desregulação econômica e o poder descontrolado dos mercados passem a ser objeto de rigorosa regulação, em favor da igualdade e justiça social.
Economia baseada em recursos é a proposta dos pensadores, economistas e filósofos políticos entrevistados no documentário. É um sistema sócio-econômico global em que todos os produtos e serviços seriam disponibilizados sem a utilização de dinheiro, crédito ou qualquer outro sistema de dívida ou servidão. Todos os recursos tornam-se patrimônio comum de todos os habitantes, não de apenas uns poucos selecionados. A premissa na qual se baseia este sistema é o fato de que a Terra possui abundância de recursos para todos. Hoje não é possível uma realidade assim devido a prática de exploração de recursos através de métodos monetários, elitistas e excludentes, que marcham diretamente para a destruição do planeta e a extinção da raça humana.
“Você precisa entender, a maioria destas pessoas não está preparada para despertar. E muitas delas estão tão inertes, tão desesperadamente dependentes do sistema, que irão lutar para protegê-lo”
Mesmo sem nenhuma pretensão espiritual, o modelo proposto pelo documentário se encaixa totalmente na visão da Nova Era, onde a mudança principal além da abertura mediúnica é a extinção do capital e da economia como conhecemos. E mesmo soando como um paraíso na Terra, o movimento gerado pelas ideias do Zeitgeist vem crescendo mas não mais do que as críticas que recebe. Lunáticos, utópicos, sonhadores e desajustados são alguns dos termos e opiniões que encontramos em diversas reportagens feitas sobre o tema, por pessoas que estão tão escravizadas e dependentes do sistema atual que abominam qualquer proposta de mudança.
Enquanto a consciência oscilar entre a verdade e a ilusão, enquanto a humanidade optar por realizações materiais em detrimento da vida interior, não estará pronta para se libertar do sofrimento que causa a si mesma.
Clique Aqui: A Pandemia faz parte da Nova Era?
FIB: A Felicidade Interna Bruta
O Butão, esse pequeno e lindo país localizado no sul da Ásia, no extremo leste dos Himalaias, é uma prévia do que poderia ser a Nova Era, um exemplo único de sustentabilidade, igualdade e felicidade.
Sim, felicidade.
No Butão, ser feliz é uma meta levada muito a sério pelas pessoa e pelo governo e envolve uma série de valores sociais e morais, além de ecológicos.
É quase inacreditável, mas o país tem emissões de carbono negativas e 70% do território natural preservado. Clima agradável, rios de água cristalina, florestas intocadas, uma rica fauna e paisagens paradisíacas o fazem do Butão “o último éden do mundo”, que inclusive se mantinha isolado até recentemente sem televisão ou acesso a internet.
Mas falemos do aspecto mais impressionante do País: FIB – Felicidade Interna Bruta.
“A Felicidade Nacional Bruta é mais importante do que o Produto Interno Bruto.”
Num mundo onde o capitalismo e a economia ameaçam a vida no planeta, temos um país que valoriza mais a felicidade do que o PIB. O termo foi criado pelo rei Jigme Singye Wangchuck, em 1972, para demonstrar a superioridade de valores morais e ecológicos em detrimento de valores do capital, quando recebia críticas em relação ao crescimento econômico do país.
Assim, ele criou um valioso sistema de referências com o objetivo de utilizar esses indicadores nas tomadas de decisões para o desenvolvimento mais global e harmonioso das políticas e dos desempenhos do país. Tais indicadores têm como meta um senso comum de propósito e oferecer aos responsáveis pelas políticas públicas orientação para seus programas, que devem ser sempre coerentes com os valores do FIB.
O FIB é constituído por 72 indicadores, com 9 dimensões, consideradas os principais componentes da felicidade e do bem-estar no Butão:
- Bem-estar Psicológico
- Uso do Tempo
- Vitalidade da Comunidade
- Cultura
- Saúde
- Educação
- Diversidade do Meio Ambiente
- Padrão de Vida
- Governança
Assim, cada uma das 9 dimensões tem indicadores que vão ainda mais a fundo nos ideais de vida propostos ao butaneses. A partir deles, é calculada uma linha de corte para cada indicador em cada uma das nove dimensões, que pode ser alvo de discussão pública. Após ter calculado e avaliado os índices das nove dimensões, é calculado o número de pessoas que não atingiram a linha de corte em cada indicador, dividido pelo número de carência apontadas pela população.
Ele é comparado entre os distritos, em linha temporal para aferir evolução, considerando gênero, ocupação, faixa etária etc., para que de fato os resultados sejam condizentes com a diversidade que qualquer sociedade apresenta e que, no Butão, são muito valorizadas.
Seria o Butão uma lição para o resto do mundo?
Um prenúncio de como deveria funcionar sociedade, especialmente na Nova Era? Esperamos que sim. Que o exemplo dado pelo Butão seja urgentemente tomado como horizonte pelas outras nações, que infelizmente parecem caminhar opostamente a esses valores elegendo governantes cada vez mais ignorantes, preconceituosos, que facilitam o armamento da população, valorizam o capital, fecham os olhos para a destruição ambiental e duvidam até do aquecimento global, buscando flexibilizar a regulação ambiental que já é tão falha.
A continuidade da vida no planeta e uma realidade digna para as próximas gerações depende dessa conscientização.
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