O que a Igreja Católica diz sobre cirurgia plástica? É pecado?
O Brasil é o 2º país onde mais cirurgias plásticas são realizadas, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2015, foram realizadas mais de 1 milhão e 200 mil cirurgias plásticas no país. Mas o que será que a Igreja Católica fala sobre os desejos de mudar a criação divina? Veja abaixo.
A insatisfação e o ideal de beleza
A preocupação com a aparência tem feito com que muitos brasileiros recorram à cirurgia plástica para alcançar o corpo ou o rosto que tanto desejam. A busca pela imagem perfeita se tornou moda e faz com que homens e mulheres alterem a criação divina de forma desenfreada em nosso país.
O ideal de beleza é algo injusto, que rotula os corpos masculinos e femininos ao que é considerado bonito, e os demais são considerados como “fora de forma”, não levando em conta a estrutura corporal de cada um. Fazer exercícios físicos, dietas radicais e cirurgias plásticas para se aproximar deste ideal de beleza tornou-se um vício.
O problema é que muitas pessoas não são capazes de alcançar esse ideal de beleza por mais que queiram, e acabam se sentindo desmotivados, com baixa autoestima. E a única forma de chegar até lá é pagando um bom cirurgião e “entrando na faca”. Mas precisamos nos lembrar que o nosso corpo é uma criação divina, que Deus uniu os genes da nossa mãe e do nosso pai para nos criar, nos dar cada traço que temos. Devemos nós mudar a obra Dele?
A visão da Igreja Católica das cirurgias plásticas
A Igreja Católica não condena as cirurgias plásticas. Ela acredita que cada um deve ser feliz com a sua imagem, e recorrer às cirurgias deve ser feito com moderação, em caso de necessidade. A preocupação excessiva com a imagem, a baixa autoestima e complexo de inferioridade por causa de um padrão de beleza é algo que preocupa a sociedade, e portanto, preocupa a igreja católica. Ela é como uma mãe, que deixa os filhos agirem com liberdade mas os aconselha a seguirem o melhor caminho.
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A obra de Deus
O corpo físico e a saúde são dons preciosos doados por Deus. Nós devemos cuidar do nosso corpo como se ele fosse algo sagrado, levando em consideração as suas necessidades, evitando os excessos que prejudicam o corpo.
Segundo padre Wagner Ferreira, doutor em Teologia Moral, a intervenção cirúrgica depende de cada caso. Em alguns casos, ele considera que o uso excessivo desse recurso pode ser imoral: “Se a pessoa quer fazer uma cirurgia após outra apenas por questões estéticas, para atender a essa ideologia do ‘culto ao corpo’, é claro que é imoral. No entanto, às vezes, a pessoa está com a autoestima baixa e a saúde psíquica comprometida, sentindo-se inferiorizada por causa de determinada parte do corpo; neste caso, pode-se fazer a intervenção, mas, antes de tudo, é preciso um caminho que mostre a essa pessoa que a sua beleza está acima da estética. A pessoa deve ter consciência de que ela não é escrava de uma cultura de beleza, a qual, muitas vezes apresentada como padrão determinado por uma economia, quer vender cosméticos, cirurgias, um corpo bonito e assim por diante”, afirmou o sacerdote.
A Igreja Católica prega o equilíbrio
A Igreja Católica orienta os fiéis para que se amem, amem o seu corpo e cuidem dele com zelo e carinho. Se a insatisfação é algo que atrapalha a sua vida, de forma a deixar abalada suas relações pessoais e sociais, a Igreja não considera pecado ou imoral fazer uma correção que irá deixar você feliz. Entretanto, o culto ao corpo com cirurgias desenfreadas é considero imoral e uma afronta à criação divina. A Palavra de Deus diz: “Não vos conformeis com este mundo, mas transforma-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12,2).
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Oração para amar a sua imagem
Se você tem se sentido escrava da beleza, lutando por um padrão estético que não é seu, peça a Deus que te ajude a se livrar desse vício que tanto te consome:
“Senhor Jesus, eis-me aqui, suplicando a Tua misericórdia. Submeto ao Teu domínio as insatisfações físicas que trago comigo e que me aprisionam. Eu quero ser livre e me sentir linda como eu sou. Amém.”
Em conclusão, a Igreja Católica não condena as cirurgias plásticas, mas elas devem ser feitas com moderação e não para atingir um padrão estético de beleza.
Este artigo foi inspirado nesta publicação e adaptado ao Conteúdo WeMystic.
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