Oito de Copas e o Significado nas Cartas do Tarot
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Se no arcano anterior desta série havia impasse, no Oito de Copas damos adeus às ilusões – e justamente por isso algo maravilhoso acontece. Saturno atua em Peixes, trazendo o peso sólido da realidade onde antes havia uma sensibilidade sutil e difusa. Só assim podemos “dar nome aos bois”.
O Oito de Copas e seu Significado no Tarot
O Oito de Copas ecoa algo do arcano Maior O Eremita: remover-se do mundo exterior para lidar com questões pessoais, numa jornada interior.
A cena da carta se passa durante um eclipse. Um homem deixa oito taças atrás de si. Ele parte sozinho, sem olhar para trás. Não seria possível explicar o que acontece pela lógica racional, à luz clara do Sol.
Ele está numa incursão pela Sombra, partindo para um resgate mais profundo, que só pode acontecer onde as ferramentas do Logos não operam. O caminhar pela Sombra é realizado à luz da Lua, que convoca energias primitivas do instinto e da intuição para guiarem sua travessia.
Existe certa melancolia nesta narrativa. O reino da Sombra é caótico e assustador, e funciona por regras que não são claras, por isso hesitamos muito antes de entrar. Ali encontramos várias peças de um quebra-cabeça que há muito pede para ser montado. Algumas dessas peças havíamos enterrado no fundo do mar a sete chaves, por nos causar grande desconforto lidar com as mesmas. Outras, parecem não se encaixar em lugar algum, mas sabemos que nos pertencem. E outras têm claramente nosso nome.
Nesse processo a nossa percepção da realidade muda muito. Questionamos nossa sanidade, podemos entrar em estados de profunda tristeza e prostração, talvez desorientação. Mas, eventualmente, o quebra-cabeça se completa e voltamos com nossas respostas.
Numa tirada, esta carta indica que você finalmente compreendeu seus sentimentos e percebeu que sua verdade não vinha sendo respeitada – ou sequer reconhecida. Uma vez tendo se dado conta disso, não pode mais compactuar do que o prende a uma situação, uma pessoa ou um lugar. Ao aceitar, também estaria se sabotando.
O termo “lunático” vem de Lua. Há muito se sabe da influência da Lua sobre as marés, sobre a Água. E a água, como já falamos, não se omite, nem acaba. Ela penetra tudo, ela emerge, ela escoa. Aqueles sentimentos difíceis de lidar, que cronicamente encobrimos, sempre dão um jeito de retornar e nos perturbar. Quando menos esperamos, na primeira brecha lá estão eles, ameaçando jogar sombra em nosso dia de sol.
Algo dessas emoções precisa vir à tona. Como essa comunicação pela Água se dá através de sonhos e pesadelos, sintomas, memórias, e lapsos de linguagem, ficamos, sim, meio “loucos”. Mas só até tudo fazer sentido.
A hora mais escura é um pouco antes de amanhecer.
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