Papa Francisco fala sobre casamento gay, abuso de sacerdotes e mais
Desde que tomou o mais alto posto da Igreja Católica, o Papa Francisco tem falado de maneira aberta e serena sobre temas polêmicos que a religião até então evitava. No livro-entrevista “Política e Sociedade”, do sociólogo francês Dominique Wolton ele questiona o Papa sobre temas como castidade, matrimônio, abuso de sacerdotes e muito mais. Traduzimos alguns temas importantes abaixo.
Opinião do Papa Francisco quanto ao matrimônio
O Papa Francisco já se mostrou como um dos papas mais abertos quanto à orientação sexual desde sempre. Em junho de 2016, ele disse em entrevista que a Igreja e os cristãos devem pedir desculpas aos homossexuais que tenham ofendido e segregado. O papa ainda questionou: “quando uma pessoa com essa condição tem boa vontade e busca Deus, quem somos nós para julgar? ”. Entretanto, o Papa Francisco não considera correto o termo matrimônio para a união entre duas pessoas do mesmo sexo e fala sobre isso no livro-entrevista.
“O matrimônio é um homem e uma mulher”, disse o pontífice. Para o papa, desde sempre – não somente na Igreja, mas na humanidade – o matrimônio é realizado entre pessoas de sexo diferente, que é algo parte da natureza. Para a união homossexual, Francisco diz que o melhor termo é união civil.
A questão da castidade pregada pela Igreja Católica
A Igreja Católica prega que os sacerdotes e religiosas deve renunciar à sexualidade para buscar Deus em sua origem. O Papa Francisco defende esse posicionamento desde que este caminho leve à paternidade e maternidade espiritual. Quando os religiosos alcançam este estado espiritual, é glorioso e vivem bem com essa renúncia voluntária.
O Papa lembra que a castidade é uma tradição anterior ao Catolicismo, que não foi a Igreja Católica que inventou a castidade para os religiosos. A renúncia à fecundidade sexual deve acontecer voluntariamente para colocar-se em serviço de Deus, para contemplar melhor. Quando um sacerdote ou religiosa optam pela castidade e vivem cheios de amargura, de nada adianta, pois não vivem a plenitude da fecundidade espiritual, negam essa renúncia e fazem dela um martírio.
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O abuso de sacerdotes da Igreja
Quanto a esse assunto, tão evitado pela Igreja Católica que por muitos anos empurrou para debaixo do tapete ou colocou panos quentes sobre o tema, o Papa Francisco não desvia da pergunta e diz: “Se o sacerdote é um abusador, ele está doente. ”
O Papa diz que no passado, quando o abuso acontecia, mudava-se o sacerdote de paróquia. Mas nada adiantava, pois o problema apenas mudava de lugar. O que o atual Papa e também o Papa emérito Bento XVI aplicam atualmente através da Comissão de Defesa dos Menores é a defesa das vítimas deste problema. O Papa fala abertamente que é preciso tomar consciência que este problema existe, preveni-lo e acolher quem foi vítima dele. O Papa é categórico: “A Igreja não deve assumir posição defensiva (…). Dois em cada quadro abusadores foram abusados quando crianças, são estatísticas dos psiquiatras. ” O Papa mostra a necessidade de entender o problema e cortá-lo pela raiz.
O uso de crucifixo no pescoço
Por algum tempo, questionou-se o uso do crucifixo no pescoço. Deveriam os cristãos utilizar o símbolo do suplício de seu salvador no pescoço?
O Papa Francisco afirmou ao sociólogo no livro-entrevista que é uma bobagem dizer que não se pode usar crucifixo no pescoço, ou que as mulheres não devem usar isso ou aquilo. Que são imposições que não fazem qualquer sentido. São imposições que vão contra uma cultura. O Papa diz bem-humorado: “Uns usam crucifixo, outros usam outra coisa, o rabino usa a quipá, o papa o solidéu (risos). Essa é a laicidade saudável! ”
O Papa considera que essas imposições são exageros, que a laicidade é colocada por cima das religiões, como se as religiões fossem subculturas.
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As religiões não são subculturas – disse o Papa Francisco
Sem medo, o Papa diz: “O Estado laico é algo saudável. Há uma laicidade saudável. Jesus disse: ´dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus´”. Mostrando que a política que rege os homens e o louvor a Deus devem ser separados para ser saudável.
A religião não é uma subcultura, ela faz parte da cultura, não deve ser execrada dela. Ele não concorda (e reforça que essa é sua opinião pessoal e não da Igreja) com essa separação. Que há governos cristãos ou não cristãos, que não admitem a laicidade, que acreditam que a religião é uma cultura, o que Francisco não acha positivo.
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