Quando choramos a partida da mãe
A morte faz parte da vida, e talvez seja a ideia da finitude que dê sentido a tudo e impulsione a humanidade. A ideia de que um dia iremos partir certamente nos faz querer viver melhor, aproveitar a vida e deixar um legado. A vida eterna (material) seria insuportável. Mas, Quando choramos a partida da mãe e isso nos atinge diretamente, a tristeza que sentimos é enorme.
Quem tem o privilégio da mediunidade, por exemplo, tem a sorte de lidar com a certeza absoluta da continuidade. Enxerga, conversa, interage e pode até encontrar os amores que já se foram. Mas, para a maior parte das pessoas, mesmo aquelas que estudam a espiritualidade, a morte é muito dolorida. Especialmente quando o luto vem através da perda de um filho, a pior dor possível, ou quando é a mãe quem parte. Essa é, sem dúvida, a segunda maior dor que podemos sentir. Perdemos a referência, o porto seguro, o melhor abraço do mundo. Perdemos o nosso mundo, o começo de nossas vidas.
“O coração das mães é um abismo no fundo do qual se encontra sempre um perdão”
Há mães que partem ainda novas, outras sem ao menos ter segurado o filho nos braços. Outras, de tão vividas, tornam-se filhas, estreitando ainda mais os laços de amor. Seja quando for, a ausência da mãe é para sempre sentida. Coração de mãe não deveria parar nunca.
Quando choramos a partida da mãe – A dor psíquica e física
Quando a mãe parte, a dor que fica atinge todas as nossas camadas. É um turbilhão de emoções, com sensações que chegam a doer no corpo físico. Quando o caixão se fecha, um pedaço enorme de nós é enterrado junto.
Como disse o historiador Leandro Karnal, perder os pais nos torna mais velhos. É, de fato, o início da vida adulta. Não ser mais filho muda nossa posição na ordem do mundo. Perdemos a referência e a certeza do amor incondicional. E quanto mais história e amor, maior a dor.
“A mãe compreende até o que os filhos não dizem”
Somos todos passageiros no trem da vida, mas, em certa altura, os rostos conhecidos começam a desaparecer. Aquilo que conhecemos, a nossa própria história, parece deixar de ser contada, perde a força conforme o tempo passa. Para quem é filho único, a dor é ainda mais intensa. Pobres filhos únicos. Sem irmãos para dividir o fardo, a dor, as memórias. Carregam sozinhos sua história e seus lamentos, e veem praticamente o fim da família quando dizem adeus à mãe. Quando tem a sorte de terem formado as próprias famílias, quando há filhos, resta ainda algum consolo no longo e tenebroso inverno que chega com tamanha perda. Os filhos são a esperança.
Como lidar com esse momento?
Cada um é um universo singular, portanto, para cada filho a forma de sentir e lidar com o luto será diferente. Quando choramos a partida da mãe, cada um perdeu uma pessoa diferente, embora todos tenham perdido a mesma entidade: a mãe. O que é certo é que, quando esse momento chega, o tempo é sem dúvida o melhor conselheiro, a única entidade capaz de tirar o protagonismo da dor. O mundo continua a funcionar apesar das tragédias que enfrentamos e, eventualmente, vamos nos acostumando a viver com a presença dessa ausência.
É a presença da falta na mesa de jantar, no Natal, no aniversário. Os “primeiros” são os piores… O primeiro ano é cruel. Primeiro aniversário, primeiro Natal. O primeiro aniversário de morte. Mas passa. Tudo passa. Até mesmo essa dor sem fim uma hora é vencida pela vida, pelo movimento, pela urgência das coisas mais banais. Nos resta esperar, aguentar firme até que possamos respirar novamente.
“Mães judiciosas sempre têm consciência de que são o primeiro livro lido e o último posto de lado, na biblioteca dos filhos”
A lição que aprendemos com a perda é igual para todos: viver sem deixar o amor para amanhã, porque esse amanhã pode nunca chegar. Nunca podemos dizer “eu te amo” vezes demais, não há limites para os passeios e construção de memórias. Estar presente é o único consolo que encontramos quando a dor da perda chega, pois evitamos aumenta-la com remorso. Começamos a lidar com a perda ainda em vida, evitando desperdiçar os grandes momentos que desfrutamos ao lado de quem nos é caro.
A dimensão espiritual
Tão forte quanto o amor que expressamos em vida é o conhecimento sobre o mundo espiritual. Perante o luto, a certeza da continuidade é capaz de amenizar -um pouco- a dor. Todo o tempo que investimos estudando, lendo e praticando seja qual for o exercício, é um tempo valioso que se transforma em serenidade e força no enfrentamento das perdas que sofremos. Aliás, talvez a palavra perda não seja adequada, já que, na prática, nada perdemos. O que vai embora é a convivência, que claro, é quase tudo o que temos quando estamos encarnados, antes que sejamos obrigados a carregar somente no coração e nas doces lembranças aqueles que amamos.
Mas, pensemos que aqueles que partem fazem uma grande viagem: quando alguém se muda pra outro país, por exemplo, essa convivência nos é furtada. Mas, se quisermos, podemos pegar um avião ou seja lá o que for para encontrar com nosso amor. Com a morte é a mesma coisa, só que, ao invés de países diferentes, falamos de dimensões diferentes. E sabemos que é possível acessar essas outras dimensões, dependendo do quanto investimos em nosso crescimento espiritual e desenvolvemos a mediunidade.
Há quem visite quem já se foi como quem vai almoçar aos domingos na casa da mãe. Para estes privilegiados, a morte não é mais do que uma mudança de estado e quase tudo se mantém igual. A dor quase não existe e a morte não tem o mesmo impacto. A espiritualidade é incrível e estudá-la não só provoca um desenvolvimento moral e espiritual muito profundo como reduz a dor da morte a quase nada.
Se você está sofrendo com o luto pela partida do seu melhor pedaço, do seu amor incondicional chamado mãe, tenha calma. Não se apresse e, principalmente, não caia na cilada da sociedade moderna que rejeita o sofrimento e só aceita a felicidade. Quando choramos a partida da mãe, se permita viver a dor, o luto, não se force a fazer absolutamente nada que não traga algum conforto para você. E saiba que, por pior que pareça esse buraco negro, ele vai embora. Vai passar. Nada será como antes, obviamente, mas essa dor física vai embora aos poucos, até que a vida começa a ter alguma cor de novo. E, assim que tiver a oportunidade, se apegue na espiritualidade e estude. Quanto mais informação, quanto mais despertar, mais paz trazemos ao coração. Quem sabe aconteça um encontro antes do esperado!
Não estamos sozinhos, há vida depois da morte e todos cedo ou tarde nos encontramos novamente. Isso é um fato, tão certo quanto a morte.
Quando choramos a partida da mãe – Homenagem à mãe
Para finalizar o artigo, nada melhor que um cordel de Braulio Bessa para falar ao nosso coração. A emoção é garantida!
A figura da Mãe
Mãe, ela tem o poder de carregar
Toneladas de amor e de ternura,
Uma infinidade de bravura e uma luz que jamais vai se apagar,
Pois seu brilho é capaz de iluminar
O caminho em que vamos percorrer,
Se arrisca só pra nos proteger,
Não importa por onde a gente for,
Nas três letras de mãe tem tanto amor,
Que não há quem consiga descrever…O que ela consegue me ensinar,
Não há curso ou escola que consiga,
A maior professora e grande amiga
Com bilhões de conselhos pra lhe dar,
Uma fonte impossível de secar,
Do mais puro e genuíno saber,
Já vi mãe que nem aprendeu a ler mas consegue dar aula a um doutor,
Nas três letras de mãe tem tanto amor
Que não há quem consiga descrever…Tem o dom de somar pra expandir
A fartura que alegra o coração,
Mas se acaso for pouco o nosso pão
Entra em cena seu dom de repartir,
Uma mestra capaz de dividir
Uma gota de água pra beber,
Um grãozinho de arroz pra comer,
Nessa hora é que o pouco tem sabor,
Nas três letras de mãe tem tanto amor,
Que não há quem consiga descrever…Sei, meu povo,
Sei que a alma da mãe é uma janela
Que não tem cadeado nem ferrolho,
Basta olhar lá no fundo do seu olho
Que a gente atravessa e entra nela,
Nessa hora tanta coisa se revela,
Fica tudo mais fácil de entender,
Que até mesmo antes de nascer
Você já tinha um anjo protetor
Nas três letras de mãe tem tanto amor
Que não há quem consiga descrever…Enfim mãe,
Há se Deus desse a mãe há eternidade,
Há se houvesse um farelo de esperança,
Mas o hoje jaja vira lembrança,
E a lembrança jaja vira saudade,
O relógio em alta velocidade
Deixa claro que não vai retroceder,
Não espere sofrer pra perceber,
Não espere perder pra dar valor,
Por que nas três letras de mãe tem tanto amor,
Que não há quem consiga descrever.
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