Será que as pessoas podem mudar?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Estamos todos em constante aprendizado e a evolução e mudança é o que parece dar sentido à vida. Nada é imutável e tudo está em constante transformação. Quem não reflete não aprende, quem não aprende não evolui. De uma maneira geral, é esperado que ao longo de nossa vida tenhamos mudanças de comportamento, ideológicas e até morais.
O que tinha pouco peso na adolescência, como por exemplo se relacionar com mais de uma parceira ou parceiro, na vida adulta toma outra proporção e tem consequências muito drásticas, podendo representar inclusive o fim de uma família. É esperado que a gente cresça, amadureça e perceba que é necessário alterar terminados valores para vivermos uma vida social saudável, especialmente aqueles valores que falam somente de nós e que se formam em torno de nosso ego.
“A cobra que não pode soltar sua pele tem que morrer. Assim também as mentes impedidas de mudar suas opiniões; deixam de ser mentes.”
Mas, não raro, nos iludimos e esperamos uma mudança do outro que nunca chega. Sofremos, projetamos uma idealidade irreal e sentimos demais quando essa expectativa não é atendida. Pode ser um filho, um parceiro de vida, um amigo. Acreditamos que nosso amor é suficiente para promover a mudança que queremos ver no outro. Mas, quase sempre, essa é a receita da dor e do sofrimento, pois olhando por essa ótica, as pessoas nunca mudam. Ao menos não por vontade de terceiros.
O que faz as pessoas mudarem
Porque elas mudam? Quando mudam? Ou será que a maioria das pessoas nunca muda realmente?
Claro que sim, as pessoas mudam. E graças a deus que elas mudam! Todos nós melhoramos e essa é uma das graças da vida: poder mudar. Deixar de ser e vir a ser o que não se era. Nada mais sublime que a metamorfose! Nunca quero perder a fé nas pessoas, mas também deus me livre depender da mudança delas.
“O mundo que criamos é um processo do nosso pensamento. Ele não pode ser mudado sem mudar nosso pensamento”
Nós mudamos por muitas razões, porque precisamos mudar, porque queremos mudar e porque é a coisa certa a fazer. Mas nós não mudamos ninguém, as pessoas é que decidem mudar. É um movimento interno, uma vontade pessoal e intransferível, que pode ser motivada por fatores externos mas que depende de um movimento interno para acontecer.
Esperar que alguém mude irá trazer sofrimento. Olhe para você e veja como é difícil abandonar hábitos e padrões de comportamento e emocionais. A vezes somente um vício já é quase impossível de largar! Eu posso dizer, pois minha relação com o cigarro é de amor e um ódio maior que eu. Já perdi as contas de quantas vezes prometi e tentei, de fato, parar com esse mau hábito antes que ele pare comigo. Tem algumas semanas que estou vencendo essa batalha, finalmente. Mas não posso prometer nada.
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Superação: a mudança que não conhece limites
Um tipo de mudança que normalmente causa muito inspiração são aquelas pessoas que conseguem transcender limites físicos impostos por seus corpos e especialmente pela sociedade, para atingir um objetivo, expandir uma qualidade ou realizar um sonho.
Surfistas que não tem as pernas. Um bailarina longe do padrão de magreza. Um violinista que não tem um braço e domina o violino como poucos. Nadador sem um braço. Médico com paralisia cerebral. Um palestrante motivacional que, com uma condição rara, possui a cabeça virada para baixo e enxerga o mundo ao contrário. Exemplos não faltam…
Todas essas pessoas têm em comum a mudança. A vontade interna de mudar sua realidade e, especialmente, mudar o lugar onde a sociedade as colocava, as limitava. A força para mostrar que, quase sempre quando realmente queremos algo, nem mesmo nosso corpo pode nos limitar. De todas as mudanças, a mudança de paradigma é a mais bonita de ver.
Cultura e mudança
Se mudar o comportamento e o sistema de crenças e valores éticos de alguém da sua própria cultura já é difícil, imagina quando tentamos transformar, mesmo que para melhor, aspectos da vida de alguém que tem a ver com a cultura. Especialmente quando essa cultura está intimamente ligada à religião!
É interessante ver como cada vez mais brasileiras estão passando por apuros em países de cultura árabe, justamente por esperarem que certas práticas culturais serão suprimidas pelo amor que pode existir entre o casal. Iludidas, elas se mudam para países como Egito, Turquia, Kuwait, atrás de “grandes amores” e com a esperança que sua natureza adquirida no Brasil também será respeitada. Mas quase sempre isso não ocorre e elas se veem literalmente presas em outro país, onde as leis são totalmente diferentes e em muitos deles a mulher sequer tem voz, muito menos uma mulher ocidental brasileira.
É a “Síndrome de Jade”, nome que encontramos na internet para definir esse tipo de caso. Um canal na internet chamado Sobrevivendo na Turquia conta muitas histórias de brasileiras que se deram muito mal, pois não respeitaram os limites culturais do outro e acharam que conseguiriam mudar o parceiro com seu amor e o convívio matrimonial.
Claro que, felizmente, nem todos os casos têm um final triste ou trágico. Existem mulheres que conseguiram vencer as barreiras culturais e deram a sorte de encontrar em seu caminhos pessoas dispostas a ceder, a fazer a troca de valores que qualquer casamento – seja ele intercultural ou não- exige que façamos para que ele tenha sucesso.
“A vida é uma série de mudanças naturais e espontâneas. Não resista a elas; isso só cria tristeza. Deixe a realidade ser realidade. Deixe as coisas fluírem naturalmente para a frente da maneira que elas desejarem.”
Mas algumas barreiras sociais são impedimento para determinadas mudanças e devem ser respeitadas. Esperar que o outro corresponda a expectativas criadas por nós e somente por nós, pode ser além de frustrante, muito perigoso. Devemos sempre lembrar que devemos partir do princípio que a aceitação do outro e o amor deve se dar sem esperar grandes mudanças. Aceitar o outro como ele é e evitar cair nas ciladas da ilusão, são determinantes para não sofrermos à espera da transformação do outro.
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O amor pode mudar uma pessoa?
Provavelmente sim. Nunca devemos subestimar o amor e o poder que ele exerce. Mas esperança é muito diferente de idealização. Devemos, inclusive em nome da continuidade da espécie humana, acreditar que as pessoas podem mudar e fazer o possível para que elas mudem, especialmente quando fazem mal a si mesmas ou aos outros. Quando questões éticas estão envolvidas, devemos ter ainda mais esperança e fazer o possível para ajudar a pessoa em sua jornada de aprendizado.
“Mude antes que você precise.”
Mas nunca, jamais, devemos depositar a nossa felicidade na mudança do outro. Atrelar ao outro nossos sonhos de vida, especialmente quando esses sonhos envolvem uma mudança da outra parte, fatalmente é um sonho fadado ao fracasso. Novamente, as pessoas mudam, mas nós não mudamos as pessoas, não da maneira como imaginamos. Nem muito menos em relacionamentos amorosos, onde projetamos a nossa bagagem emocional, nossas carências e inseguranças no outro. Nas relações afetivas, a perda do amor às vezes é mais forte do que o amor em si. Quando perdemos aquela pessoa, quando nos vemos privados de receber dela atenção, é que conseguimos dar o devido valor e reconhecer o amor que tínhamos. Algumas vezes conseguimos regressar, outras, só resta seguir e aprender a lição, o que quase todas as vezes acontece quando o amor era forte o suficiente para provocar essa mudança interna, mas que dificilmente ocorre enquanto ainda estamos lá. Isso faz parte da natureza do ser humano…
Uma Viagem pela Vida – ao invés de ódio, amor
Um depoimento que toca o coração e nos faz refletir sobre esse tema está no documentário Humano- Uma Viagem pela Vida, do diretor francês Yann Arthus Bertrand. A proposta do documentário é uma jornada pela natureza do homem: foram 2.020 pessoas entrevistadas, em 60 países e em 63 línguas diferentes, num período de dois anos. A cada um dos depoentes as mesmas perguntas eram feitas: você se sente livre? Qual o significado da vida? Qual a experiência mais difícil que você teve que enfrentar? E o que você aprendeu com ela? Qual é a sua mensagem para os habitantes do planeta? Diante destes questionamentos, homens, mulheres, idosos e crianças foram colocados frente à uma câmera, tendo atrás deles apenas um fundo preto.
Muitas são os relatos comoventes nesse documentário, mas como falamos de mudança pelo amor, uma história vale a pena ser lembrada:
Um homem, uma mulher e uma criança. Um assassinato. A prisão, o perdão, o amor…
Maltratado pelo padrasto durante toda a infância, ele era espancado sempre. O homem monstruoso dizia “só faço isso porque te amo e dói mais em mim do que em você”. Ele transmitiu para o menino uma ideia muito errada do que era o amor. E não havia mais nada nem ninguém na vida do menino para mostrar a ele como era o amor de verdade. E ele cresceu, ele virou um homem. Durante muitos anos, esse menino homem achava que o amor tinha que fazer mal, que tinha que doer, então machucava todos que ele amava e media o amor pela dor que os outros podiam suportar. Somente quando ele foi para a prisão é que ele começou a entender o que era amor e o que não era amor. Ele conheceu alguém, alguém que mostrou a ele o que era o amor e o poder que esse sentimento tinha, o quanto ele fazia bem, o quanto era bom!
Esse alguém via além da condição de presidiário em prisão perpétua, condenado por um crime terrível: assassinato de uma mulher e uma criança. E esse alguém era Agnes, a mãe e avó da mulher e da criança; foi esse alguém, esse ser iluminado em um nível que é quase impossível de imaginar, quem deu a maior lição sobre o que é o amor ao assassino de sua filha e de seu neto: ela devia odiar, mas não odiava. Ela foi capaz de dar a ele, o responsável pela morte da filha e do neto, amor. AMOR. Ela ensinou sobre o que era o amor. E ele aprendeu… Nessa vida ou em outra, ele nunca mais vai matar. Ele aprendeu.
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