Você está preso à Roda de Samsara?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Nascer, viver, morrer. Essas são verdades incontestáveis sobre a natureza da experiência humana na Terra, onde a única certeza que temos é que vamos, um dia, morrer. Porém, a morte é interpretada de diferentes maneiras pelas culturas e indivíduos, que dão a ela ou um caráter cíclico, às vezes de continuidade eterna ou, até mesmo, o fim de toda a existência e consciência, não havendo nada além dela.
Para aqueles que percebem a vida e a morte como uma experiência, a Roda de Samsara traz um enorme conhecimento sobre a condição espiritual daqueles que se encontram encarnados na Terra. O conceito foi criado pelos hindus e budistas e chegou até nós, ocidentais, na segunda metade do século XX e expressa a roda da vida e da morte, ou seja, o fluxo incessante dos renascimentos através dos mundos.
É uma ideia semelhante ao karma e reencarnação, onde uma consciência que está vivendo uma experiência no agora já teve outras vidas no passado. Os conceitos que tratam da Roda de Samsara podem ter nomes diferentes, mas, entre eles, provavelmente a analogia mais interessante seria a Lei do Retorno ou Ação e Reação, onde somos totalmente responsáveis pelos efeitos que nossas ações têm nos outros e no mundo. Qualquer fenômeno, processo, ou ação que um ser vivo cometa causa efeitos e consequências, sendo que algumas vezes gera perturbações que precisam ser ajustadas e internalizadas naquela alma.
Isso é a Roda de Samsara: ciclos reencarnatórios que permitem que os espíritos vivam diferentes experiências na matéria e experimentem o poder, o subjugamento, a riqueza, pobreza, saúde, enfermidade, enfim, vivenciem todos os aspectos positivos e negativos que uma encarnação em atmosferas mais densas pode oferecer. Em cada uma dessas possibilidades o espírito adquire conhecimento e fica mais próximo da verdade, de Deus, ou do Eu Superior como alguns costumam chamar.
Conhecendo o conceito, podemos analisar nossa vida e mergulhar em nosso universo interior. Descobrir quais situações que se apresentam em nossa vida são um karma, um resgate ou uma oportunidade de trabalhar e aprimorar alguma característica de nosso espírito, fazendo das dificuldades grandes aliadas.
Geralmente as complicações que encontramos têm uma fonte comum e se apresentam como um padrão em nossa vida. Um ótimo exemplo é a autoestima: um espírito precisa trabalhar a autoestima. Então, não raro, ele se expressa inseguro, ciumento e com uma tendência a sentir-se injustiçado pela vida. Nasce em uma família que não favorece sua autovalorização e se envolve em relacionamentos destrutivos, vivendo sempre o mesmo padrão emocional. Essas simples características vão então influenciar diretamente todas as esferas da existência material desse espírito, como trabalho, relacionamentos sociais, amorosos e familiares, trazendo a cada novo problema a oportunidade de fortalecimento da estima através da superação, sem que ele se dê conta de que tudo aquilo que está gerando frustração em sua vida tem a mesma origem.
Manter a atenção aos padrões é uma dica evolutiva muito útil e que pode nos distanciar da Roda de Samsara.
Mas por quê o espírito precisa da matéria se já fomos criados perfeitos?
Os espíritos na condição astral pura nunca viveram na densidade da matéria e essa experiência ajuda na compreensão total da unidade e perfeição divina e suas diversas formas de expressão. Vivenciar a densidade e seu desligamento do universo espiritual é muito difícil, acelerando o aprendizado espiritual através das inúmeras sensações que o projeto de uma encarnação pode proporcionar.
Porém, muitos mestres espirituais encarnados e escolas esotéricas divergem a esse respeito. Alguns afirmam que somos criados puros e esquecemos tudo à nosso respeito e sobre o universo. Assim, nos tornamos rudes, incultos e primitivos e devemos evoluir para retornar à fonte divina, nosso verdadeiro lar. Iniciamos a jornada evolutiva em planetas muito densos e arcaicos e vamos, na medida em que adquirimos conhecimento através das encarnações, ascendendo para planos mais sutis e de amor até a fonte original.
Já outros guias sugerem o oposto: somos criados completos, perfeitos e com características que devem ser expandidas, assim como tudo na natureza se encontra em expansão, até mesmo o próprio universo. Assim, encarnamos primeiro em mundos sutis e vamos “descendo” aos mundos mais densos conforme ficamos as experientes e acostumados com vivências cada vez menos espiritualizadas. O conjunto de experiências então teria como objetivo a expansão espiritual, conceito um pouco diferente da ideia de ascensão evolutiva.
O fato é que, independente da ordem dos fatores, o resultado nunca se altera: estamos vivendo uma experiência de aprendizado e todas as ações que tomamos têm um efeito na matéria, fazendo a Roda de Samsara girar. Parte do jogo da iluminação é perceber isso e atrair para si experiências cada vez mais iluminadas e livres da ação do karma, para que seja possível eliminar a Samsara e nos integrar a fonte mais completos.
Existe Samsara em outros planetas?
São incontáveis os planetas habitados, as formas de vida e o nível evolutivo em que cada um deles se encontra. As leis que regem um astro estão diretamente ligadas (ou não) à Samsara: planetas ascendidos em algum momento transitaram para a luz e se livraram da Lei do Karma, vivendo então a Lei do Amor ou talvez até outras leis que desconhecemos e sequer somos capazes de imaginar. Esses lugares não possuem Samsara, já que seus habitantes estão em um nível consciencial que não exige mais a reencarnação como motor da experiência que eles proporcionam.
Já corpos celestes de energia mais densa e que abrigam espíritos mais primitivos oferecem uma experiência de aprendizado através do nascer e renascer. São vivências que, devido às dificuldades da não conexão espiritual e materialidade extrema, trazem uma instrução muito rica para as consciências que decidem reencarnar nesses planetas.
Samsara: prisão ou evolução? Como se libertar?
Apesar de difícil, a solução para sair de Samsara é bastante simples: a libertação só é possível através da tomada de consciência espiritual e superação da condição de trevas, onde somos tapeados pela materialidade e a ilusão que ela cria. Assim, nos afastamos da busca pela verdade e dedicamos a vida para questões materiais e egóicas, gerando mais e mais karma.
O conto Zen (origem desconhecida) sobre Samsara é de uma exatidão incrível:
O monge perguntou ao mestre: “Como posso sair de Samsara?”
Ao que o mestre respondeu: “Quem te colocou nela?”
A Roda de Samsara não traz castigos e sim oportunidades.
Quem faz a roda girar somos nós, então, obviamente, somente nós mesmos podemos fazê-la parar. A ideia de prisão não parece certa, já que a prisão passa a ideia que o indivíduo foi colocado ali contra sua vontade e somente um outro poderia libertá-lo, o que não é o caso, pois nós mesmos podemos sair das situações que atraímos para nossa realidade.
Para sairmos de Samsara precisamos evoluir ou expandir. Só se liberta quem consegue utilizar suas experiências reencarnatórias para seu próprio crescimento e escapar da Maya. A benevolência divina nos oferece as oportunidades para que isso aconteça, pois a missão de todos os espíritos é percorrer esse caminho da expansão e potencialização das nossas características, seja expandindo ou seja regredindo para ascender de novo. Então, as oportunidades são para todos e depende de cada um de nós aceitar nossas condições e buscar, através delas, a expansão da nossa consciência.
Entretanto, existem alguns hábitos que podemos adotar que podem acelerar nosso despertar, pois refletem positivamente em nossos corpos mental, emocional e físico, trazendo luz não só para nós mas para quem nos rodeia:
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A força das palavras
O que sai da nossa boca tem um poder absurdo e seus efeitos não se encerram em nós. Quando usamos palavras afáveis, doces, construtivas, emitimos uma energia que age através e além de nós e afeta outros seres vivos. O mesmo ocorre quando expressamos nossos sentimentos através de palavras negativas, ofensivas, pesadas e densas, criando para nós e para os outros uma aura de negatividade que influencia, até mesmo, nosso corpo físico.
Buscar o lado positivo dos eventos, não criticar duramente aos outros e não reclamar de tudo o tempo inteiro são ações que certamente nos ajudam na jornada evolutiva. Se não há nada de bom para ser dito, o melhor é manter a boca fechada.
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Cuide de seus pensamentos
A oração tem um poder enorme sobre nosso padrão de pensamentos, assim como a meditação e a Yoga. Manter a mente sã, aprender a aceitar os pensamentos intrusos e saber mandá-los embora ou, ainda, identificar o que dentro de nós se ressente, sente medo e se expressa em forma de pensamentos negativos é a chave para sucesso emocional e espiritual.
Além da oração e meditação, temos também o auxílio potente dos mantras, hinos que utilizam a força das palavras e que, pela repetição, ajudam a acalmar a mente e espírito e nos alinham com as forças cósmicas universais.
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Resiliência
Exercitar a resiliência faz parte do caminho evolutivo de todos os espíritos. E, obviamente, ser resiliente frente à pequenas dificuldades ou manter a mente leve na ausência de problemas é bastante fácil. O complicado é conseguir lidar com nossas emoções quando nos encontramos envolvidos em situações realmente complicadas, que exigem de nós um controle maior. A capacidade de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos, resistir à pressão de situações adversas ou eventos traumáticos, naturalmente nos obriga a buscar o aprendizado escondido atrás de cada acontecimento. Somente a aceitação da realidade é que nos traz a força e compreensão suficientes para transcender as dificuldades.
Manter a calma, agir com maturidade e confiar a vida são bálsamos que nos ajudam a atravessar momentos de perturbações em nosso caminho.
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O poder do desapego
Saber deixar ir é essencial. Isso serve para pessoas, situações, crenças e também bens materiais. Tudo em nossa vida cumpre um ciclo e nada, absolutamente nada além do amor pode durar para sempre. Como naquele ditado popular muito sábio que diz: Não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe.
Muitas vezes precisamos nos desapegar de valores muito caros, mas que são impostos pelo sistema e seguem interesses mundanos. Abrir mão de dogmas por exemplo pode ser realmente muito difícil, entretanto, muito necessário para escapar da ilusão da matéria e do controle mental e espiritual impostos por algumas doutrinas. Deixar livre quem se ama mesmo que isso signifique uma distância física quase insuportável, também é um aprendizado enorme em nosso caminho evolutivo.
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Fazer aos outros aquilo que gostaria que fizessem para você
Essa máxima é bastante conhecida, porém muitas vezes interpretada de forma rasa. Quando pensamos no outro, tendemos a pensar somente em nosso semelhante, o que já torna bem difícil atingir dentro da prisão material. Porém, a ideia se estende à tudo aquilo que vive, pois todos os seres vivos merecem a mesma estima e respeito. Infelizmente, a forma como tratamos os animais diz muito sobre nós… Houve um tempo em que a cadeia alimentar fazia sentido, ou seja, o homem precisava se alimentar de animais para sobreviver, mas hoje em dia sabemos que isso não é mais necessário, ou que, pelo menos, os métodos mais que cruéis que utilizamos já poderiam estar superados há muito tempo. A escravização bárbara a que submetemos os animais já é terrível por si só, mas, tem consciências que vão além: considerando um esporte, encontram prazer na caça e na matança sem sentido de animais que só estavam ali existindo.
O respeito aos animais e a percepção de que eles não existem para nos satisfazer é uma grande etapa na expansão consciencial e uma forma de aprendermos a respeitar ainda mais nossos irmãos humanos.
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O não julgamento
Julgar é, claramente, uma forma necessária do pensar. Sem o questionamento não conseguimos aprender e ficamos mais suscetíveis às ilusões do mundo material. Porém, o que muitas vezes fazemos é a consolidação de ideias sobre os outros que os colocam em condições indignas, trazendo um ar de superioridade à nós e acariciando nosso ego, nosso narciso. Não hesitamos em condenar o outro, quase sempre baseados em nossa própria experiência e de maneira injusta, pois quase nunca conhecemos a realidade do todo na qual aquele espírito está inserido.
A empatia, ou seja, tentar se colocar no lugar do outro é um exercício muito simples mas que pode nos ajudar muito a compreender que, muitas vezes, se nós mesmos estivéssemos em determinadas situações, talvez também poderíamos agir daquela mesma maneira e tomar as mesmas decisões. Tudo é aprendizado e tem uma razão de ser, por isso não apressar nosso julgamento sobre os outros e aprender a olhar para nós mesmos pode ser transformador em nossas vidas.
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Humildade
Estar satisfeito com nossa realidade e manter a fé de que podemos ultrapassar as dificuldades nos deixa em paz com o mundo e com as diferenças e incômodos que a convivência humana e suas relações despertam. Agir de conformidade com o fluir e perceber que o mundo existe de uma determinada maneira e que tudo está sempre certo, é uma postura humilde perante a potência da vida que parece querer nos tirar do pedestal em que temos a necessidade de nos colocar. A humildade pressupõe uma liberdade espiritual imensa e traz muita iluminação.
A vida nos dá a oportunidade de viver a ilusão ou superá-la. Só depende de nós!
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