Princípio de correspondência é contemplação da vida
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Ao olhar um objeto a partir do princípio de correspondência, percebo as leis que regem a eficácia dele no plano físico, mental e espiritual.
Vou partir de um conceito budista do sermão do inanimado que Joseph Campbell* apresenta em um de seus livros para falar do princípio hermético de correspondência. A ideia é que, se observarmos as coisas na natureza, sendo como são, elas nos ensinam, falam sobre nós. O princípio de correspondência nos dá essa habilidade de transcender e aprender com tudo que nos cerca.
“O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima”,
diz o princípio de correspondência de O Caibalion.
Eu gosto de pensar nesse princípio usando o símbolo de uma pirâmide invertida. Em que a ponta para baixo é a realidade física, ou, como diria o General Uchôa (mentor espiritual do Círculo Escola), a realidade onde nos sentimos viver.
A realidade física é a com maior densidade vibratória. Mas, se o que está em cima é como que está embaixo e vice versa, os planos são análogos, correspondentes, mas não iguais.
O ser humano, além de um corpo físico, tem uma forma mental e uma dimensão espiritual. Isso vai se manifestando em todas as dimensões de maneira que, se pudéssemos quebrar em camadas, veríamos físico, mental e espiritual. E um interfere no outro.
Exemplo: Já existem diversos estudos científicos que mostram o quanto a concentração de rancor e mágoa psicossomatizam no corpo como um câncer.
A noção do tempo também é diferente nos planos. No plano físico temos um alcance menor do tempo. No plano mental, a experiência se dilata e, no espiritual, mais ainda.
Com isso, começamos a perceber o sermão do inanimado
A realidade física é uma expressão da realidade mental e espiritual. De maneira que tudo nos ensina sobre a realidade do alto. E todas as coisas mais elevadas nos ensinam como melhorar a realidade física. É um movimento de contemplar.
Exemplo: Pego um objeto qualquer na minha mesa. Observo e começo a refletir o impacto da forma que orientou o agrupamento daquelas moléculas. Percebo que ele é multifacetado de acordo com o lado, ângulo que eu olho desse objeto. São experiências diferentes. Eu não posso compreender plenamente o objeto se não for deslocando meu ponto de vista. Apenas uma face não representa a sua totalidade. Ou seja, sempre que estiver rígido em um ponto de vista, não poderei compreender a totalidade. Isso é o Sermão do Inanimado.
Ao olhar um objeto qualquer a partir do princípio de correspondência, percebemos as leis que regem a eficácia dele no plano físico, e essas mesmas leis servem para outras coisas. De maneira que vamos atingindo cada vez mais nossa sensibilidade de captação das leis que nos cercam, na medida em que somos mais flexíveis com as leis da vida. Precisamos sim de uma base sólida, mas não podemos perder a flexibilidade, porque se nos apegarmos ao que é sólido, nos tornamos inflexíveis e dogmáticos.
Percebe como o princípio de correspondência nos dá a capacidade de dialogar com tudo?
Quanto mais ampliamos a capacidade de dialogar com a vida, mais a vida nos ensina, e assim podemos exercer a inteligência e razão a favor do nosso desenvolvimento.
Meu recado é para aprendermos com sermão do inanimado. A vida dá aula todos os dias.
Sempre avanti! Che questo è lá cosa piú importante!
Juliano Pozati
*Joseph John Campbell foi um mitologista, escritor, conferencista e professor universitário norte-americano, famoso por seus estudos de mitologia e religião comparada e autor da obra O Herói de Mil Faces, publicado originalmente em 1949.
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