Professor traduz obras de filósofos africanos e disponibiliza para download
Wanderson Flor, professor do departamento de filosofia da Universidade de Brasília (UNB) criou um site que disponibiliza obras de pensadores africanos traduzidas para a língua portuguesa. O projeto Filosofia Africana busca combater o preconceito racial e os retrocessos na educação.
Filósofos Africanos em destaque
Desde 2003, a Lei 10.639 sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, determina conteúdos de história e cultura africana e afro-brasileira estejam presentes em todos os currículos do ensino fundamental e médio. Diante disso, Wanderson resolveu traduzir e disponibilizar textos de pensadores africanos – até então poucos conhecidos na nossa língua – de modo a auxiliar os professores do ensino básico.
“A reunião desses materiais passa pela coleta de textos e vídeos em veículos de pouco acesso pelas pessoas que trabalham na educação básica e, também, na tradução de materiais para uso didático, o que auxilia na construção das aulas”, explicou o professor durante uma entrevista para o jornal Metrópoles.
Nas aulas de Wanderson na UNB, Platão, Descartes, Aristóteles, Maquiavel e Rousseau não ficaram de fora dos estudos, mas os filósofos africanos, como Achille Mbembe, Cheikh Anta Diop, Mogobe Ramose ganharam destaque e chamou a atenção de seus alunos, que resolveram ajudar o professor a criar o banco de dados. Para Wanderson é essencial que o grupo de estudantes envolvidos tenha sempre um número igual de alunos negros e brancos.
O projeto faz parte da pesquisa “Colaborações entre os estudos das africanidades e o ensino de filosofia”, desenvolvido pelo professor Wanderson Flor, na UNB e em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Raça, Gênero e Sexualidades Audre Lorde, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”
Para um país como o Brasil, que teve a escravidão dos povos africanos como uma marca do seu passado histórico, a importância de reconhecer e propagar esse tipo conteúdo é de grande importância e tem ainda, um caráter ativista. Pois um país que tem mais de 50% da sua população formada por negros, precisa reconhecer seu passado e enfrentar suas questões raciais de maneira mais efetiva.
O site Filosofia Africana entrou no ar em 2015 e constantemente é atualizado. Atualmente, o estão disponibilizados para o download gratuito, mais de 40 textos africanos, mais de 70 textos diásporos, além de vídeos e artigos científicos publicados em todo o mundo. Outro recurso disponibilizado pelo site, é um espaço para que os usuários possam partilhar impressões, críticas, notícias e sugestões sobre a filosofia africana e afro-brasileira.
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