Quem foi Jesus? Filho de deus ou um homem comum?
Mais de dois bilhões de pessoas se declaram cristãs e o cristianismo é a maior religião do planeta. Jesus de Nazaré é, sem dúvida, a figura mais influente e conhecida da Terra e que teve um impacto enorme na cultura e espiritualidade do mundo. O amor que Jesus nos trouxe é de uma grandeza jamais vista e do qual, infelizmente, absorvemos muito pouco.
Jesus dividiu épocas. Sua vida, ensinamentos e milagres revelaram a verdadeira face de Deus, sem parcialidade, religiosidade ou fundamentos humanos. Mas isso já sabemos. Toda a igreja que se criou em torno dele, a transformação de seus ensinamentos em algo oposto ao que ele pregava e até mesmo a existência do Jesus histórico, atestado pela ciência, é de conhecimento popular. Entretanto, não é fácil (especialmente para um cristão) enxergar o verdadeiro Jesus além dos dogmas e preceitos da religião. É disso que este artigo trata, da verdadeira e eterna mensagem de Jesus para o mundo, que ultrapassa qualquer doutrina.
A pergunta no início deste artigo depende muito do definição de Deus que adotamos. O conceito do Deus cristão é baseado na bíblia, um livro de extrema importância histórica e religiosa mas que traz fontes de informação sobre a vida de Jesus em evangelhos escritos séculos após sua morte. Sabemos que a imagem que cultuamos, embranquecida, não é verdadeira; sabemos que ele não nasceu no dia 25 de dezembro e que muito provavelmente foi casado. Mais que isso, a história atesta que a divindade de Jesus, ou seja, os milagres como andar sobre as águas e muitos outros, foram atribuídos à imagem dele no concílio de Niceia pelo imperador Constantino.
Observamos, ainda, que existe historicamente uma substituição do Jesus professor pela crença na vaidade, na ideia que “Deus me entende e me perdoa” e oferece salvação absoluta. Essa vaidade faz com que as regras não sejam mais válidas e favorece o “eu”, que a tudo interpreta de acordo com a subjetividade. Todos se acham dignos do paraíso, mesmo aqueles que cometeram assassinatos e outros crimes, apoiados nessa ideia infantil que Jesus vai salvar, ao invés de Jesus vai te ensinar. Essa mudança tem origem na religião e nas transformações que ela sofreu até a era moderna.
“Na verdade, o único cristão morreu na cruz.”
Mas será que isso tudo diminui a figura magnânima de Cristo? Claro que não. Ao contrário, abandonar as fábulas cristãs torna a visão sobre essa figura ainda mais profunda e significativa em termos existenciais.
A diferença entre Jesus de Nazaré e Cristo
O cristianismo é a religião formada em torno da ideia de Cristo, que nada mais é do que uma denominação teológica que significa messias, conceito comum na época. Muitos messias eram esperados e somente anos após sua morte é que Jesus foi aceito como o Cristo, o verdadeiro messias para o cristianismo. Para muitos, não foi Jesus de Nazaré que instituiu o cristianismo mas sim Cristo, o ser divino, conceito posterior a sua morte. O cristianismo começa a ser consolidado quando Paulo de Tarso se converte ao cristianismo e começa a criar toda uma literatura teológica sobre o que significaria ser cristão, muito antes dos evangelhos que conhecemos serem escritos.
É Paulo que fala de uma religião universal, baseada no amor e na crença na ressurreição de Cristo e na ideia de que ele seria o salvador. Estariam incluídas todas as pessoas e não somente os judeus, o “povo escolhido”. É uma religião que pretendia a expansão, a evangelização de todos, que foi justamente o que aconteceu.
Jesus de Nazaré foi um rabino do século I, um judeu religioso criado dentro desta tradição numa província romana com o governo de Herodes. Essa é a realidade, atestada pela ciência e pela história e da qual não restam mais dúvidas, ou seja, há pouquíssima polêmica em torno da ideia de que o Jesus histórico de fato existiu. Mas este homem não era Cristo.
“Ninguém pode negar o fato de que Jesus existiu, nem que seus ensinamentos sejam belos. Ainda que alguns deles tenham sido proferidos antes, ninguém os expressou tão divinamente.”
Cristo é uma divindade, uma construção teológica posterior que atribui a Jesus de Nazaré uma divindade, que aparece pela ideia de filho de Deus que é o próprio Deus criador e supremo. Não é um enviado, um profeta, é o próprio Deus.
Portanto, há um abismo entre a ideia de Cristo e Jesus de Nazaré, histórico.
Perdoar setenta vezes sete
Perdão é uma das principais mensagens de Jesus, assim como o afastamento da crítica para com o outro. São ideias simples, expressas em diversos momentos por Jesus, mas que em absolutamente nada se aproximam das pregações religiosas, tão cheias de normas e preconceitos e que estimulam um comportamento distante de Jesus. Somos ensinados pela igreja a amar ao próximo, desde que esse próximo não seja homossexual, prostituta, adúltera ou uma mulher que decide interromper uma gravidez.
Sabemos pelos evangelhos que Jesus não procurou os homens de bem, as pessoas que frequentavam o templo e quem se diziam religiosas. O homem de Nazaré foi em busca dos oprimidos, rejeitados, prostitutas, homens odiados como Zaqueu. Cercou-se dos dos leprosos e enfermos, faz duras críticas àqueles que se julgavam os verdadeiros representantes de Deus na Terra, que pagavam altos impostos e cumpriam as “leis”. Chamou-os de raças de víboras e deixou claro que “homens de bem” não cumpriam a vontade divina e estavam longe da ideia de Deus.
Ele pregou a caridade e nunca o acúmulo, quando disse que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um homem rico ganhar o reino dos céus. Mandou que atirassem a primeira pedra quem nunca houvesse pecado, quando uma multidão aguardava ansiosa pelo apedrejamento da adúltera. Perdoar, perdoar e perdoar, setenta vezes sete, oferecer a outra face e nunca ser violento. Jesus pede o perdão do pai até mesmo para os ladrões ao seu lado e para os responsáveis pela sua crucificação: “perdoe-os pai, eles não sabem o que fazem”.
“A Igreja é exatamente aquilo contra o qual Jesus pregou e contra aquilo pelo qual ensinou os discípulos a lutarem.”
Será que é isso que praticam os cristãos atualmente? Será que encontramos esses valores na sociedade moderna, entre os “homens de bem atuais”, especialmente nos tempos sombrios pelo qual atravessa nosso querido Brasil?
Jesus e Buda tem muito em comum
Buda viveu 600 anos antes de Cristo e ainda assim existem semelhanças entre estes dois iluminados, prova de que Deus envia avatares de alto grau espiritual para ajudar na evolução moral e espiritual da humanidade. Deus é tão misericordioso que de tempos em tempos envia para seus filhos mestres da luz, permite manifestações avatáricas para atenuar o sofrimento na Terra e trazer conforto e orientação para sua criação. Cada povo recebe seu avatar, que utiliza a mesma linguagem e está inserido na mesma cultura de cada sociedade.
“Existe no coração do homem um vazio do tamanho de Deus, o qual, somente Jesus Cristo pode preencher”
Os paralelos entre essas duas entidades são muitos, seja em termos da história contada sobre eles ou em relação aos ensinamentos e legado que eles deixaram. Assim como Jesus de Nazaré é considerado Cristo pela visão teológica, Siddhartha Gautama recebe o título de Buda pelo mesmo motivo. Para muitos, à Buda também é atribuído o nascimento de uma mãe virgem, em 25 de dezembro, tendo sua chegada anunciada por uma estrela. Teria realizado milagres, apesar de que Buda como uma divindade não interessa em nada aos budistas. Também teria curado doentes e alimentado 500 homens com uma pequena cesta de bolos e andado sobre as águas, embora estas últimas afirmações não sejam oficiais e dependam muito da tradição que observamos.
Assim como Jesus, Buda pregava o abandono da riqueza material, vendo na simplicidade e meditação o alimento para a alma e caminho para a iluminação. Buda era um príncipe, extremamente rico que morava num palácio, mas que decide abandonar tudo para encontrar a Deus e a si mesmo, passando seus ensinamentos de forma simples e acessível para todos, assim como Jesus.
Algumas tradições também aguardam seu retorno “nos últimos dias” para restaurar a ordem e julgar os mortos, na figura de Maitreya (“o amigável”), que nascerá como um ser humano no futuro para reavivar a religião e trazer a paz para o mundo. Sabemos, também, que a volta de Jesus é aguardada por muitos no fim dos tempos.
Em termos de ensinamentos, encontramos ainda mais semelhanças. Buda dizia aos discípulos que todos eram Buda, sendo a única diferença entre eles o fato de que ele sabia que era um Buda e os discípulos, não. Jesus também dizia exatamente a mesma coisa aos seguidores, afirmando que todos eram deuses também, não somente ele. Buda sempre ensinava a olhar para dentro para despertar, meditar e buscar Deus internamente, assim como Jesus, que disse para buscarmos o reino de Deus dentro de nós. 40 dias foi o período de peregrinação de Jesus pelo deserto e também o tempo em que Buda medita na árvore e luta contra demônios interiores e finalmente atinge a iluminação.
Assim como Jesus, Buda não deixou nenhum documento escrito e o primeiro texto budista foi escrito mais de mil anos após sua morte.
Teria Jesus lido o Bhagavad Gita? Talvez…
Jesus: um índigo na Galileia
Conhecendo a energia índigo, que a princípio começa a encarnar na Terra em massa a partir da década de 80, encontramos em Jesus todos os traços dessa vibração transformadora que é enviada a Terra para mudar os conceitos velhos e opressores e ajudar na evolução humana. São consciências enviadas para ajudar na transformação social, educacional, familiar e espiritual, independente das fronteiras e de classes sociais, como catalisadores para desencadear as reações necessárias para as transformações para a ascendência da humanidade e do planeta.
Estudiosos dizem que só sabemos de alguns anos da vida de Jesus, pois dos 13 aos 30 anos ele era um homem comum, rebelde, fora dos padrões “normais” daquela sociedade antiga, quase como uma “ovelha negra”. Para a igreja, seria inaceitável que Jesus enquanto ser divino tivesse relações sexuais, praticasse pecados e experienciasse uma vida comum, não sendo nem permitida a ideia de seu nascimento através de um ato sexual precisando alegar a virgindade da mãe de Cristo para sustentar todos os dogmas religiosos em torno de sua divindade.
Mesmo em sua pregação oficial, existem muitas passagens onde fica clara a rebeldia de Jesus, pois ele foi duramente contra o estado e a religião vigente da época e totalmente a favor da liberdade de pensamento, do acesso a Deus sem nenhum tipo de submissão e contrário aos templos de pedra que construíam em adoração à um Deus. Toda a forma de escravidão foi repreendida por Jesus, todas as formas de poder e opressão de sua época foram alvos de ataques, como por exemplo quando ele destrói o templo de Jerusalém e afirma que daquilo não restaria pedra sobre pedra.
No livro Cartas de Cristo, escrito de forma anônima, misteriosa e disponível gratuitamente paras download na internet, essa imagem de Jesus como um índigo rebelde com uma mensagem profunda e muito evoluída para a época é muito bem explorada. No livro, conta a autora que recebeu a mensagem do livro diretamente do mestre, com o objetivo de atingir aqueles que percebem Jesus e sua missão de uma maneira especial, verdadeira e distante da escravidão intelectual que a igreja impõe. É uma viagem fantástica pelo universo de Cristo, que certamente muda toda a nossa percepção sobre Deus, Jesus e a existência na Terra.
Por fim, nos resta a reflexão: olhando para as igrejas hoje, especialmente aquelas que pregam a prosperidade e tantos preconceitos e regras, resta alguma dúvida que no mundo atual ele seria morto e crucificado ainda mais rapidamente do que foi no mundo antigo?
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