Por que a resiliência é tão importante agora?
Resiliência é uma palavra emprestada da física, usada para classificar o nível de resistência de um determinado material às pressões e sua capacidade de retornar ao estado normal. Quando a psicologia “roubou” essa palavra, o sentido que ela adquiriu é dizer o quanto de porrada a gente consegue levar e continuar seguindo em frente.
“A felicidade é a aceitação corajosa da vida”
A princípio, você pode pensar que a resiliência seja uma virtude que proporciona uma vida mais tranquila, pois ela ajuda as pessoas a lidar de forma mais positiva com as adversidades. O que de fato é verdade. Uma pessoa resiliente é mais difícil de se abater com os “nãos” que a vida nos dá. Mas ela é mais. A resiliência é uma habilidade espiritual e exercitá-la te coloca em um ritmo de desenvolvimento mais acelerado. Ela nos dá um suporte emocional que funciona como uma fortaleza, pois permite que tenhamos perspectivas mais positivas sobre o que nos acontece. Quando exercitamos a resiliência, fica mais fácil levantar dos tombos, enfrentar os desafios e tirar deles o melhor. Em meio a uma pandemia, a resiliência se tornou uma competência fundamental para enfrentar as dificuldades desse novo mundo.
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A competência do século
Pense no mundo antigo, nos milhares de anos que levamos para chegar a era moderna. Uma pessoa retirada do século I e colocada no século X ainda iria reconhecer o mundo e conseguir se relacionar com ele como antes. Pouca coisa estaria diferente. Mas, se você pegar uma pessoa do final do século XIX e colocá-la no século XXI, a pessoa iria pirar. Eletricidade, carros, aviões, telefones, rádios, televisões, celulares e internet. Nada disso existia no século XIX e em menos de 200 anos o mundo ficou completamente mudado.
“Caia sete vezes e levante oito”
A vida não era mais fácil antes, mas era muito mais estável. Quase nada mudava. As pessoas nasciam e morriam no mesmo lugar, sob o mesmo sistema, sob o mesmo mundo. De repente, as mudanças começaram a acontecer com uma velocidade incrível e, de uma geração para outra, o mundo já estava transformado. A vida de nossas avós foi completamente diferente da nossa. Não só em termos de tecnologia, mas em relação a valores e contexto social. Tudo agora acontece muito rápido e muito mais é exigido de nós. Se antes bastava um diploma para sustentar a família por 50 anos, agora precisamos falar línguas e apresentar especializações, mestrados, doutorados, MBA. A competição do mundo atual é cruel. Por outro lado, se antes uma carta levava dias para chegar ao seu destino, se antes precisávamos aguardar horas para fazer uma ligação telefônica, agora falamos com as pessoas em tempo real em qualquer parte do mundo. Aceitar mudanças e se adaptar a elas é a competência do século, em tempos em que o que era verdade ontem já pode não ser mais hoje. Além disso, a resiliência nos beneficia com a capacidade de desenvolver novas competências, realizar novos projetos, conseguir recursos, estimular a criatividade e alcançar metas de forma mais rápida. A resiliência nos deixa mais felizes, mais equilibrados e adaptados a esse mundo caótico.
Resiliência é o segredo do desenvolvimento espiritual
Agora, por exemplo, podemos não aceitar a pandemia? Não, não podemos. Quem faz isso arrisca a vida. Só nos resta aceitar, tomar as medidas cabíveis e esperar que ela vá embora. Quem é resiliente agora está passando esse momento com menos sofrimento psíquico e emocional. A pandemia não está sob nosso controle e nada podemos fazer a não ser nos proteger e seguir as recomendações dos órgãos sanitários.
Quem é resiliente é humilde. Quem é resiliente aceita os acontecimentos sobre os quais não temos controle e confia em uma força superior, um propósito que organiza esse caos do mundo. E essa resiliência não se baseia na ideia de que “eu sou protegida” e comigo não vai acontecer. Ser resiliente é conseguir entender que tudo pode acontecer e tudo bem. O que tiver de ser, será. Ela nos faz enxergar propósito na dor e usar ela a nosso favor. É aquela história de fazer com o limão uma limonada. Ela é a perspectiva que nos ajuda a aceitar aquilo que nos incomoda ou que não sai conforme o esperado. E ora, se pararmos para analisar, é isso que nos acontece boa parte do tempo. É isso que está nos acontecendo nesse exato momento com o coronavírus. Estamos sendo postos a prova e o controle emocional faz toda a diferença, inclusive na nossa vibração e equilíbrio energético. Stress, revolta e raiva, por exemplo, são sentimentos que não só prejudicam a nossa saúde como nos afastam do mundo espiritual.
“Aceitar-se a si mesmo é um pré-requisito para uma aceitação mais fácil e genuína dos outros”
Porém, quando aceitamos as coisas como são, e, em especial, as pessoas como elas são, entramos em uma sintonia com a luz que é capaz de transformar a nossa vida. O fato é que
não estamos aqui para sermos felizes como pensam. Viemos aprender e não podemos esquecer que habitamos dimensões mais densas, que, por isso, criam realidades difíceis. E quanto mais consciência disso tivermos mais conseguimos expandir nossa própria consciência. E a resiliência é uma das maiores ferramentas para isso, pois ela nos obriga a praticar a aceitação e nos mergulha dentro de nós mesmos. O controle das emoções só pode se dar através do autoconhecimento. Somos igual chantilly: quanto mais bate, mais cresce.
Resiliência é sinônimo de resistência
O isolamento social necessário para combater o coronavírus tirou de nós a liberdade, tirou o nosso controle. Tivemos que mudar nossa rotina, nossa forma de trabalhar, não podemos mais sair nas ruas, as escolas estão fechadas, só se entra nos mercados em pequenos grupos e não há mais comércio ou lazer. A maior parte de nós nunca usou uma máscara na vida e nunca achou que fosse usar. Mesmo quando a pandemia começou, as máscaras pareciam um exagero asiático, um excesso. Mas agora vemos que eles estavam à nossa frente no quesito epidemias.
Nós sempre achamos que estamos no controle da vida: fazemos planos, colocamos em planilhas nossas metas e tentamos governar os acontecimentos. Às vezes as coisas saem conforme o esperado, às vezes não. E nem assim aprendemos que não temos o controle de nada. Você planeja, mas vem a vida e bagunça tudo. Quem fica apegado ao plano inicial, perde. Quem aceita a mudança, resiste. Em tempos de crise, ser resiliente é mais que sobreviver, é conseguir passar pela situação e aprender com ela sem perder a cabeça. Pessoas resilientes conseguem se recuperar mais rápido e deixar para trás o que já não importa. Elas sabem dar valor ao que realmente interessa na vida. Nunca desista, resista!
Dicas para exercitar a resiliência na quarentena
Preste atenção aos seus pensamentos
Durante uma pandemia é esperado sentir medo, ansiedade e todas essas emoções que costumamos negar e rejeitar. É normal, tem um vírus perigoso a solta. Mas quando enxergamos desfechos ruins para esse momento, estes pensamentos podem desencadear emoções negativas, sobrecarregar nossa mente e nos paralisar para as ações necessárias e resolução de problemas. Mude o foco. A cada pensamento ruim, pense imediatamente algo bom, algo que te dê prazer, alegria, felicidade. Anule o que for negativo, inverta o pensamento. Faça sempre que possível a higiene mental e procure sempre questionar seus pensamentos e sentimentos, colocando-os à prova do mundo. Está ruim para você? E para seu vizinho, será que não está pior? Você não aguenta mais o confinamento com os filhos? E quem está sozinho? Trazer a realidade do outro às vezes nos ajuda a exercitar a resiliência e a gratidão.
Se valorize como nunca
Conhecer a sua força interior vai te dar mais confiança para enfrentar desafios. Em momentos de crise é muito importante lembrarmos dos nossos pontos fortes e fracos, para traçar estratégias melhores para ultrapassar momentos de turbulência. Fortalecer a autoestima é ponto crucial para superar grandes desafios. Com ela vem a coragem, o ânimo e a determinação.
Seja flexível
Mudanças geram um processo de adaptação. E, para nos adaptar ao que quer que seja, precisamos ser flexíveis. Quem é rígido internamente não consegue se adequar a nada.
“Não há que ser forte. Há que ser flexível”
Pessoas flexíveis aproveitam momentos de crises para crescimento e essa postura faz com que enxerguem novas oportunidades e possíveis saídas para os problemas com mais facilidade. Nem sempre quando somos ameaçados precisamos fugir ou lutar. Às vezes tudo que precisamos fazer é aceitar e tentar nos adaptar à nova realidade.
Não deixe de fazer planos
Se a vida mudou, mude junto com ela. Se ela vai ser diferente no futuro, planeje um futuro diferente para você. Crie etapas, visualize desfechos possíveis e alcançáveis e comece a trabalhar nisso. Utilize a criatividade como recurso para estabelecer suas metas, coloque foco no que deseja realizar e faça seu plano de ação. A vida está parada agora, mas não é para sempre. O que você deseja fazer quando a quarentena acabar? Que sonhos quer realizar?
Ter em mente nossos desejos é importante agora. Eles nos puxam para a realidade e dão inspiração para seguir. E lembre-se sempre: a vida não gosta de planos. Você precisa ter eles para poder caminhar, mas eles devem ser ajustáveis. Planeje, mas não se apegue. Encontre o equilíbrio entre a ação e o “deixar a vida te levar”.
Respeite seus limites
Nós somos incentivados a ir além dos limites, mas isso nem sempre é bom. Se resiliente também é conhecer aceitar nossos limites. Nunca fomos testados como estamos sendo agora. Não porque uma pandemia não tenha acontecido antes, ou momentos de crise ainda piores como as grandes guerras, mas porque nunca houve acontecimentos dessa magnitude em um mundo globalizado e com redes sociais. O impacto da pandemia de coronavírus no mundo e na psicologia das pessoas é inédito e não sabemos que frutos vamos colher disso. Estar em casa é um desafio, sair na rua para comprar pão é um desafio. Não é hora de testar limites, é hora de respeitar nossas limitações. Não se cobre além da conta, não tente fazer tudo e ter êxito em tudo. Não é preciso produzir sem parar nesse momento. É hora de relaxar um pouco em relação a tudo. É hora de parar e reaprender quais são os nossos limites.
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