A Roda do Ano celta: um calendário de celebrações e novos ciclos
A Roda do Ano celta é um símbolo dos oito Sabbats (festivais religiosos), celebrados pelas religiões neopagãs — especialmente pela Wicca. Originários da tradição celta, os Sabbats incluem quatro festivais solares (solstício de inverno, equinócio da primavera, solstício de verão e equinócio de outono) e quatro festivais sazonais (celebrando ou marcando uma mudança sazonal significativa).
Nessas ocasiões, duas divindades supremas são homenageadas, sendo elas a Grande Mãe/Deusa, simbolizando a própria Terra; e o Deus Cornífero, protetor dos animais e da vida selvagem.
Formada em eterna harmonia com o Universo, a Roda do Ano celta busca compreender a complexidade do macrocosmo dando importância aos pequenos detalhes do dia-a-dia. Segmentando um ano em cuidadosos oito eventos, permitimos assim uma perfeita comunhão entre o Deus e a Deusa, refletindo em união e equilíbrio.
A Roda do Ano celta e o ciclo da vida
Na antiga cultura celta, como em muitas outras do passado, o tempo era visto como algo cíclico. Mudam as estações, as pessoas morrem, mas nada realmente está perdido, pois tudo retorna — de um jeito ou de outro — em um ciclo natural e repetitivo. Embora o tempo no mundo moderno seja geralmente considerado linear, a natureza cíclica da vida continua a ser reconhecida.
Ao contrário do que afirmam os wiccanianos modernos, não há evidências da existência da Roda do Ano celta na configuração atual em tempos antigos. Ainda assim, não há dúvidas que os celtas de milhares de anos atrás celebravam os mesmos festivais que a roda destaca — ainda que fossem conhecidas por outros nomes, agora perdidos.
A Roda do Ano moderna foi sugerida pela primeira vez pelo mitólogo e estudioso Jacob Grimm (1785-1863 d.C.) em sua obra de 1835 d.C., Teutonic Mythology, e ajustada para sua forma atual na década de 50 e início dos anos 60 pelo movimento Wicca.
A roda inclui os seguintes dias sagrados (lembrando que a maioria das datas é flexível ano a ano, e se altera de acordo com os hemisférios):
Samhain – A colheita antes do Inverno
Ano Novo Celta, acontece em 31 de outubro (hemisfério norte) ou 30 de abril (hemisfério sul). Pronunciado Sou-Em, representa a colheita final que antecede um longo inverno. É hora de homenagear nossos antepassados e abraçar a metade mais escura do ano. Samhain também marca o início do Ano Novo em muitas tradições pagãs.
Yule – O dia mais curto do ano
Solstício de inverno, ocorre em 21 de dezembro (hemisfério norte) ou 21 de junho (hemisfério sul). Yule marca o dia mais curto do ano. A partir de agora, os dias se tornam mais longos e comemoramos o retorno do Sol à Terra. A data também é conhecida como Alban Altha (a Luz de Arthur).
Imbolc – Entre o Inverno e a Primavera
Festa do fogo, do Sol e da Luz, é celebrada em 1º de fevereiro (hemisfério norte) ou 1º de agosto (hemisfério sul). Imbolc é um festival que, em muitas tradições, celebra a deusa celta Brigid. A data marca o intermédio entre o inverno e a primavera, firmando-se como um festival de purificação, luz, fertilidade e novos começos.
Ostara – Uma nova vida
Festa da fertilidade, acontece em 21 de março (hemisfério norte) ou 21 de setembro (hemisfério sul). Ostara é a celebração do equinócio da primavera, e um momento para se preparar para o início de uma nova vida. As horas do dia e da noite são iguais, e a luz ultrapassa a escuridão. Também é conhecida como Alban Eilir (a Luz da Terra).
Beltane – A luxúria
Festa da primavera, é celebrada em 1º de maio (hemisfério norte) ou 1º de novembro (hemisfério sul). Beltane é uma festividade que honra a fertilidade da terra. Consiste em um tempo de luxúria, paixão, fogo e abundância.
Litha – A luz sobre as trevas
Solstício de verão, ocorre em 21 de junho (hemisfério norte) ou 21 de dezembro (hemisfério sul). Litha marca o dia mais longo do ano. É uma celebração do triunfo da luz sobre as trevas, e da beleza abundante que a luz proporciona às nossas vidas. Também é conhecida como Alban Hefin (a Luz da Costa).
Lughnasadh/Lammas – A colheita dos grãos
Festa da colheita, é celebrada em 1º de agosto (hemisfério norte) ou 1º de fevereiro (hemisfério sul). Pronunciado como Lu-na-saa, essa é uma festividade que homenageia o deus celta, Lugh. Para outros, este festival é tido como Lammas, e celebra o início do período de colheita dos grãos. Este é o primeiro festival da colheita, quando as plantas deixam cair suas sementes para garantir a continuidade do ciclo.
Mabon – A segunda colheita
Equinócio de outono, acontece em 21 de setembro (hemisfério norte) ou 21 de março (hemisfério sul). Mabon é um momento de ação de graças que celebra a segunda colheita. Os dias e as noites são novamente iguais, mas a noite segue crescendo cada vez mais. Também é conhecida como Alban Elfed (a Luz da Água).
Esses oito festivais são projetados para chamar a atenção àquilo que se ganhou e se perdeu na virada cíclica do ano. Assim como na antiga civilização egípcia (e outras), os celtas acreditavam que a ingratidão era um “portal do pecado”, capaz de levar às trevas por meio da amargura, orgulho e ressentimentos.
Ao fazer uma pausa para refletirmos sobre a gratidão pelo que recebemos durante o ano, bem como pelo que perdemos, mantemos o equilíbrio.
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