Salmo 37 — Palavras divinas de entrega e sabedoria
Os Salmos estão entre as orações mais populares, principalmente quando se tratam de livros bíblicos. Como causa principal para toda essa difusão das palavras está a abrangência do Salmo, podendo ser encontrado um para cada situação em que o fiel esteja vivendo. Neste artigo iremos nos debruçar sobre o significado e a interpretação do Salmo 37.
Tais orações “cantadas” foram criadas durante muitos momentos da história do povo hebreu, sendo estes de angústia, alegria, tristeza ou indignação, por exemplo. Como resultado, Salmos com tais temáticas foram elaborados cuidadosamente, podendo eles serem adaptados às situações atuais da vida moderna.
Outro grande atrativo destas orações é que a construção do Salmo é estabelecida de forma a permitir que ele seja recitado e cantado, tal como um mantra. Isso daria a ele a capacidade e o poder de criar uma espécie de sintonia com a energias de seres celestiais e até mesmo com Deus. Através de tal conexão é possível estabelecer um vínculo mais forte com o Divino, levando todas as mensagens de seus fiéis com mais devoção, e talvez desse modo alcançando mais facilmente suas graças.
Confiança e perseverança com o intermédio do Salmo 37
Um dos mais extensos de todos os 150 textos, o Salmo 37 trata de confiança, de entrega, descanso, deleito e a sabedoria da espera. Ele vai a fundo em diversos aspectos que se relacionam com a prosperidade humana em todos os campos, em especial para graças recebidas no matrimônio e no maravilhoso período da maternidade.
A oração defende que aqueles que forem justos e fiéis às suas crenças, receberão a benção divina e devem prosperar em todas as áreas de suas vidas. Durante sua leitura é possível perceber o expurgo a comportamentos como a prática da inveja, por exemplo.
O Salmo sugere um momento de preocupação devido a conflitos entre justos e injustos e diante da aparente vitória em prol dos arrogantes, presunçosos e orgulhosos. É dito que os fiéis precisam depositar sua confiança nas forças celestes, porque elas certamente julgarão e favorecerão os justos, honestos e que se dedicam em ajudar o próximo e mais necessitados.
Por esse motivo, ele é frequentemente recomendado aos que pensam estar presenciando situações de injustiça, ou quando se vê, por exemplo, alguém de grandes posses se negando a ajudar quem precisa. Essa oração também é utilizada para atrair mais saúde e boa memória durante a velhice, preservando o conhecimento e a sabedoria obtida ao longo dos tempos.
Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade.
Porque cedo serão ceifados como a erva, e murcharão como a verdura.
Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado.
Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração.
Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.
E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia.
Descansa no Senhor, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos.
Deixa a ira, e abandona o furor; não te indignes de forma alguma para fazer o mal.
Porque os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra.
Pois ainda um pouco, e o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar, e não aparecerá.
Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz.
O ímpio maquina contra o justo, e contra ele range os dentes.
O Senhor se rirá dele, pois vê que vem chegando o seu dia.
Os ímpios puxaram da espada e armaram o arco, para derrubarem o pobre e necessitado, e para matarem os de reta conduta.
Porém a sua espada lhes entrará no coração, e os seus arcos se quebrarão.
Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios.
Pois os braços dos ímpios se quebrarão, mas o Senhor sustém os justos.
O Senhor conhece os dias dos retos, e a sua herança permanecerá para sempre.
Não serão envergonhados nos dias maus, e nos dias de fome se fartarão.
Mas os ímpios perecerão, e os inimigos do Senhor serão como a gordura dos cordeiros; desaparecerão, e em fumaça se desfarão.
O ímpio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece e dá.
Porque aqueles que ele abençoa herdarão a terra, e aqueles que forem por ele amaldiçoados serão desarraigados.
Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho.
Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão.
Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão.
Compadece-se sempre, e empresta, e a sua semente é abençoada.
Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre.
Porque o Senhor ama o juízo e não desampara os seus santos; eles são preservados para sempre; mas a semente dos ímpios será desarraigada.
Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre.
A boca do justo fala a sabedoria; a sua língua fala do juízo.
A lei do seu Deus está em seu coração; os seus passos não resvalarão.
O ímpio espreita ao justo, e procura matá-lo.
O Senhor não o deixará em suas mãos, nem o condenará quando for julgado.
Espera no Senhor, e guarda o seu caminho, e te exaltará para herdares a terra; tu o verás quando os ímpios forem desarraigados.
Vi o ímpio com grande poder espalhar-se como a árvore verde na terra natal.
Mas passou e já não aparece; procurei-o, mas não se pôde encontrar.
Nota o homem sincero, e considera o reto, porque o fim desse homem é a paz.
Quanto aos transgressores, serão à uma destruídos, e as relíquias dos ímpios serão destruídas.
Mas a salvação dos justos vem do Senhor; ele é a sua fortaleza no tempo da angústia.
E o Senhor os ajudará e os livrará; ele os livrará dos ímpios e os salvará, porquanto confiam nele.
Interpretação do Salmo 37
Versículos 1 a 6
“Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. Porque cedo serão ceifados como a erva, e murcharão como a verdura. Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado. Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará. E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia”.
Nestes seis primeiros versículos, fica muito clara a indignação perante a temporária prosperidade dos malfeitores. Aqui, Davi analisa essa prosperidade, e admite que, muitas vezes, os bons e puros de coração podem se sentir irritados perante o sucesso daqueles que não o merecem.
No entanto, lembra também que todo esse desfrute é passageiro, e se vai por água abaixo num piscar de olhos. Apenas aquele que confia no Senhor e se entrega de corpo e alma, praticando o bem, terá resultados verdadeiros e duradouros.
A partir do momento em que entregamos nossas vidas a Deus, experienciamos a verdadeira prosperidade e abundância — ainda que não material, mas de alma e coração.
Versículos 7 a 11
“Descansa no Senhor, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos. Deixa a ira, e abandona o furor; não te indignes de forma alguma para fazer o mal. Porque os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra. Pois ainda um pouco, e o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar, e não aparecerá. Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz”.
Ainda com alguma relação com os versículos anteriores, aqui nós avançamos no quesito indignação, e vemos que alguns fieis podem se revoltar e se sentirem tentados e agir perante a força dos perversos. Entretanto, nestes versículos somos orientados e esperar e descansar nos braços do Senhor.
Quando se trata de manifestar a justiça, Deus não precisa da nossa ajuda; portanto, enquanto Ele age, nos basta aguardar. O que podemos fazer nesses momentos é confiar que, em breve, desfrutaremos de benfeitorias e paz, enquanto os ímpios se verão diante da destruição.
Versículos 12 a 15
“O ímpio maquina contra o justo, e contra ele range os dentes. O Senhor se rirá dele, pois vê que vem chegando o seu dia. Os ímpios puxaram da espada e armaram o arco, para derrubarem o pobre e necessitado, e para matarem os de reta conduta. Porém a sua espada lhes entrará no coração, e os seus arcos se quebrarão”.
Nestes versículos, o salmista se refere aos ímpios como verdadeiros animais selvagens, capazes de fazer de tudo para prejudicar aqueles que traçam o caminho da paz e da justiça. Por outro lado, apesar do descaso dos malfeitores com relação à Deus, Ele ri, e contempla tudo o que acontece.
Uma hora ou outra, as armas dos ímpios se voltarão contra eles mesmos, e estes experimentarão as consequências de seus pecados e impurezas. O Senhor ri pois sabe que o dia do julgamento está chegando, e essas pessoas desvirtuadas terão de comparecer perante a Deus.
Versículos 16 a 20
“Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios. Pois os braços dos ímpios se quebrarão, mas o Senhor sustém os justos. O Senhor conhece os dias dos retos, e a sua herança permanecerá para sempre. Não serão envergonhados nos dias maus, e nos dias de fome se fartarão. Mas os ímpios perecerão, e os inimigos do Senhor serão como a gordura dos cordeiros; desaparecerão, e em fumaça se desfarão”.
Deus provém o sustento dos justos, mesmo perante de todas as necessidades que, eventualmente, possam enfrentar. Por outro lado, a riqueza dos ímpios está pautada em suas próprias forças, no entanto, seus braços quebrarão; ou seja, são alimentados por um ganho perecível, findável.
Deus é onisciente, e conhece a realidade dos justos, estando ativamente envolvido em suas vidas. Portanto, o único capaz de prover a verdadeira satisfação e felicidade, é o Pai celestial.
Versículos 21 a 26
“O ímpio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece e dá. Porque aqueles que ele abençoa herdarão a terra, e aqueles que forem por ele amaldiçoados serão desarraigados. Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão. Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão. Compadece-se sempre, e empresta, e a sua semente é abençoada”.
Mais uma vez, este Salmo nos refere a uma comparação entre os ímpios e os justos; dizendo que os primeiros são punidos com a maldição divina, enquanto os outros têm sobre si a bênção Divina permanentemente. Enquanto os justos herdam a terra, a maldade inerente aos ímpios é arrancada pela raiz.
Por outro lado, estes versículos também nos lembram que nem mesmo os justos estão isentos de erros e tropeços. Todavia, quando um indivíduo puro de coração vacila, Deus não permite que ele permaneça caído; mas o restaura e o torna testemunha do poder e da fidelidade do Senhor.
Versículos 27 a 31
“Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre. Porque o Senhor ama o juízo e não desampara os seus santos; eles são preservados para sempre; mas a semente dos ímpios será desarraigada. Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre. A boca do justo fala a sabedoria; a sua língua fala do juízo. A lei do seu Deus está em seu coração; os seus passos não resvalarão”.
Nestes versículos, afirma-se que o Senhor também é capaz de capacitar seu povo para quem vivam em obediência, depositando Sua lei nos corações daqueles que Nele creem. Os justos são pessoas governadas, interna e externamente, pelos preceitos Divinos; portanto, suas palavras são repletas de justiça e sabedoria.
Versículos 32 a 34
“O ímpio espreita ao justo, e procura matá-lo. O Senhor não o deixará em suas mãos, nem o condenará quando for julgado. Espera no Senhor, e guarda o seu caminho, e te exaltará para herdares a terra; tu o verás quando os ímpios forem desarraigados”.
Ímpio é aquele que vive na certeza (e na ilusão) de que todas as suas trapaças sairão impunes, e não enxerga problema algum em tramar contra os justos. No entanto, Deus vigia essas condutas, e julgará os perversos, não permitindo que todas essas malfeitorias afetem os inocentes.
Versículos 35 a 40
“Vi o ímpio com grande poder espalhar-se como a árvore verde na terra natal. Mas passou e já não aparece; procurei-o, mas não se pôde encontrar. Nota o homem sincero, e considera o reto, porque o fim desse homem é a paz. Quanto aos transgressores, serão à uma destruídos, e as relíquias dos ímpios serão destruídas. Mas a salvação dos justos vem do Senhor; ele é a sua fortaleza no tempo da angústia. E o Senhor os ajudará e os livrará; ele os livrará dos ímpios e os salvará, porquanto confiam nele”.
É fato que vemos muitos ímpios prosperando, como frondosas árvores, especialmente quando se tratam de negócios. Entretanto, toda essa prosperidade é passageira e superficial, servindo apenas como um prelúdio à sua ruína.
O Senhor não apenas julga a trapaça, mas liberta os justos de suas armadilhas. Enquanto os ímpios sofrerão perante o juízo de Deus, o fim dos justos é a paz eterna.
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