Salmo 94: que a justiça seja feita aos homens de bem
Consistindo em famosas orações, tais versos carregam muito poder em seus textos, os quais foram cuidadosamente construídos ao longo da história do povo hebreu. Cada Salmo aborda um ou mais conjuntos de situações presentes na vida humana, permitindo uma imensa versatilidade dos mesmos, já que é possível recorrer aos Salmos quando se está acometido pelo medo, pela tristeza, quando necessita de proteção ou mesmo quando a vontade é de apenas agradecer por dádivas alcançadas. Neste artigo iremos nos debruçar sobre o significado e a interpretação do Salmo 94.
Os versos presentes nos Salmos oferecem aos fiéis um poder semelhante ao de um mantra, pois o modo como podem ser cantadas seria capaz de realizar uma íntima conexão com o mundo espiritual, onde a voz do salmista entra em sincronia com as energias de Deus e seus anjos. Graças a isso, todas as mensagens enviadas aos céus acontecem de maneira mais clara e poderosa, permitindo que sejam atendidas com mais urgência. Ao todo, são 150 textos responsáveis pela formação do Livro dos Salmos, o maior do Antigo Testamento.
Salmo 94: justiça em prol dos homens de bem
Usado para espantar toda forma de espíritos ruins, o Salmo 94 tem o poder de afastar as energias negativas que nos cercam, podendo elas serem provenientes de más influências, como pessoas invejosas e alguns desafetos. Ele é por muitas vezes confundido com um pedido de vingança por parte do salmista, devido aos termos utilizados. Entretanto, essa pode ser uma interpretação um tanto equivocada da real proposta do Salmo, já que o desejo de vingança não faz parte da conduta incentivada por Deus; o texto trata na realidade mais de um apelo à justiça em defesa dos homens de bem.
Por consequência dessa linguagem dura, ele é colocado entre os Salmos imprecatórios, os quais destoam um pouco da ética do Novo Testamento. O Salmo prega a aplicação da justiça de forma a punir o mal que se espalha pela Terra, favorecendo o bem de modo semelhante ao que se encontra no Salmo de número 10, porém mais exposto.
O principal objetivo da oração não é propriamente a punição, mas que Deus afaste as más influências e que os detentores de espíritos ruins estejam longe de seus seguidores; tais espíritos podem pertencer ou não à outras pessoas. Como possui a função e espantar qualquer tipo de mal, a oração é utilizada também pelos que desejam proteção para as produções agrícolas.
Ó Senhor Deus, a quem a vingança pertence, ó Deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente.
Exalta-te, tu, que és juiz da terra; dá a paga aos soberbos.
Até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios saltarão de prazer?
Até quando proferirão, e falarão coisas duras, e se gloriarão todos os que praticam a iniquidade?
Reduzem a pedaços o teu povo, ó Senhor, e afligem a tua herança.
Matam a viúva e o estrangeiro, e ao órfão tiram a vida.
Contudo dizem: O Senhor não o verá; nem para isso atenderá o Deus de Jacó.
Atendei, ó brutais dentre o povo; e vós, loucos, quando sereis sábios?
Aquele que fez o ouvido não ouvirá? E o que formou o olho, não verá?
Aquele que argui os gentios não castigará? E o que ensina ao homem o conhecimento, não saberá?
O Senhor conhece os pensamentos do homem, que são vaidade.
Bem-aventurado é o homem a quem tu castigas, ó Senhor, e a quem ensinas a tua lei;
Para lhe dares descanso dos dias maus, até que se abra a cova para o ímpio.
Pois o Senhor não rejeitará o seu povo, nem desamparará a sua herança.
Mas o juízo voltará à retidão, e segui-lo-ão todos os retos de coração.
Quem será por mim contra os malfeitores? Quem se porá por mim contra os que praticam a iniquidade?
Se o Senhor não tivera ido em meu auxílio, a minha alma quase que teria ficado no silêncio.
Quando eu disse: O meu pé vacila; a tua benignidade, Senhor, me susteve.
Na multidão dos meus pensamentos dentro de mim, as tuas consolações recrearam a minha alma.
Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual forja o mal por uma lei?
Eles se ajuntam contra a alma do justo, e condenam o sangue inocente.
Mas o Senhor é a minha defesa; e o meu Deus é a rocha do meu refúgio.
E trará sobre eles a sua própria iniquidade; e os destruirá na sua própria malícia; o Senhor nosso Deus os destruirá.
Interpretação do Salmo 94
A seguir, apresentamos uma detalhada interpretação do Salmo 94. Leia com atenção.
Versículos 1 a 3 – Exalta-te, tu, que és juiz da terra
“Ó Senhor Deus, a quem a vingança pertence, ó Deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente. Exalta-te, tu, que és juiz da terra; dá a paga aos soberbos. Até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios saltarão de prazer?”
Existem momentos em que até mesmo aqueles que louvam a Deus pedem para Ele se vingue dos malfeitores; entretanto, cabe a Ele decidir. Em seguida, os versículos demonstram uma certa preocupação a respeito da impunidade dos ímpios; e a resposta está na misericórdia do Senhor. Apenas o tempo revelará a verdadeira justiça.
Versículos 4 a 7 – O Senhor não o verá
“Até quando proferirão, e falarão coisas duras, e se gloriarão todos os que praticam a iniquidade? Reduzem a pedaços o teu povo, ó Senhor, e afligem a tua herança. Matam a viúva e o estrangeiro, e ao órfão tiram a vida. Contudo dizem: O Senhor não o verá; nem para isso atenderá o Deus de Jacó”.
Contrariando as leis Divinas, este trecho se inicia descrevendo algumas das características das pessoas que dizem e praticam o mal. São pessoas que desdenham da presença do Senhor mas, um dia, hão de se arrepender.
Versículos 8 a 15 – Pois o Senhor não rejeitará o seu povo
“Atendei, ó brutais dentre o povo; e vós, loucos, quando sereis sábios? Aquele que fez o ouvido não ouvirá? E o que formou o olho, não verá? Aquele que argui os gentios não castigará? E o que ensina ao homem o conhecimento, não saberá? O Senhor conhece os pensamentos do homem, que são vaidade.
Bem-aventurado é o homem a quem tu castigas, ó Senhor, e a quem ensinas a tua lei; Para lhe dares descanso dos dias maus, até que se abra a cova para o ímpio. Pois o Senhor não rejeitará o seu povo, nem desamparará a sua herança. Mas o juízo voltará à retidão, e segui-lo-ão todos os retos de coração”.
Que os brutos e insensatos abandonem tais comportamentos. Deus tudo vê, ouve e conhece; e tudo aquilo que o homem pensa alheio ao Senhor, é perecível, ou simplesmente vaidade.
Em seguida, o trecho nos coloca diante da expressão “cavar a própria sepultura”, como forma de descrever o final inevitável dos ímpios. Deus jamais esquece Seu povo, e os justos podem se certificar de continuar trilhando o caminho da luz, mesmo após cometerem algum equívoco ou desobediência.
Versículos 16 a 23 – Mas o Senhor é a minha defesa
“Quem será por mim contra os malfeitores? Quem se porá por mim contra os que praticam a iniquidade? Se o Senhor não tivera ido em meu auxílio, a minha alma quase que teria ficado no silêncio. Quando eu disse: O meu pé vacila; a tua benignidade, Senhor, me susteve. Na multidão dos meus pensamentos dentro de mim, as tuas consolações recrearam a minha alma.
Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual forja o mal por uma lei? Eles se ajuntam contra a alma do justo, e condenam o sangue inocente. Mas o Senhor é a minha defesa; e o meu Deus é a rocha do meu refúgio. E trará sobre eles a sua própria iniquidade; e os destruirá na sua própria malícia; o Senhor nosso Deus os destruirá”.
O Senhor é a única defesa consciente e garantida. E aqui o salmista declara que, se o Senhor não o tivesse livrado, este já estaria morto — e assim sua voz já não seria mais ouvida no clamor a Deus. O Altíssimo é quem ouve o clamor dos justos, mesmo que estes não percebam.
O Salmo 94 finaliza com a constatação de quem os ímpios, de fato, são detentores de grande poder. Entretanto, Deus não irá tolerar que o mal se enraíze eternamente em Sua presença; e, um dia, o juízo recairá sobre eles.
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