San Gennaro: o milagre do sangue que ganha vida 3 vezes por ano
Nesse artigo vamos falar de mais um milagre inexplicável que desafia os cientistas há anos. Um milagre não; trata-se, na verdade, de vários acontecimentos extraordinários em torno de San Gennaro, um santo católico que nem mesmo a ciência consegue contradizer e retirar a esfera sobrenatural que gira em torno dele.
“Ter fé é ser mais humano, no sentido mais verdadeiro”
A importância dos milagres
Muitas pessoas mais céticas quando entram em contato com algum dos inúmeros fenômenos religiosos e espirituais, especialmente os católicos, deixam de duvidar dos eventos e passam a questionar o motivo de tais acontecimentos. A verdade é que eles acontecem em todas as religiões e desde o início dos tempos, sendo a explicação mais plausível para a variedade de eventos dessa natureza a continuidade da fé e a demonstração de que o mundo espiritual é real.
“Não percas a tua fé entre as sombras do mundo. Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo. Crê e trabalha. Esforça-te no bem e espera com paciência. Tudo passa e tudo se renova na terra, mas o que vem do céu permanecerá.”
Eu particularmente acho essencial tomarmos conhecimento dessas histórias, pois sabemos que a fé nos chega em ondas. Quando está tudo bem, quando temos o que queremos, fica fácil confiar na espiritualidade e nos sentimos abençoadas. Mas quando a adversidade nos atinge, nossa fé é impactada e pode enfraquecer. Tendemos a achar que estamos sendo injustiçadas, que determinada situação não deveria estar acontecendo e viramos as costas para a espiritualidade com mais facilidade. Porém, sabemos que é justamente na adversidade quando estamos mais amparados pelos espíritos amigos e mais nos desenvolvemos. Então, quando a fé está mais abalada, conhecer histórias milagrosas testemunhadas por muitas pessoas e avaliadas pela ciência nos dá a dimensão real da atividade espiritual que nos rodeia, reforçando nossa crença nos espíritos e sua interferência perfeita no mundo material.
É uma pena que os homens de poder usem esses fenômenos e milagres -dentro e fora do cristianismo- para reforçar sua visão única do mundo, ou seja, atestar que somente a sua narrativa religiosa deve ser aceita e que somente o seu deus é verdadeiro. Mas a realidade é que os fenômenos sobrenaturais são comuns em quase todas as religiões, o que mostra que o mundo espiritual é uma realidade incontestável e que, acima de tudo, todos os caminhos levam a Deus.
Agora vamos conhecer a história de San Gennaro e o milagre de seu sangue? Mais correto seria dizer “os milagres”, pois o fenômeno se repete todos os anos em três datas diferentes desde 1389.
Clique Aqui: Saiba o que é Teurgia – A arte de fazer milagres
Quem foi San Gennaro
São Januário, ou “San Gennaro”, em italiano, é um santo católico padroeiro de Nápoles.
Nascido no séc. II de pais muito pobres, ainda criança San Gennaro sofre sua primeira grande perda: a mãe. Seu pai, relativamente jovem ainda, decide se casar novamente e conta com a ajuda de San Gennaro para sustentar a família. Ainda menino, ele vai trabalhar como guardião de porcos e, logo depois, conhece um eremita da aldeia e começa a frequentar sua capela, recebendo ali instrução cultural e religiosa. Após esse período, pouco se sabe do santo até que ele se torne Bispo de Benevento.
Tudo ia bem até que começam as perseguições de Diocleciano, um imperador romano que entendia o cristianismo como uma ameaça ao império, ordenando a perseguição e morte dos cristãos. Lembrando que, no início, os cristãos praticavam sua religião no território romano, e por isso não reconheciam a divindade do imperador. Por esse motivo foram considerados praticantes de uma religião transgressora, ilícita, que desconsiderava a moralidade e ignorava a divindade do imperador, “obrigando” Diocleciano a restaurar a pureza moral do império através da eliminação dos cristãos.
Iniciadas as perseguições dioclecianas, San Gennaro foi condenado à morte: primeiro passou por uma fornalha, de onde saiu vivo para o espanto de todos. Então, foi jogado às feras no anfiteatro de Pozzuoli, junto com outros companheiros de fé. Entretanto, leões e tigres se deitavam como cordeiros aos pés das vítimas e acariciavam aqueles que deviam devorar, algo jamais visto antes. E lá estava San Gennaro, ainda vivo apesar do fogo e das feras, deixando o imperador ainda mais irado e terminando com sua decapitação. Assim San Gennaro se torna primeiro mártir e depois santo.
Milagres de San Gennaro
Além de se livrar das feras, outros milagres foram creditados a San Gennaro. Um dos primeiros grandes eventos ocorre quando a peste se espalha pela Europa, ceifando milhares de vidas. Porém, pela intercessão de São Gennaro, Nápoles foi libertada da peste e a vida dos moradores foi preservada.
É também através da intervenção de San Gennaro que um menino voltou à vida. O menino estava muito doente e faleceu, para desespero da mãe e da família, que vê na imagem do santo a salvação da criança. Logo após a morte do menino, a família manda buscar uma imagem de San Gennaro que, ao encostar na criança, fez com que ela voltasse à vida.
Conta-se também que a cidade napolitana foi preservada inúmeras vezes de erupções do Vesúvio, um dos únicos vulcões na Europa a ter entrado em erupção nos últimos cem anos.
“Minha fé é no desconhecido, em tudo que não podemos compreender por meio da razão.”
Em função dos milagres realizados por San Gennaro, o local onde ele está sepultado recebeu muitas visitas e presentes, se transformando em uma riqueza de valor incalculável. O tesouro é considerado a maior coleção de pedras preciosas do mundo e supera outras coleções, como as joias do Czar da Rússia e da Coroa Britânica.
A coleção foi enriquecida ao longo dos anos pelas ofertas feitas por papas, reis, imperadores, aristocratas europeus e ricas famílias católicas.
O milagre do sangue de San Gennaro
Dentre os feitos do santo, o mais impressionante é o fenômeno que ocorre com seu sangue. Tudo começou quando, mais de um século depois de sua morte, decidiram trocar o local onde estava sepultado o corpo de San Gennaro e todas as suas relíquias. Foi então que uma senhora entregou entregou ao Bispo da época duas ampolas, onde dentro de cada uma se encontrava o sangue coagulado e seco e San Gennaro.
“Existem apenas duas maneiras de viver a vida. Uma é tal que nada é um milagre. Na outra, tudo o é”
A maneira como essa senhora conseguiu o sangue do santo não é conhecida verdadeiramente, pois muitas histórias diferentes são contadas. O que se sabe é que existia na época da martirização de San Gennaro o costume de guardar o sangue dos mártires, conforme confirmam evidências históricas. É também consenso que esta tal senhora garantiu ao Bispo que se tratava do sangue de San Gennaro, e, como prova da autenticidade da afirmação, o sangue se liquefez diante dos olhos do sacerdote e de uma grande quantidade de fiéis. Esse evento por si só já seria sobrenatural o suficiente para acreditarmos no poder de San Gennaro e sua santidade, mas ele não parou por aí. Desde 1389, o milagre se repete todos os anos diante de milhares de fiéis.
As evidências deste fenômeno são tão numerosas que não deixam margem para dúvidas. O material já foi avaliado por cientistas, que comprovaram que o fenômeno acontece sem a interferência humana, independente de temperatura ou das condições do ambiente. Não é incrível? Século após século o sangue se liquefaz, saindo do estado coagulado e se transformando em líquido novamente. Somente em duas ocasiões o sangue se manteve coagulado: pouco antes da Itália entrar para a II Guerra e em 2015. Para os estudiosos e fiéis, quando o fenômeno não acontece é sinal de que tempos sombrios estão por vir.
Em termos de significado, alguns atribuem ao fenômeno um sentido muito especial: o sangue toma vida novamente em nome de todos os mártires da igreja, especialmente o primeiro e mais famosos deles: Jesus Cristo. É um lembrete, uma afirmação da importância da fé, da oração pelos pecadores e a necessidade de honrar aqueles que entregaram sua vida pela causa divina.
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Quando acontece o milagre do sangue
O sangue de San Gennaro se torna líquido em três ocasiões por ano. Nessas três datas, o bispo (ou algum sacerdote) apresenta o relicário com o sangue santo diante da urna que contém a cabeça de San Gennaro. Segundo manda a tradição, o relicário é agitado e nesse momento a massa de sangue, até então coagulada, se liquefaz. O sangue fica avermelhado e, às vezes, chega a borbulhar, o que é tido como ótimo sinal para o ano que irá iniciar.
As datas são as seguintes:
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No aniversário da transladação dos seus restos mortais para Nápoles
Conforme mencionado, o corpo do santo foi movido de Pozzuoli onde se encontrava desde do ano 305, para Nápoles, por volta de 1400. Essa data é considerada sagrada pois foi quando a senhora apareceu ao Bispo e entregou-lhe as ampolas com o sangue de San Gennaro. Assim, uma vez por ano no sábado anterior ao primeiro domingo de maio, o recipiente onde se encontra o sangue é aberto é acontece a milagrosa transformação que leva a amostra do estado coagulado para o estado líquido.
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Na festa litúrgica de 19 de setembro
Essa é a data onde se comemora o dia de San Gennaro. Sempre nesta data, em Nápoles, a câmara onde repousa o relicário com as ampolas contendo o sangue do santo é aberto e o milagre se realiza novamente.
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No aniversário do milagre que protegeu a região de uma erupção do vulcão Vesúvio
Em 16 de dezembro de 1631, credita-se a San Gennaro um de seus maiores milagres, que é a proteção de toda a região em torno do vulcão Vesúvio (o mesmo que petrificou a cidade de Pompéia). Depois de numerosos eventos premonitórios como o inchaço do solo, pequenos terremotos e a drenagem das fontes, na madrugada de 16 de dezembro de 1631 o vulcão entrou em atividade após um período de inatividade de cerca de 130 anos. Com as evidências da erupção iminente, muitas pessoas buscaram refúgio na cidade de Nápoles, apadrinhada por San Gennaro. Durante o segundo dia da erupção (17 de dezembro), o Arcebispo ordenou uma procissão de intercessão, com a exibição das relíquias de São Gennaro para acalmar a natureza mortal do vulcão. Segundo historiadores e escritores da época, a erupção começou a diminuir justamente quando a estátua do santo foi voltada para o vulcão, poupando milhares de vidas.
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21 de março de 2015
Excepcionalmente nesta data, o sangue de San Gennaro se liquefez nas mãos do Papa Francisco, apesar de fora das três ocasiões tradicionais em que o fenômeno costuma acontecer.
Impressionante, não? Você já conhecia a história por trás desse santo que dá o nome a uma das maiores e mais gostosas festas da cidade de São Paulo?
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